Capítulo Treze.

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Secos e menos bagunçados, John e eu estávamos em seu quarto. O silêncio caiu no cômodo. E após a calmaria, percebi John pensativo, distante.

Seus suspiros altos a cada pensamento enervante estavam me irritando.

— Tudo bem? — Indaguei, assistindo-o enquanto amarrando seu roupão branco em meu corpo. Não caiu feito uma luva, entretanto serviu. Eu só teria que tomar cuidado para não me perder lá dentro.

— Tudo. — Suspirou. — Só estou... Pensando.

— Posso saber em que?

— São muitas coisas. — Ele deu de ombros.

— Ah. — Vagamente balancei a cabeça.

— Você já falou com a sua mãe?

— Já, ela-... Ela me mandou um vídeo estranho e se despediu. Você sabia?

— É, é, sabia — John pigarreou. — Por cima.

— Isso foi estranho. Ela me pediu pra não me preocupar, mas... Se eu não preciso me preocupar, porque me pedir isso? Era só não dizer.

— Rachel, você não acha que está se preocupando demais? Criar teorias irá consumir você.

— Ela é minha mãe, é normal que eu me preocupe com todo esse mistério. Mandar um vídeo? O que ela é? Uma espiã? — Ri incredulamente.

— Eu sei, eu sei, você tem razão. Mas... Tenta confiar nela, sim? Sua mãe logo estará de volta.

Não adiantaria discutir com ele. Eu ainda criaria teorias, ainda seria imprudente e... Seria eu.

— Tem razão. — Retruquei. — Ela volta logo.

Eu não esqueceria tão fácil que agora John se tornara mentiroso. Eu ainda tinha em mente procurar, investigar até encontrar a pedra do seu sapato; isso incluía confiar de olhos abertos. Não, ele não tinha razão!

— E... Essa sua tatuagem enorme nas costas? — Tentei mudar de assunto, mas fui desagradavelmente óbvia.

— É uma história muito longa. Prometo contar depois. — John parou e ponderou por alguns minutos. — Rachel... Desde que o seu pai morreu, existem pendências em seu nome.

— Pendências?

— É. Você não recebeu a sua herança, nada do que ele te deixou. Sua mãe acha que isso deve mudar, e eu também. Você precisa ser independente.

— Eu não quis pensar nisso quando ele morreu...

— É importante que saiba que ele te deixou muitas coisas, Rachel... Poder! Isso significa responsabilidade.

— Você está parecendo minha mãe, sabia?

— Bem, isso seria estranho... Acabamos de transar. — Brincou, me arrancando uma risada seca. — Estou falando Sério, Rachel. Está na hora de pegar o que é seu por direito.

— Tá, tá bem! Eu não quero pensar nisso agora, John. Amanhã conversamos sobre isso.

  Eu não podia evitar ficar ansiosa com isso. Entretanto, adiar nunca funcionou.

— Amanhã farei uma viagem a trabalho— Disse, e sentou-se na ponta da cama. As pernas meio abertas e aquela postura ereta.

— Onde vai?

— Fica há umas 4 horas e meia de carro, ainda em Nova York.

— Quanto tempo você vai ficar?

— Vou amanhã e retorno na tarde seguinte.

— Hum... E você vai sozinho? — Perguntei como quem não quer nada, mas o franzir de sobrancelhas de John entregou que ele soube das intenções por trás da minha "ingênua" pergunta.

ATRAÇÃO PERIGOSA | Keanu ReevesOnde histórias criam vida. Descubra agora