Capítulo 2

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Era para ser um dia normal. Ou o mais perto do normal possível. 

Cazzo, mas não, tinha que acontecer algo.

Desde criança sempre fui viciado em doces principalmente em gelatto.

E após ficar um mês fora do país resolvendo problemas com a máfia russa eu precisava do meu gelatto.

-Primo, onde você esta? – Escuto a voz de meu primo através da linha.

-Estou a caminho de sua casa, precisamos tratar de alguns assuntos, mas antes estarei passando para pegar um gelatto. -Aviso o mesmo entrando no carro e escuto sua risada.

-Certo Enrico, cazzo você é viciado nisso.

Antes de ir para casa de Lorenzo irei passar na sorveteria mais antiga da cidade, onde se encontra o melhor gelatto da Itália, entro e sou recepcionada por uma nova atendente.

Cazzo, que bella piccola.

Ela me cumprimenta e eu sorrio, seus cabelos rebeldes estão presos em um coque o que deixa seu rosto jovial, acredito que de qualquer forma não seja muito mais velha do que aparenta. Faço o meu pedido, o mesmo desde sempre e vejo sua pele ficar levemente avermelhada, ela me atende e sigo para o caixa, conheço senhor Giordanni desde criança, conheci ele e sua esposa, mas faz quatro anos que Antonella faleceu o deixando sozinho com os negócios.

Estamos conversando quando eu escuto o barulho de caixas sento atiradas no chão me viro e escuto o disparo e o corpo da jovem caindo em minha frente.

Puta merda ela se atirou em frente a bala.

Seguro o seu pequeno corpo em meus braços, seu rosto já está pálido, faço sinal para um dos meus homens que logo entra no estabelecimento quero que ele siga o homem e descubra quem ele é, quem foi o desgraçado que resolveu a tirar em meu país.

Tiro os cabelos da jovem do rosto, pego ela em meus braços para levar ela ao hospital, ela ainda está acordada mas parece que não por muito tempo.

-Caso perguntem diga pelo menos que sou sua amiga, assim não me acham uma maluca por ter me atirado na frente de um desconhecido. – Sua voz possui um sotaque diferente e um tom de humor, com toda certeza ela não é italiana, concordo, ainda surpreso com toda a situação, mas logo seus olhos se fecham ela se apaga em meus braços.

Meu terno se encontra com grandes manchas de sangue, me sento em um canto afastado no hospital no aguardo de uma informação, não sei quanto tempo já se passou mas estou cada vez mais aflito.

A moça havia se atirado na frente de uma bala por mim, uma completa desconhecida.

-Senhor Martinelli. – Sou chamado e fico de pé, o médico da nossa família Dr. Carlos caminha em minha direção, finalmente alguma notícia.- A senhorita Nina, já está no quarto e está bem, a bala pegou apenas de raspão, ela irá precisar de alguns dias de repouso mas nada muito grave.

-Posso ir ao quarto? - Preciso agradecer, pois ela salvou minha vida eu estava distraído e o tiro poderia ser fatal. Assunto esse que quero resolver algo, aqui era nosso território uma invasão e tentativa de homicídio irá causas grandes danos a quem realizou isso. 

- Claro, quarto 132. – Concordo e sigo em direção, paro em frente a porto dou duas batidas e escuto um "entre".

-Você?- A moça diz surpresa ao me ver ali. -Achava que tivesse ido embora. -Fala sorrindo, seus cabelos agora estão soltos em longas cascatas escuras e volumosas, sua pele está bronzeada devido ao sol, mesmo coma perda de sangue e seus olhos parecem duas avelãs.

- Você salvou minha vida o mínimo que eu poderia fazer é agradecer. -Falo sorrindo e me aproximando da cama. – Não sei te falaram, mas é meio insano se atirar na frente de uma bala para salvar um desconhecido.

-Totalmente, mas você é daqui, possui uma família aqui, o tiro teria o matado e vejamos eu estou muito bem.- Diz de maneira simples como se não fosse nada.

- Prazer, Enrico Martinelli. -Digo pegando a sua mão.

-Nina Maria Oliveira. – Ela diz rindo.- Desculpa é que meu nome é bem brasileiro e o seu é tão, sei lá...fino

-Ah então você é brasileira, quando me atendeu eu sabia que não era daqui, mas não sabia chutar de onde seria. -Digo me sentando em uma poltrona perto da cama. – O que te trouxe para a bela Itália piccola?

-O destino com toda certeza e o fato que foi o primeiro lugar que eu pensei em vir, o destino pois eu estava assistindo um filme italiano, então eu pensei por que não? E aqui estou, já faz um mês.

Não sei quanto tempo se passou, acredito que horas eu simplesmente ignorei todos os meus compromissos aquele dia, e entrei numa bela e divertida conversa, e sinceramente fazia anos que eu não conseguia conversar com uma mulher que não fosse da minha família, não tinha paciência para conversas fúteis.

 Nina com toda certeza era uma pessoa especial, uma grande mulher, ela não comentou mas sei que sua vida não é fácil e o destino fui bem difícil com a mesma, mas seu tom de voz é animado suas palavras são ditas sempre com um sorriso nos lábios.

Cazzo... essa mulher parece um anjo.

- Você pode ir, está tarde e eu sinto meus olhos passarem. – Diz com um tom de voz baixo.

-Esperarei você dormir e amanhã estarei de volta, irei te levar para casa. -Digo e ela sorri me sussurrando.

-Grazie. – Seus olhos se fecham e ela entra em um sono profundo.

Abro a porta de casa e está toda a família reunida, cazzo eu só queria a minha cama mas pelo visto teremos uma longa conversa.

-Pode nós explicar porque sumiu o dia inteiro? – Papa fala irritado e seu olhar caí direto em minha blusa coberta de sangue- E porque diabos tem manchas de sangue na sua blusa?

-Sofri uma tentativa de homicídio. -Falo e papa arregala os olhos. – Antes de ir para casa de Lorenzo passei na sorveteria do senhor Giordanni, me distraí em uma conversa quando escutei o disparo, porém uma das atendes Nina, se atirou em frente a bala.

-Cazzo a menina está morta? -Mama pergunta se aproximando e eu nego.

-Não, eu a levei para o hospital da família seu estado não é grave o tiro pegou em sua barriga, amanha irei voltar para levar a mesma em casa. – Digo me atirando no sofá suspirando, quero pegar o filho da mãe que ousou me matar.

-Certo! É o mínimo ela salvou sua vida, mas fique atendo irei conversar com o conselho algo está errado, não devia ter ninguém atrás de você, muito menos em nosso território. -Papa diz subindo as escadas e minha mãe se aproxima de mim e sinto meu corpo ser esmagando em um abraço pela pequena mulher.

-Céus tome mais cuidado Enrico eu não sei o que seria de minha vida sem você, já me preocupo quando sai em missões mais agora dentro da nossa própria cidade. -Fala e eu acaricio o seu rosto.

Nunca me faltou amor de ambos os meus pais, lidamos com homicídios, drogas, traficantes e armas, nosso mundo é péssimo e possui tudo de pior, em nossas mãos tem sangue de inocentes, nosso dinheiro e bem estar é feito de coisas ilegais, somos cruéis com nossos inimigos, mas dentro do ambiente familiar tudo é diferente. 

Beijo sua testa antes de me retirar e digo para a mesma com um sorriso nos lábios. 

-Nada irá me acontecer mama, acho que hoje foi a prova viva que eu possuo um anjo da guarda.

Por Destino -Família MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora