ATRAÇÃO PERIGOSA | Keanu Reeves

Capítulo Quinze.

Voltei para casa quando já se passavam das 20:00. Não era o planejado, pois eu realmente pensava em voltar muito mais tarde. Porém não queria ter que lidar com John, seus surtos e sua insanidade imensurável. 

E Claire estava insuportável. Após um jantar ela insistiu em sair para beber, mas eu não estava tão animada com a ideia. 

Eu pensei que o encontraria na companhia do velho whisky, ou trancafiado em seu escritório. Mas a sala estava escura e vazia, e a luz do escritório, apagada. 

Eu ainda não consegui entender o que o fez agir daquela maneira. Passei horas do meu dia com meus pensamentos nele. Eu estava irritada, furiosa, exausta. 

Cogitei subir para o meu quarto, porém ouvi o que se parecia muito com gemidos de dor e soluços graves; tudo me levaria à garagem. Então cessei meus passos, joguei minha bolsa no sofá da sala e sem pensar muito, rumei até a garagem. 

A maneira como seus ombros empurravam para trás, seu cabelo escuro penteado para longe de seu rosto, coxas fortes ligeiramente dobradas como se fossem saltar em minha direção a qualquer momento... 

E antes fosse, porque ele estava quente como o inferno; porém, sua atenção estava totalmente voltada para o saco de pancada à sua frente. Socos, chutes e tudo o que sua raiva aparente quisesse usar para castigar o objeto bruto.

Ele me fez sentir um pouco... inadequada. 

— Onde estava, Rachel? — Ele perguntou e meu coração acelerou no peito. 

Não, ele não gritou. Ele não era rude. Ele foi tão indiferente que, se eu estivesse mais um tanto concentrada em seus movimentos ágeis, talvez não tivesse percebido. 

— Por aí. — Dei de ombros. 

— Hum, por aí — Ele deu uma risada seca, golpeando o saco de pancadas com um murro forte. 

— Isso não é por minha causa, é? 

— Não só por sua causa, se isso de dizer se sentir melhor. 

— Eu não fiz nada. Sou eu quem deveria estar socando alguma coisa, por sua causa. 

— Sério? — Ele enfim me olhou. O rosto por inteiro suado e reluzente. — Você gostaria de tentar? — John apontou para o saco de pancadas com um leve aceno de cabeça. Ele estava ofegante e irritado. 

— Estou de jeans, isso não vai funcionar. 

— Então tire. — John sugeriu. Sério e ardiloso. Ele sorriu, o canto dos lábios se contraindo. 

— Você não está falando sério... 

— Por que não? Você quem disse que deveria estar socando alguma coisa. — Ele deu de ombros, cerrando os olhos e balançando a cabeça como se não me entendesse. 

— Fingir que nada aconteceu é parte do seu plano para me fazer tirar a roupa? 

— Se você não quiser tirar, eu posso ajudá-la com isso. 

— Que joguinho mais idiota, John... 

— O que? Não consegue socar um saco de pancadas? Eu posso ensinar. 

— Eu consigo! Mas não preciso provar nada pra você, John. — Cruzei os braços contra o peito. John estava me deixando nervosa. 

Ele não se recordava do que havia acontecido há apenas algumas horas atrás? 

— Então venha aqui e libere a raiva que está sentindo de mim. 

Idiota. 

Eu me movi lenta e preguiçosamente para alcançá-lo. E tão perto dele, a diferença de altura era intimidante.