Capítulo Dez

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Minha cabeça está apoiada ao travesseiro quando acordo. Vejo as taças com resquícios de vinho seco no vidro, e estranho imediatamente: não lembro-me de ter bebido. Lembro de muitas coisas, principalmente da razão que me fez vir para cá.

Fecho os olhos com força, quero tento esquecer.

— Ei. — ouço a voz de Zack na porta do quarto. — Ressaca?

— Lembranças. — dou um sorriso sem graça e levanto-me até o banheiro, onde escovo os dentes. Ao voltar, ele me encara com uma expressão nada boa.

— Preciso conversar com você.

— Posso ao menos tomar café antes? Notícias ruins fazem com que eu perca o apetite. — informo-o e sinto-o me acompanhando pelo corredor.

— Como sabe que é uma notícia ruim? Henry já te contou?

— Não. Mas desde que cheguei aqui, não tive uma notícia boa, portanto, suponho que seja ruim.

Sento à mesa com algumas dores no corpo, parece que dancei a noite toda, ou, melhor, que dançaram em cima de mim.

— Henry entrou em contato com o paparazzi e... bem, ele se dispôs a fazer o que pedimos.

Ergo uma sobrancelha assim que levo a xícara de café fulminante até meus lábios.

— Com que preço?

— Ele quer que o nome dela esteja na matéria, e não da revista pela qual trabalha. Um oportunista com sonhos de grandeza, já lidei com gente assim.

— Por mim, tudo bem.

Zack pigarreia.

— Acontece que, se meu pai o processar, ele pode expor que tudo foi armação para sair ileso... em parte.

Paro de mastigar e o olho.

— O suborne, ora. Ele terá dinheiro com essa matéria, pode pagar o melhor dos advogados. E, além disso, ele não tem provas... — com o silêncio de Zack, eu pergunto: — ou tem? Zack, ele tem?

— As conversas. Henry não se atentou a isso na hora. No entanto... consegui convencê-lo a apenas publicar as fotos tiradas ANTES do seu herói sarcástico chegar. — revira os olhos ao citar Isaac.

É quase cômico saber que mais alguém não gosta dele.

— Ele é uma pessoa incrível, Zack.

— Eu sei disso, soube pela forma em que ele quase quebrou minha cara para te livrar. — ele arregala os olhos, já se levantando. — Quase ia me esquecendo! Hanna deixou uma coisa para você.

Petrifico na cadeira e sinto a comida de repente ficar amarga em minha boca. Espero até que Zack retorne com um papel que aparenta ser um documento e uma carta.

Leio primeiro a carta.

Maya, não irei me desculpar pelo que aconteceu porque estou com tanta raiva de mim quanto você. Confundi as coisas com Isaac uma só vez, e arruinei muita coisa por causa disso. Passei tanto tempo sentindo sua falta que agarrei-me em partes de você, e, bem, Thomas e Isaac tinham muito das suas pequenas manias. Isso não justifica, é claro. Só quero deixar claro que isso não significou nada para nós dois. Foi irrelevante. E passou, contei porque você merecia saber e, quanto mais cedo sentir raiva de mim, mais rápido passará. Entendo sua raiva, e sinto muito por isso.

Acabei me esquecendo de contar uma coisa para você quando citou sua casa: alguns meses após sua partida, ela foi vencida para uma família, os Monroe. Tentei reavê-la ontem a noite logo após sua ida. E consegui, Maya, eu a comprei para você. Por favor, aceite-a.

Te Esperar Valeu A Pena [Clichê sáfico✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora