"Tudo tem começo e meio. O fim só existe para quem não percebe o recomeço."
-Luiz Gasparetto.
Nina Maria Oliveira:
Fazia um mês que eu me encontrava vivendo uma nova vida, começando uma nova história, na verdade recomeçando a minha história. Não é a primeira vez que isso ocorre, recomeçar, tentar e tentar até fazer dar certo.
-Buongiorno Nina- Senhor Giovanni me cumprimento assim que entra na loja, sorrio para o mesmo que me olha de forma doce, enquanto começa arrumar as coisas. Agradecimentos são poucos pela oportunidade que ele está me dando, senhor Giovanni estava sendo um anjo em minha vida.
Trabalho em uma das mais antigas sorveterias da Itália é o lugar mais lindo que já vi, sua arquitetura antiga se mantém e apesar de estar localizada em um lugar mais afastado da cidade o movimente é intenso. Claro, os gelato são os melhores. Termino de ajeitar as mesas do estabelecimento, arrumo meu avental no corpo e estamos prontos para mais um dia.
Meu recomeço e destino escolhido é agora a Itália. Sim, uma brasileira sem muita grana, passando por muitos perrengues, que reuniu todas as suas economias, estudou sozinha italiano um mês antes de viajar de forma fervorosa, comprou uma passagem só de ida e aqui está.
Devo acrescentar neste meu breve resumo que sou uma pessoa de sorte, e eu teria mil motivos para dizer que não, porém no meu segundo dia na cidade conheci o senhor Giovanni, um senhor de sessenta anos viúvo, que é dona da sorveteria e pela sorte do destino em cima do estabelecimento o mesmo alugava apartamentos.
De início ele teve um certo receio, pois eu não era italiana e estava desesperada por um emprego, mas eu como uma boa brasileira, eu não desisto nunca e após uma boa conversa que rendeu risadas e algumas lágrimas finalmente a oportunidade surgiu. O emprego era meu e consegui um precinho camarada em um dos apartamentos que havia ficado sem morador apenas um dia atrás, além de claro uma ajudinha para o meu visto.
Então aqui estou, fiz uma boa amizade com Giordanni, com os clientes e posso dizer que adoro trabalhar aqui e me vejo mais uma vez tentando a todo o custo ser feliz e de certo modo conseguindo.
Eram exatamente três e meia da tarde, quando o sininho da porta anuncia a entrada de uma pessoa, saio das caixas e sigo para o balcão.
-Buongiorno- Falo sorrindo de forma tímida, Deus italianos são tão bonito e charmosos, o homem em minha frente era a exemplificação perfeita do que eu estava dizendo. Ele sorri, respondendo, um daqueles sorrisos galanteadores, seu porte é alto o que intimida muito devido a minha altura, ou melhor a falta dela. Possuía cabelos escuros, olhos azuis e profundos, com um brilho diferente no olhar, usava um terno parecia ser um homem de negócios.
- Qual o sabor do gelato?- Falo já com o instrumento de trabalho em mãos.
-Chocolate e flocos. – Diz, sua voz é rouca e grave, céus meu senhor jesus, mandou esse pecado de homem para me deixar enlouquecida só pode, sinto meu corpo se arrepiar e meu rosto esquentar, monto o gelato rapidamente e lhe entrego, senhor Giordanni já o aguarda no caixa com um sorriso em rosto, acredito serem conhecidos pois engatam uma conversa.
Volto para as minhas caixas, quando sinto um algo estranho, uma sensação estranha . Olho para as vitrines e vejo um homem lendo um jornal, mas está parado com o corpo muito virado para a loja, sigo sua visão e o noto encarando o cliente que está de costas, ergo meu corpo no automático algo está errado, algo vai dar errado. Em segundos vejo o homem sacar uma arma e como se fosse um reflexo meu, jogo meu corpo em direção ao cliente.
O som de disparo é feito e sinto a bala pegar minha barriga, meu corpo vai para o chão, olho para rua e o homem corre. Deus isso dói para caramba, o homem me segura em seus braços, enquanto vejo o mesmo fazendo sinais e homens saindo de um carro na rua
-Cazzo. – Ele reclama, fazendo sinal para uma pessoa na rua, seus braços me apertam e sua mão tira meu cabelo do rosto.
Me sinto fraca. Acho que eu vou desmaiar, não sei ao certo eu nunca desmaiei mas a dor está tão forte que me afeta.
Olho para o homem que parece estar realmente preocupado.
-Caso perguntem diga pelo menos que sou sua amiga, assim não me acham uma maluca por ter me atirado na frente de um desconhecido. – Falo como um sussurro e logo sinto meus olhos fecharem e tudo apagar.
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Por Destino -Família Martinelli
ChickLitDuas vidas opostas que o destino resolveu unir em um único caminho. Enrico Martinelli está prestes a se tornar o Sub-Chefe da família mais importante da Itália, o foco da sua vida sempre foi sua família e tornar-se um dos nomes mais temidos das máfi...