Capítulo Dois Arborícolas

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Duas horas se passaram e eles se afastaram cerca de dez tiros de arco, logo avistaram o Pilar de Marfim, uma poderosa proteção criada por Éden ao redor das terras purificadas, bem na saída, depois dali só a escuridão das terras possuídas pelo mestre do laço.

        — Chegamos — disse o leão, que representava esperança. — Não podemos passar deste ponto, senão seremos dominados pela tristeza e ficaremos presos na maldade.

        O outro leão, consignado à fé e favorável à bondade, comentou:

        — Não há evidências do propósito que possa ou não acontecer, de uma coisa estejam certos, a terra escura é um mar povoado de monstros e plantas diabólicas, com águas que fervem em determinados pontos e se precipitam num abismo, como uma grande cachoeira e os seis com o dom enfrentaram os desafios e as piores tarefas pioneiras de Maldemon, fiquem atentos e se inspirem nos objetos, a única fonte de energia.

        — A tarefa será ariscada, se um fracassar, todos fracassarão e se um desistir, todos desistirão. Então, desfrutem do que lhes foi dado e não corram quando o perigo vier à frente e não desistam quando tudo parecer perdido. Agradecemos pela ajuda, Fé e Esperança — rugiu o leão, carinhoso e astucioso.

      — Não se preocupem, tudo vai dar certo. — Vociferou Odroel, com uma qualidade relevante e proeminente.

       O leão olhou para Odroel.

        — Vão agora, e sigam pelos túneis que os levarão diretamente para Brâmane, a entrada fica logo depois dessa floresta.

Evidentemente nossos jovens partiram para uma montanha desconhecida, a fim de cumprir sua missão e acabar com o mal, trazendo paz para o mundo novamente. Só que o que eles viram à frente causou um dano emocional. As árvores, a terra, as rochas estavam mortas, os galhos, as folhas soberanas estavam cinzas, sem cor e podres, os danos causados por Maldemon se estendiam em toda a terra escura, tudo parecia sem atividade, não se via vida verde, apenas a secura devastadora de uma terra triste, sombria. Cipós diabólicos escoavam sobre as pedras e rios fatídicos cheios de impurezas e agressividade. Viver naquela parte parecia impossível e sem sentido, o lugar era frio e amargurado, os sonhos acabavam para aqueles sem fé.

      — Mantenham os objetos em punho — disse Odroel.

      Os outros pareciam totalmente inertes.

      — Que horrível! — exclamou Ennalfine, ávida.

      — É de dar arrepios — sussurrou Annael, encrespada.

     — Quanta maldade! — resmungou Senaril, amarrotando uma folha, totalmente enxuta.

      Iurandal parou bruscamente de frente a uma árvore de formato estranho e teve a sensação de que ela estivesse se movendo.

       — Essa é a floresta das árvores uivantes — disse ele.

        — Vamos sair logo daqui, não quero passar a noite por essas bandas — proferiu Senaril, mexendo as orelhas compridas e finas.

      E eles foram se infiltrando cada vez mais na floresta, passando por rochas e árvores atrozes, logo depois estava à passagem para Húngara.

       A três Quilômetros daquele lugar ficava Grinfendia, onde um exército de dois mil infantes, dois mil cavaleiros e mais de dez mil soldados decidiam o destino de Mindron, sem o consentimento da Grande Mãe. Usavam corseletes, ligeiramente sobre o peito. Protegiam-se com capacetes e escudos, armados de lanças, espadas, arco e flechas e relhas de ferro. Acima guerreiros em grifos, seres metade águia e metade leão, armados com fundas. Mais acima em um rochedo, guerreiros em cavalos alados, possuindo nas mãos flechas e atiradeiras, se preparavam para a luta.

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