Azzerutan

Capítulo Cinco Torre Náutila

A noite ia se passando devagar, Odroel e Ogum estavam de vigia. Os dois deslizaram na encosta da caverna e avistaram os Lubins e Sentinelas acampados nas proximidades. Aquelas criaturas eram horríveis, não se assemelhavam a nada criado pela natureza, eram absolutamente hediondos, ridiculamente grotescos, tanto na cara quanto na forma, adquiriram conhecimento, esperteza e lealdade ao seu criador. Aquele aspecto negativo e repulsivo causava enjoos. Eles brigavam, dançavam e faziam muito barulho. O que diferenciava aquelas criaturas nojentas eram suas estaturas. Os Lubins eram pequenos e tinham orelhas pontudas. Os Carrascos eram de estatura mediana e suas orelhas redondas como peteca. As Sentinelas bem maiores e suas caras possuíam cicatrizes. Já os Gangsteres eram bem maiores. Tinham pés grandes e mãos pequenas. Junto a eles apareciam umas criaturas ainda mais arrepiantes, tinham formas de grandes cachorros selvagens, com muitos pelos, unhas afiadas e dentes pontudos de uma cor avermelhada.

— Que coisas são aquelas? — perguntou Odroel a Ogum.

— Aquelas são as Ofirs, elas são cães de guarda. Dizem que elas não dormem. É uma raça altamente perigosa, temos que ter cuidado com elas.

— Já tinha ouvido falar delas e dos Lubins. — disse Odroel.

— Escutei Áquilas falando que matara uma dessas criaturas feias, anos atrás.

Ogum caminhou na encosta da caverna.

— Elas odeiam luz — disse. — Foram criadas pelo coração de pedra, assim como as outras criaturas misteriosas e malignas.

— O coração de pedra é muito maldoso e cruel — disse Odroel, triste.

Ogum mexeu com a boca.

— Mas nem sempre foi assim — explicou. — Lembro como tudo começou. Antes de partir, o grande Olorum fez uma reunião em um conselho para escolher um novo rei ou rainha de Mindron. Entre os escolhidos estavam eu, Éden, Faulora, Zamus, Maldemon e outros. Éramos unidos e lutávamos pelo bem-estar de todos os habitantes. Tudo era lindo, alegre e vivíamos felizes. Porém, Maldemon começou a despertar inveja e outros interesses. Ele pensou que seria o escolhido e que iria controlar-nos. Mas quando todos votaram em Faulora, ele se zangou, abandonou o conselho e desapareceu. Temendo o pior, Éden criou cinco amuletos de poder para proteger Mindron. Mas de alguma forma, o coração de pedra encontrou um jeito para destruir três dos corações. No entanto, antes que ele conseguisse destruir os dois últimos corações, Éden voltou a construir novos amuletos, dessa vez os Pilares de Marfim, que juntos aos corações impedem qualquer ser, com pensamentos negativos, de entrar nas nossas terras. Só que Éden sumira, mas antes disso ele e Faulora conseguiram elaborar três novos corações incapazes de serem quebrados. Azzerutan juntou todos os seus poderes para finalizar esse projeto.

No Santuário Otnas, Azzerutan convocara Áquilas. Faulora não queria que ninguém morresse, um mundo cheio de paz e alegria era o que ela pedia e rezava todos os dias. Só que agora a situação era outra totalmente diferente e a única coisa que ela podia fazer era ajudar, usando seus poderes para proteger todos. O Santuário era bem grande todo pintado de dourado, com imagens de Éden e de coisas boas, vários objetos de ouro projetavam-se. O Santuário fora um dos primeiros monumentos criado por Éden. 

— Convoquei-os aqui para lhes desejar sorte — começou ela, andando na frente deles que se mantinham de joelhos com a mão direita no peito. Deitado do lado de Faulora havia um lindo cervo e mais à frente em um pedestal uma caixinha dourada. — Será uma longa jornada,enfrentaram muitos perigos, passaram fome, se arrependeram, contudo, ganharam a batalha, porque os corações de vocês são puros e cheio de bondade. A felicidade de todos é a única coisa que eu quero nesse momento, já chorei e sofri muito com essas sombras que querem dominar Mindron, o senhor do laço não pode ficar entre nós. — A Grande Mãe olhou nos olhos de Áquilas profundamente e ele respirou.