Capítulo 18

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Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.

-Friedrich Nietzsche

Nina:


Enrico vai se casar.

Isso mesmo, descobri hoje pela manhã enquanto eu e Giulia preparávamos o almoço. Foi quase impossível disfarçar a minha surpresa e tristeza com aquela notícia, mas Giulia estava em seu modo mãe ativado. No caso ela não queria o casamento, não queria que Enrico se comprometesse com uma mulher que não ama.

Antonella Fontana, esse era o nome, um nome bonito para provavelmente uma mulher bonita.

Enrico iria casar.

Droga... porque estou triste com isso?

Após terminar o almoço consegui achar uma desculpa para subir rapidamente e me recompor, Giulia apenas me olhou curiosa, mas continuou a arrumar as coisas na cozinha.

Sento em minha cama respirando fundo, eu sentia um aperto no meu coração, eu já era adulta o suficiente para saber lidar com isso, mas ainda sim, sentia meu coração quase sendo esmagado.

Deus eu estava me iludindo esse tempo todo, tentando mascarar o que eu estava sentindo.

Enrico era um bom amigo, sem dúvidas, mas agora eu sabia que eu desejo mais, queria ele como meu homem, queria sentir seus lábios nos meus, seu toque, que seu corpo explorasse o meu da maneira em que nunca quis que nenhum outro se aproximasse, meu coração a meses já estava falando mais alto que minha razão eu só fui tola e ingênua para não ver isso.

Eu queria ficar, pois, também queria sua companhia.

Queria sentir o calor do seu corpo quando estava perto de mim, o conforto dos seus braços, sua voz rouca me contando história de sua infância, os seus carinhos.

Como eu era tola, uma tola apaixonada por um homem que irá casar.

Eu precisava me controlar e manter minha compostura. Enrico era antes de tudo um bom amigo e eu precisava apoia-lo. Limpo meu rosto rapidamente, disfarçado qualquer cara desagradável para então me reunir com todos, estou saindo de meu quarto quando sou assutada por Lorenzo.

— Puta merda. — Digo colocando as mãos em meu peito, e em seguida me virando para o mesmo que me olha sorrindo.

— Perdida em seus pensamentos amore mio.

— Mais do que isso. — Me aproximo do mesmo, que me abraça apertado.

— Senti sua falta, julguei que não iria mais olhar em nossa cara.

— Suponho que não consigo mais isso. — Me estico bagunçando seus cabelos loiros e o mesmo sorri.

Lorenzo era um dos homens mais doces e apaixonantes que eu já conheci, não que eu tenha conhecidos muitos, mas o loiro era uma boa e explosiva mistura. Na primeira olhada você via apenas um homem muito bonito e com uma cara de que destruiria sua vida, então ele sorri e solta alguma piada e qualquer barreira que você tentou construir acaba de ser derrubada, e você se vê totalmente ferrada, e o combo de beleza com um sorriso leviano deixa toda a combinação perfeita. O mesmo não valia nada, mas era um apaixonado em busca da sua alma gêmea.

— Enrico estava péssimo sem você. — Diz passando os braços em meus ombros enquanto descíamos, meu coração da uma leve palpitada. — Mais resmungão que o normal.

— E você está entregando o seu primo? — Tento usar o meu humor ao meu favor, para evitar constrangimentos parecendo impossível com o mesmo.

— Alguém precisa ser o cupido dessa família. — Sinto minhas bochechas corarem, o homem simplesmente solta uma risadinha.-Pensa que eu não noto os olhares de vocês, parecem que foram feitos um para o outro. — Estou prestes a dizer que somos amigos mais o mesmo me corta. — Não, não me venha com essa história "somos só amigos" -A última frase é dita com uma voz mais fina, cutuco sua barriga o fazendo parar.

— Enrico irá casar. — Digo em um suspiro, Lorenzo arqueia as sobrancelhas em minha direção.

— Foda-se? Ele vai casar porque é um idiota.

— Tutto per la famiglia, não é esse lema?

— Olha só, quase uma mafiosa. — Dou lhe um tapa. — Certo sem brincadeiras, nossos pais iriam dar um jeito se ele falasse, mas Enrico é teimoso, ele quer o melhor para nós, quer provar ser o melhor. — Fico em silêncio, então o mesmo me vira. — Mas uma jovem brasileira poderia mudar esse pensamento.

— Lorenzo, somos amigos Enrico não me vê, além disso. — Digo tentando convencer mais a mim mesma do que o homem em minha frente.

— Como vocês são idiotas, vou ter que dar um jeito nisso tudo sozinho.

— Ei não vá causar nenhum problema. -Lhe aviso com medo do que o mesmo pode fazer, ninguém impedia Lorenzo isso era quase um fato.

— Eu sou o problema. — Diz assim que pisamos na sala.

— Realmente maninho você é um, daqueles grandes. — Chiara diz vindo em nossa direção, sorrio e vou em direção da mesma, lhe abraçando, estava com saudades.

— Como foi no México? — Pergunto animada, então pela sua careta me lembro que não foi uma viagem normal de turista. — Desculpa, às vezes eu me esqueço.

— Sem problemas, mas se quer saber tomei muitas tequilas. — Assim que a mesma sai dos meus braços é esmaga pelo irmão mais velho, seguimos para sala e sentamos todos no sofá.

— Falei com Alex mais cedo. — Sinto Lorenzo se movimentar ao meu lado desconfortável, era sempre assim quando o assunto era Alex. — Ela me disse que estão bem próximas.

— Estamos sim, conversamos diariamente. — Digo sorrindo, a conexão que criamos mesmo a distância era surreal.

— E você quando foi a última vez que conversou com sua irmã? — A mulher loira pergunta arqueando as sobrancelhas para Lorenzo, que se afunda no sofá.

— Ela não é minha irmã. — Ele resmunga baixinho, lhe encaro sem entender, não era primeira vez que eu escutava o mesmo dizer isso. — Eu lhe mandei um CD faz dois meses. — Diz parecendo constrangido, Lorenzo constrangido isso sim era uma novidade.

— Porquê...-Estou prestes a perguntar o motivo dele não gostar que digam que Alexsandra é sua irmã, mas o mesmo me interrompe.

— Em outro momento, coisinha curiosa, em outro momento.



Por Destino -Família MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora