Capítulo doze.

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— Bom dia, Janice! — Exclamei ao chegar na cozinha.

— Bom dia. — Ela me sorriu. — Como dormiu? — parou para reparar em mim; os olhos apertados e o cenho franzido— Isto é... Se você dormiu. — Ela sorriu, encarando os carimbos da boca de John em meu pescoço.

Tentei cobrir com maquiagem, mas não fora suficiente.

— Dormi muito bem, obrigada! — Puxei uma cadeira e sentei-me à mesa.

— John sabe que você saiu ontem?

— Sai? Mas eu não-...

— E onde arrumou essas coisas que estão aí em seu pescoço? — Ela me lançou um olhar certeiro de "te peguei".

— Bem... — Eu sorri amarelo, encolhendo os ombros. — Pra você eu não posso mentir. Eu saí, mas foi rápido, eu juro!

— Entendi... — Ela concordou balançando a cabeça levemente.

— Bom dia, Janice. — A voz de John quase me fez saltar da cadeira, entretanto mantive o meu corpo quieto e a respiração controlada.

  Ele me pareceu ainda mais tentador depois da noite passada, ainda que estivesse igual aos dias anteriores: Terno, cabelo perfeitinho sem um fio fora do lugar...

— Bom dia, senhor.

— Pode servir o meu café? — Ele passou por mim, seu olhar malicioso queimando o meu rosto.

— Claro. — Ela acatou e virou-se para alcançar a cafeteira sob o balcão.

John sentou-se de frente para mim, como de costume.

— Bom dia, Rachel. — Disse sério, também como de costume.

— Bom dia, John. Como dormiu?

— Muito bem, como não dormia há tempos.

— Sério? — Um beicinho surpreso apareceu em minha boca.

— Sim. Espero que isso possa acontecer mais vezes. — E me sorriu sem mostrar os dentes, pura malícia escorrendo por entre seus lábios e olhos perfeitos. Cínico.

— Aqui está seu café, senhor. — Janice serviu John numa xícara branca de porcelana, depois lhe entregou seu jornal atualizado.

— Obrigado, Janice.

— Não vai comer nada antes de ir, querida? — Me perguntou Janice.

— Não, eu como qualquer com a Clair, tô sem fome. — Lhe sorri amarelo.

— Tudo bem. — Ela concordou e se retirou da cozinha em seguida.

Os olhos de John acompanharam a sua saída, e após isso, voltaram-se para mim. Me encarando, me assistindo; ele devia estar pensando na noite passada, ou talvez estivesse me julgando.

— Quer me dizer alguma coisa? — Levantei-me.

— Não — John se levantou e aproximou-se sem cautela alguma.

  Estava perto demais.

— Tem certeza? — Lhe dei um selinho, de olhos abertos, perseguindo os seus olhos confusos.

— Só... Que vou chegar um pouco mais tarde hoje. — Ele pigarreou, tomando uma curta distância.

— Tudo bem. — Dei de ombros. — Você pode tentar falar com a minha mãe?

— Com a sua mãe? Falar o que exatamente?

— Só procure saber se ela está bem.

— Posso fazer isso. — Fez que sim com a cabeça.

ATRAÇÃO PERIGOSA | Keanu ReevesOnde histórias criam vida. Descubra agora