Capítulo Quatorze.

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— John me mandou para ver se está tudo bem — Disse Emilly quando abri a porta após suas investidas exageradas na campainha.

Ela foi logo se jogando no sofá como se fosse a dona de tudo. O que mais me irritou foi seu sorrisinho cínico e convencido. O que ela queria com tudo aquilo?

E sorrindo amigavelmente, jurei transar com John naquele mesmo sofá. 

— Bem, como pode ver: — Olhei a nossa volta. — Tudo bem. — E dei de ombros.

— Por que será que ele me chamou aqui então? — Emilly tirou alguns segundos para me medir; juro que havia asco em quase todo seu rosto reformado.

— Sou eu quem deveria saber?

— Você deve ter aprontado alguma, não é? — Ela riu.

— Não... Talvez John se preocupe comigo, ué. Ele não tem motivos para desconfiar, nos damos tão bem...— Retruquei inocentemente; meus lábios retraídos em um biquinho mimado.

— Se dão bem?! — Ela quase vociferou, entretanto a personagem controlou a voz antes que tudo estivesse perdido.

— É, é claro — Concordei com a cabeça. — Ele no canto dele, e eu no meu. John é muito preservado.

Emilly suspirou de alívio, e sorriu amplamente. Ela parecia mesmo estar orgulhosa.

— E... Quando é que você vai embora?

— Ainda incomodada? — Sentei-me no sofá á sua frente e cruzei as pernas, sorrindo com desdém.

— Não, não! — Ela riu nervosamente. — Só... Só estou perguntando. Lidar com jovens deve ser tão cansativo...

— É melhor lidar com senhoras da sua idade? — Eu pensei em questionar, e depois minha boca agiu como se eu não tivesse controle sobre ela.

E vendo que seu rosto desmanchou-se de surpresa, decidi não contornar a situação. Ela estava ofendida e eu adorei não ter que fingir mais.

— Você nunca me enganou — Murmurou, levantando-se e caminhando lentamente, como se quisesse me intimidar.

Não conseguiu.

— Desculpe, mas... Sequer tentei. — Eu dei de ombros e sorri amplamente. Isso soou mais perverso que o planejado. Foda-se.

— Você não gosta de mim, não é? — Ela cerrou os olhos em reprovação e cruzou os braços contra o peito.

— Olha... Você quem começou a insinuar coisas. Talvez pela sua insegurança, sei lá, isso não me importa! Mas, me magoou muito o fato de você pensar essas coisas de mim, sabe? — Encolhi os ombros, docemente sorri para ela.

Fato: Se existisse uma premiação para intitular a mulher mais cínica do mundo, eu estaria em primeiro lugar; Emilly logo em segundo.

— Você não sabe com quem... Com o que está lidando, querida. — Ela disse entre-dentes. A veia saltada na testa e o rosto ruborizado.— E eu acho bom que você e John mantenham essa distância, porque eu odiaria ter que deixar você sem um teto sobre essa linda cabecinha loira!

— Eu?!

— Claro!

— Me desculpe, mas... Eu acho que entre você e eu, você é quem está mais propensa a ficar sem um teto. E você já deve saber o porquê.

— Poderia me dizer? — Ela riu.

— Olha... Você trabalha para mim, querida. É tudo meu, da cadeira em que você se senta, ao dinheiro que recebe. Então... — Levantei-me e passei por Emilly, deixando-a estagnada, crua como sempre. — Eu acho bom você manter distância de mim, porque eu sem dúvida alguma não odiaria tanto assim deixá-la sem um teto nessa sua... Nem tão linda cabecinha!

ATRAÇÃO PERIGOSA | Keanu ReevesOnde histórias criam vida. Descubra agora