Capítulo 8

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Dois meses, esse era o tempo ao qual eu ainda tentava localizar o filha da puta que tentou me matar e matar Nina. Nossas suspeitas já apontavam um nome, e o filha da puta iria pagar muito caro por tudo isso.

Também esse era o tempo que Nina estava morando em nossa casa. As primeiras semanas não foram fáceis, ela não queria incomodar, ela não queria estar ali, ainda mais sendo privada de muitas coisas. Ela havia perdido de alguma forma sua alegria, Nina era livre só sabia ser livre, foi criada para ser livre e esses portões estavam sendo sua prisão.

Minha mãe e ela se tornaram boas amigas, passando boa parte do dia na cozinha. Mama lhe ensinava ainda mais italiano enquanto a mesma ensinava comidas típicas do seu pais, tornando nossos almoços sem dúvida ainda mais deliciosos.

Nina teve que largar o emprego na sorveteria pois seria um risco grande não apenas para ela mas para Giuseppe, então ela concordou rapidamente, mas após um mês ela exigiu trabalhar na casa, de inicio ninguém concordou com a ideia, mas então eu vi o quanto aquilo era importante para a mesma, ela não estava acostumada a depender dos outros, trabalhou desde nova para conquistar suas coisas, e já havíamos tirado muito da mesma.

Então aos poucos a Nina que eu conheci  vez voltou a surgir. Passando seus dias na cozinha e as noites comigo nos jardins enquanto conversávamos, na verdade eu apenas escutava atentamente cada nova história, gostava de escuta-la e ela ficava confortável com o meu silêncio.

-E essa é Alexandra, nossa irmã. -Chiara comenta e vejo Lorenzo resmungando no fundo, entro na cozinha vendo os três reunidos, enquanto minha prima mostra fotos no seu celular, no caso a pessoa na foto é minha prima Alex.

-Nossa ela parece um boneca. -Chiara concorda. 

-Mas, não se engane ela mata um homem facilmente. -Chiara leva um tapa leve de Lorenzo na cabeça, Nina a olha curiosa. -É um modo de falar.

-Ah sim. -Nina sorri enquanto observa mais fotos. - E essa onde é?

-Foi a última foto que elas nos mandou. -Me aproximo assim como Lorenzo para ver a foto, Alex tinha um grande sorriso nos lábios enquanto a neve caia pelos seus cabelos negros.

-Vocês não se dão bem? - Nina pergunta para Lorenzo que ainda olha a foto. 

-Que nada, ele apenas não gosta que digam que são irmãos, desde pequeno.-Chiara diz e o mesmo revira os olhos.

-Eu me dou bem com Alex. -Diz prontamente. -Não somos tão próximos como as duas, mas eu não tenho nada contra ela, ela é minha família. - O mesmo diz se defendendo, na verdade Lorenzo nunca chamou minha prima de irmã, sempre teve um bloqueio com a palavra porém assim como fazia com Chiara sempre cuidou da pequena Alex, mesmo no pouco período que ficava conosco.

-Tudo bem. -Diz sorrindo para Lorenzo e os dois parecem se comunicar apenas com os olhares. -Eu queria ter tido irmãos, mas sempre fui só eu.

-Mas pensa picolla você não é mimada como Enrico. - Meu primo provoca, reviro os olhos voltando a atenção para as fotos que Chiara mostrava.

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Sinto o cheiro floral invadir o espaço, me viro de leve vendo Nina se aproximar, ela acabou de sair do banho os longos cabelos molhados e o cheiro marcante evidencia isso.

-Finalmente livre? -Digo servindo uma taça de vinho para a mesma, que se aproxima do sofá, meu olhar percorre todo o seu corpo, naquela maldita camisola rosa clara que molda todas suas curvas, ela senta no sofá, colocando delicadamente seus pés em cima do tecido, delicados e pintados em uma cor clara, é uma maldita visão sem dúvida.

-Gosto de passar o tempo com a sua família.-Diz bebendo um gole do vinho. -Sua tia e tio me fazem rir, seu primo parece um irmão mais velho em minha volta, Chiara nem preciso falar, e bom sua mãe é um doce.

-E meu pai? -Pergunto curioso pois peguei os dois conversando animadamente em uma manhã, papa estava acostumado com sua companhia e até mesmo gostava, acredito ser impossível não gostar da companhia dessa mulher.

-Sr. Anthony sem dúvidas é ótimo, ele me conta muitas histórias. -Diz sorrindo, deitando a cabeça no encosto do sofá, observo seu rosto querendo me aproximar ainda mais, essa mulher tinha um forte poder sobre mim, queria sentir sua pele, seu gosto, queria ter ela inteiramente para mim, mas eu havia colocado limites. 

Nina veio para Itália em busca de um recomeço, uma nova vida. E ela merece tudo de bom, e eu sei que meu mudo é impuro demais para a sua bondade.

-E eu? -Pergunto aproximando meu rosto do seu, posso sentir sua respiração ficar afetada, minha mão sem conseguir evitar toca sua pele, percorro meus dedos pelo seu braço nu, até os seus longos dedos que seguram a taça de vinho, noto sua pele ficar arrepiada e um leve sorriso brota em meus lábios.

-Bom...-Sua voz é mais baixa, quase como um sussurro, como se fosse me contar um segredo. -É minha segunda pessoa favorita. -Um sorriso sapeca brota em seus lábios, me afasto incrédulo olhando para o seu rosto.

-Segunda? Posso saber quem seria a primeira? 

-Alex. -Diz simplesmente e eu a olha sem entender.

-Como assim Alex, você nem a conhece?

-Você que pensa. -Diz virando o conteúdo da taça. -Chiara ligou para a mesma depois que você e Lorenzo saíram, passamos a tarde conversando, trocamos até números e falamos mais um pouco, temos muitas coisas em comum. -E eu posso até imaginar o que.

-Então perdi para a minha prima? Que está na Rússia. -Ela concorda ainda sorrindo, como uma gata ela se aproxima de mim, deitando ao meu lado, sua cabeça em meu peito e sua mãos brincam com os botões da minha camisa.

-Obrigada pelo o que você está fazendo por mim. -Diz baixinho.

-Não estou fazendo nada Nina...-Tento argumentar mas ela não deixa.

-Está me protegendo e isso é muito, eu sempre tive que fazer isso sozinha e as vezes não conseguia, e você antes um estranho teve bondade em me proteger.

-Não use essa palavra, não sou bom Nina. -Digo afastando o seu rosto e fitando seus olhos expressivos. 

-Para mim você é. 


Por Destino -Família MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora