— Bem... vamos começar a reunião, então? — Jimin largou a prancheta sobre a mesa, olhando em volta brevemente. Um, dois, quatro, seis, doze... — Aonde está o Jungkook?
— Eu o vi saindo agora a pouco. — Um dos calouros falou. — Pôs a bolsa no armário e saiu: disse que podíamos começar sem ele.
— Tch. — Puxou os cabelos da franja, tentando manter a cabeça no lugar. — Eu vou atrás dele.
— Deixa que eu faço isso. — Viu Taehyung se levantar do lugar, calma e preguiçosamente. — Você pode começar a reunião, treinador. — E então saiu a passos lentos, com as mãos nos bolsos do casaco.
De fato, Jimin não fazia ideia de onde o mais novo poderia estar, então deixou Taehyung ir. Incrivelmente perceptivo como descobriu que ele era, certamente deveria ter adivinhado aonde Jungkook se sentou abraçado aos joelhos pra chorar a derrota na semifinal da copa de inverno. E de fato adivinhou: ele estava no terraço do prédio de salas de aula sul, o mais perto do ginásio. Os alunos eram proibidos de acessar as coberturas dos prédios da faculdade, isso pelo fato óbvio de ser o melhor lugar pra transar e a reitoria ainda tentar terminante e insistentemente inibir o coito dos seus estudantes; mas, pelo visto, mesmo pra alguém tão certinho quanto Jungkook, regras e nada eram a mesma coisa quando ele estava frustrado.
— O pódio tem três lugares. — Taehyung andou até ele, parando às suas costas curvadas. Ele estava tentando parecer um caracol ou o quê? — Ainda temos que jogar pelo terceiro.
— Não é o primeiro lugar. — O ouviu murmurar, e praticamente não reconheceu sua voz. — Então de quê adianta?
— Perder é uma coisa. — Se sentou ao lado dele, então, dobrando as pernas e estendendo os braços sobre os joelhos. — Desistir é outra.
— É frustrante.
— Sim. — Concordou. — Desistir não é frustrante.
Jungkook virou o rosto escondido nos braços, olhando de canto de olho pro veterando ao seu lado. Taehyung olhava pro céu aberto, em tons de branco e cinza aquele dia: seu rosto plácido, seu perfil calmo.
— Você está bem com o que aconteceu hoje? — Mas por mais que admirasse aquilo nele, não conseguiu deixar o tom irritado. Ele deu tudo de si, mesmo assim seu time foi esmagado, num placar de três dígitos a dois, nos quatro tempos mais longos da sua vida! Seu peito doía, seus olhos ardiam de tanto chorar, e ainda sentia que tinha mais pra sair; como Taehyung conseguia estar tão bem? A derrota não o afetou de maneira nenhuma? — Ou está só fingindo?
— Huhu... — Taehyung não conseguiu segurar aquela risadinha. Estava achando Jungkook muito fofo com aquela voz de choro, e aquilo estava começando a ficar perigoso: achou melhor nem olhar pro lado. — Sabe, Jungkook, a dor tem algo engraçado, uma coisa que a faz única.
— Como assim?
— Ela é tipo uma doença: a primeira vez ela te destrói, mas a segunda vez que ela passa por você, é como se você estivesse imune, mas um pouco mais que isso... é... é como se ela fosse diferente. É dor, mas é diferente: você não chora, e você não se revolta; você olha pra dor e a entende. Na terceira vez, então, a dor chega a ser gostosa. — Jungkook franziu os cenhos, mas como não viu, só continuou falando. — Você viu o último jogo que o Jimin jogou, não viu? — O mais novo ficou surpreso com aquele assunto vindo tão repentino, então só concordou com a cabeça. — Ele estava com uma lesão interna no joelho desde o segundo ano, mesmo assim jogou até o final do terceiro: não queria preocupar o time, então nunca disse nada. — Ele parou e engoliu em seco; Jungkook finalmente ouvindo algo de perturbação na sua voz grave. — Ele foi ao limite aquele dia, por isso não pôde mais voltar pra quadra.
— Ele dava aqueles saltos... mesmo com o joelho...
— Mesmo com o joelho arrebentado, latejando de dor. — Taehyung confirmou.
— O hyung... é incrível.
— É, ele é incrível.
E então ficaram um tempo em silêncio.
— Está melhor? — Até sentir que era hora de perguntar.
— Uhm. — Jungkook assentiu. — Estou melhor.
— Bom. — Se levantou, antes bagunçando o topo da cabeleira negra do mais novo. — Vamos voltar, então.
— Hyung. — Jungkook chamou, finalmente tomando coragem pra se levantar. — Como você...
— Soube que você estava aqui?
— Uhm.
— Porque eu tenho observado você. — Disse, simples. — Mais do que eu deveria. — E estendeu a mão, num gesto simples, mas que dizia tudo. Jungkook aceitou, calado, mas levemente corado, e então voltaram de mãos dadas soltando-as apenas quando chegaram na quadra, antes de entrarem na sala de reunião. Mas não precisariam, na verdade, se soubessem antes de ver que Jimin já os esperava sozinho na sala, sentado em cima da mesa de costas pra porta, balançando as pernas no alto.
— Hyung...
— Vocês demoraram. — Ele disse sem se virar, com algo de irritação na voz.
— Foi mal. — Taehyung se desculpou, enquanto ele saltava da mesa. — Ele estava chorando.
— Eu não estava! — Contestou, mesmo assim Jimin lhe mostrou uma expressão preocupada quando se virou. — Eu... eu não estava...
— Então o que estava fazendo? — O treinador caminhou até ele. — Você perdeu uma reunião importante! — Ralhou, num misto de preocupado e irritado.
— Desculpe. — Pediu, e ia fazer uma reverência para acompanhar suas desculpas, mas Jimin o abraçou de repente, passando os braços pelos seus ombros, ficando nas pontas dos pés.
— Você pode chorar, sabia? — Esfregou o rosto nos volomosos cabelos negros. — Se você não chorou antes, então pode chorar agora.
— Me desculpa. — Aquilo pegou Jungkook desprevenido, desprevenido até demais, tanto que não pôde fazer nada a não ser deitar a cabeça naquele ombro pequeno e se deixar desabar em prantos. — Me desculpa.
— Tudo bem, tudo bem. — O consolou, como a uma criança pequena. — Hyung está aqui.
— Pff... — Taehyung segurou uma risada ali ao lado, e Jimin virou o rosto pra ele de cenho franzido, fazendo sinal de "shiu" com o dedo indicador nos lábios, acariciando as costas largas na outra mão, e logo voltando a acariciar-lhe também os cabelos. Fez que não com a cabeça, soltando um suspiro e indo se sentar sobre a mesa logo atrás de Jimin.
— O que... — Ele quase virou pra trás pra perguntar o que o outro estava fazendo, mas logo sentiu os braços longos enlaçarem sua cintura, e então Taehyung encostar a cabeça nas suas costas. Revirou os olhos. "Dois bebês", pensou, tendo que abraçar um enquanto o outro o abraçava pelas costas. "Eu mereço..." — Quer chorar também? — Sussurrou para Taehyung.
— Uhm mh — Mas ele negou. — Não preciso.
Sorriu, continuando a carícia nos cabelos macios do mais jovem e descendo um dos braços pra tocar nos do mais novo. Alguns meses mais novo que ele, mas mais novo. Dois mais novos, dois tão infantis e imaturos, cada um à sua maneira. "O que minha mãe pensaria se soubesse que aquele Jimin criança que vivia tagarelando sobre se casar com uma noona mais velha está no meio de dois dongsaengs idiotas que não sabem perder?" Pensava, ouvindo Jungkook fungar baixinho no seu ouvido enquanto sentia Taehyung cheirando sua camisa às suas costas obstinadamente. "Ou pior, o que meus leitores pensariam sobre eu estar literalmente no meio de um abraço que deveria ser dos meus protagonistas? E que cena maravilhosa seria... Aish, eu só estou atrapalhando, céus, não consigo sentir outra coisa!"
Mas seus "dongsaengs idiotas" planejavam o fazer sentir outra coisa; muitas outras coisas, logo, logo...
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Cesta de 3 - Vkookmin
Fanfiction[Taekookmin/Vkookmin] [Tae!Top] [Jungkook!Flex] [Jimin!Bottom] Tudo no que Jimin conseguia pensar ao ver seus amados Taehyung e Jungkook suando na quadra de basquete era: "Por favor, se beijem logo!"