Capítulo 1 🕷️

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- Que belo desastre, hein!

- É! Eu sei! - respondo rapidamente.
Sinto sua presença se aproximar.

- Até que você se saiu bem.

Ignoro suas palavras e continuo servindo meu suco de laranja. Sento-me na mesa depois de por minhas torradas no prato. Ela se aproxima com cuidado e para em frente a mesa, suas patas metálicas começam a se movimentar, enquanto uma serve o suco, outra prepara seu prato com uma porção de frutas.

"O que ela está fazendo?"

- Tomando meu café da manhã. O que mais eu estaria fazendo?

Sou repreendida distraidamente. Cassandra tem várias habilidades, projeção astral, clarividência, precognição e imortalidade, mas o que me irrita mesmo, é a telepatia. Sua habilidade de ler mentes é extremamente invasiva. É como se vivêssemos naquele filme Mundo em Caos. Privacidade mental? Nenhuma!

- E você pode tomar café da manhã? - pergunto cautelosamente.

- Não é comigo que você tem que se preocupar! - ela responde colocando um pedaço enorme de melancia na sua boca - Hum! - ela mastiga com vontade, como se fosse a sua última refeição, e talvez seja essa semana ou esse mês, eu não sei, mas tenho certeza que ela sabe - Só se fala da sua luta hilária com aquela garota esquisita e do prejuízo que causaram na joalheria.

- Coelha Branca. - finalizo.

- Quem é que usa coelhos genéticamente modificados como armas assassina? Na minha época as coisas eram bem mais divertidas.

A ignoro por uns segundos e foco no que a tal Coelha Branca repetia:
"As portas se abriram! As portas se abriram!" acompanhada de uma risada estranha que parecia mais um grunhindo.

- Eu sabia que isso ia acontecer! - ela interrompe meus pensamentos - Eu sabia! Eu vi aquela ruiva com cara de nojo várias e várias vezes. Também vi aquele casal estranho e a linha do tempo. Sem falar no galã de capa. Ela te disse mais alguma coisa?

- Não! Na verdade não. Mas acho que ela estava ali por minha causa, pelo colar na verdade. Ela tentou pegar algumas vezes.

- Ah! Você acha? - o ar sarcástico se expande pela sala - Óbvio que ela estava ali por sua causa!

Seu tom de voz aumenta ao terminar a frase. Sinto rua irritabilidade e preocupação de longe. Depois de alguns segundos se recompondo, percebo sua atenção em mim.

- Gwen. Gwen. Gwen. - sua voz é calma, mas firme - Sabe porque eu escolhi você? Porque você é mais que um rostinho bonito e você já me provou isso. Então, não faça eu me arrepender.

Não revido! Engulo seco suas palavras e continuamos nossa refeição em silêncio. Cassandra sempre me alertou sobre isso. Sobre pessoas desejarem meu colar. No começo foi tudo muito confuso, mas depois as coisas começaram a fazer sentido. Quem diria que com um pingente de um centímetro e meio, eu conseguiria atravessar outras realidades. E foi assim que eu reencontrei o Peter.

- Você precisa falar com ele. - ela afirma cuidadosamente, mas de modo firme.

- Dá pra você parar, por favor! - exclamo alto batendo uma das mãos na mesa.

- Nova Iorque precisa do Peter. Ele precisa de você. Qual a dificuldade de entender isso?

- Qual a dificuldade? Qual a dificuldade? Eu não posso simplesmente chegar nele e dizer oi Peter! É a Gwen. Como você está? Então, eu morri, mas sobrevivi e agora eu sou uma super heroína assim como você.

- Você estaria sendo honesta com ele.

- Honesta? Sério que você usou essa palavra? - solto uma risada espontânea - Aposto que você nem sabe o significado dessa palavra.

- Pelo que eu me lembre, ele está nessa situação por sua causa. Nova Iorque está nessa situação por sua causa e eu nem preciso dizer o porquê. O mínimo que você poderia fazer é ser honesta com ele e não deixar ele se culpando por algo que ele não fez. - seu tom de voz é ríspido. Suas patas metálicas se movimetam a cada palavra que sai da sua boca - Você sabe muito bem o que fazer.

Levanto-me da mesa e caminho em direção ao quarto. Tento segurar as lágrimas, mas a tentativa é falha. Fecho a porta e sento-me na cama, olho para minha cabeceira, uma foto da minha formatura, uma foto da minha família, uma foto do "eu te amo" escrito na ponte do Brooklyn e uma foto nossa. Peter fazendo careta e eu sorrindo ao seu lado. A nossa foto favorita.
Talvez Cassandra esteja certa. Eu posso não estar sendo honesta comigo mesma, mas o Peter não merece isso. Não merece passar a vida toda sentindo raiva, amargura, culpa por minha causa. Eu quis ajudá-lo e acabei acabando com sua vida. Eu o deixei perdido. Tirei a esperança que o ensinei a ter. Fomos quebrados como uma promessa.


Espero que tenham entendido algumas referências :)
Como diz a minha professora: não se faz uma narrativa boa entregando tudo de bandeja. Então, espero que tenham paciência para compreender o que vem por aí. Boa noite e espero que gostem 😘

Spider Gwen -  The ReunionOnde histórias criam vida. Descubra agora