Capítulo 4

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Jason's POV

A fofoca se espalhou mais rápido do que eu imaginava. Ontem a noite, na fogueira, os sussurros começaram. Piper e eu éramos muito unidos, estávamos sempre de chamego, o típico casal meloso que quem está perto reclama de sermos assim, então quando cada um estava para um lado, com uma expressão nada feliz, sem nem ao menos nos olharmos, todo mundo achou estranho.

Foi estranho vê-la e me manter distante, mas pelo visto preciso me acostumar com isso. Ela não ficou muito tempo, eu sei que porque meus olhos não paravam de acompanhar cada movimento dela, patético, eu sei. Passei o último dia e essa noite revisando os momentos do nosso namoro, tentando entender exatamente o quê deu errado, quando aconteceu, o que eu poderia ter feito diferente.

Eu sei que não me expressava muito no início, e mesmo Piper sendo uma garota discreta, ela gostava de demonstrações públicas e palavras de afirmação, então passei a tentar garantir que ela soubesse o que eu sentia, como eu estava feliz no nosso namoro, sempre planejei encontros simples e românticos para nós dois, quando tinha um problema ela era a pessoa que eu buscava, porque aprendi a me abrir com ela, e achava que ela se sentia assim sobre mim.

Eu deveria ter sido mais atencioso? Ter me expressado mais? Bem, ainda não descobri como ou o quê, mas eu falhei em alguma coisa e estraguei tudo. Queria que ela ao menos me contasse direito, porque seu discurso de término não me disse muito. É claro que ela disse que o problema não era eu, que ela estava confusa e insegura mas que eu não tinha feito nada, mas isso é o que todos dizem em um término, não é?

O ponto é que quando cheguei no pavilhão principal, as conversas até se interromperam, então já desconfio de qual era o assunto. Cada segundo do café da manhã foi uma tortura, eu me senti dentro de uma jaula de zoológico enquanto todos me assistiam. Piper foi mais esperta que eu, ela ao menos não compareceu no café da manhã, se eu soubesse que seria tão ruim, também teria faltado, não achei que a fofoca iria correr tanto durante a madrugada.

Mal toco na comida, e graças aos deuses logo alguém toca no meu ombro me tirando dos meus próprios pensamentos. Encontro Percy me olhando com uma expressão séria, ele sempre come depressa também, acho que porque nós dois somos os únicos a ter a mesa só para nós, é solitário então nunca enrolamos muito, e olha que esse cara come por três pessoas.

— Quer sair daqui?

— Por favor.

Levanto da mesa ignorando todos os olhares, normalmente os campistas sempre estão de olho no que Percy ou eu fazemos, mas não acho que é por isso que estão olhando dessa vez. Ele me guia sem puxar muito assunto até a arena, e olho para ele sem entender porque aqui.

— Você precisa de distração. — ele explica — E tentar acertar alguma coisa. Achei que seria uma boa ideia, você tenta me vencer, e se distrai tentando não ser humilhado por mim.

A provocação desperta aquele senso competitivo dentro de mim, o meu lado ainda não lida muito bem com um grego insinuando ser melhor que eu. Entendo imediatamente porque Percy fez isso, porque realmente me distrai. Quase sorrio com isso, esse idiota genial. Acho que ninguém esperava que Percy e eu ficássemos tão amigos quando a guerra acabou, mas fui para a mesma escola que ele, graças ao seu padrasto, e várias vezes acabei indo jantar na casa deles. Me mudar para Nova York foi uma grande mudança, e ele e sua família me ajudaram a me adaptar, me acolheram muito bem, a mesma coisa com a Piper. A gente ainda se implica muito, mas é divertido. Pude ajudar ele no início, quando o trauma do seu período no tártaro o pegava de surpresa em algumas ocasiões e ele começava a ter um ataque de pânico, no geral era sempre um ajudando o outro, mesmo ele estando um ano na minha frente.

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