Capítulo Oito Cavaleiros Sem Rostos

75 40 2
                                    

No convés havia grandes barris que foram levados para a amurada e abertos, de dentro deles saiu uma fumaça que aos poucos envolveu todos os navios, deixando-os escondidos.

— Os pegaremos de surpresa — falou Áquilas feliz. — Maldemon não sabe com quem está lidando.

Guimel adorou a ideia.

— Em postos — disse ele para seus homens. — Não temam, nós venceremos o mal. Porque Azzerutan está do nosso lado.

Quando ele terminou de dizer isso, a bonina de Ennalfine se soltou de seus cabelos e saiu flutuando e do nada ela se transforma em várias pétalas rosas e brancas que foram cobrindo os cascos dos doze navios. Aquelas pétalas eram magia de Azzerutan para levá-los despercebidos ao lado norte onde o exército sem rosto os esperavam para a batalha decisiva por Mindron.

— É Azzerutan — gritou Ogum. — Ela vai nos guiar para o norte, para além das montanhas.

— Sim — disse Ennalfine. — Ela vai nos guiar.

— É lá que está a Torre? — Perguntou Dres.

— Sim — disse Ogum, sábio.

— Nossa mãe sabe o que faz — disse Odroel.

— Sim, ela é única e genial — falou Dres, animado.

— Ela quer que você coloque o segundo coração no pedestal. — falou Guimel, olhando para os corações.

As poderosas pétalas levantaram os navios, que pareciam plumas no ar. Os navios sumiram nos nevoeiros sem serem notados pelo inimigo. Quando o nevoeiro sumiu, Argali ficou estupefato, pois não havia ninguém no rio, a não ser uma grande tristeza e maldade. Algumas sereias desesperadas voavam sem direção.

— Onde estão eles, sua rapinante? — perguntou Argali para a ave.

— Akaaa! — exclamou ela. — Eles nos massacraram, ekaaa, nojentos.

Argali a olhou zangado.

— Eles voaram!

— Como sua asquerosa?

A sereia cuspiu.

— Pétalas!

— Pétalas! — repetiu Argali, surpreso.

— Sim! — gritou a ave, demoníaca.

— Azzerutan! — disse ele, zangado. — Vigiem tudo, todas as fronteiras. Ninguém passará vivo por aqui. Matem todos. Procurem rápido.

Os grandes navios sobrevoaram acima das nuvens, se deslocando sem ninguém perceber as suas presenças, passaram por cima de florestas, montanhas, rios e pântanos até chegarem numa grande floresta, a Floresta Cinza a maior de Mindron, ali guerreiros cobertos de armaduras de ferro, e sem rostos se encontravam montados em lagartos gigantes. Aqueles guerreiros não tinham rastros, eram ágeis e inteligentes. E lutariam pela libertação do seu mundo.

— Bem vindos, filhos de Faulora — disse o cavaleiro chefe. — Iremos lutar juntos nesse grande confronto. Estamos prontos para a grande batalha, que decidirá o destino de tudo. Nossa grande Rainha Rei nos enviou nessa missão e nós sairemos vencedores.

— Então, os enviou? — perguntou Guimel, olhando para os lagartos.

O chefe virou a cabeça para Guimel.

— Sim, e juntos venceremos a guerra, pois precisarão de toda ajuda possível.

Áquilas deu um tapa no ar:

— Toda ajuda é bem-vinda.

— Pensei que vocês não existiam mais — disse Ogum, curioso.

A grande lâmina na cintura do chefe brilhou.

— Antes de tudo, seria uma má educação não me apresentar — ele virou a cabeça sem olhos, nariz e boca —, meu nome é Dauinj, sou o guardião dos últimos cavaleiros sem rosto.

— O prazer é todo nosso — disse Guimel.

Os outros também se apresentaram. Eles passaram aquele dia e a noite planejando tudo para no dia seguinte o ataque ser perfeito, sem erros e sem mortes. O guerreiro sem rosto conversou com Áquilas, com Guimel e depois com os jovens.

— A missão de vocês é outra. Será menos perigoso se seguirem por outro caminho, daremos cobertura a vocês — disse ele para os jovens.

Ogum olhou pra Dauinj.

— Você adivinhou nossos planos — disse o lince, tentando entender de onde a voz do cavaleiro sem rosto saia.

— Sim — confirmou o sem rosto. — Selecionei três guerreiros meus para acompanhá-los. Eles foram treinados pra defendê-los. E nunca dormem e muito menos se cansam.

Os guerreiros alimentaram os animais, comeram e depois foram descansar.

— Se preparem porque amanhã será o dia da grande decisão — gritou Áquilas. — O dia em que Maldemon cairá por terra, o início de uma nova fase, onde nossa Rainha Rei poderá caminhar por todos os lugares.

Guimel se virou para seus servos.

— Maldemon não governará mais essas terras, porque ele as roubou. Além disso, ele tem que pagar por suas maldades.

Os guerreiros aplaudiram, gritaram e pularam.

— O fim de Maldemon está próximo — disse Áquilas, cheio de esperança.

AzzerutanOnde histórias criam vida. Descubra agora