Capítulo 17

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ENRICO:

Não havia mais o que esperar.

Três dias foi esse o tempo ao qual eu deixei Nina pensar sobre tudo, não a procurei e nem sequer encontrei a mesma pela casa, dei todo o espaço para ela poder pensar e decidir o que seria melhor para a mesma.

Porém, eu já não aguentava mais evitar sua presença, eu sentia a falta da sua companhia, de escutar sua voz, então sou surpreendido ao chegar em casa e escutar um som ao qual eu sentia falta: sua risada, alta, gostosa que vinha da cozinha.

— Buona notte.- Falo assim que piso na cozinha e as mesmas me olham sorrindo, porra eu senti falta disso, suas bochechas estavam vermelhar e acredito ser pelas risadas.

— Enrico você era a criança mais linda deste mundo. — Nina fala, diretamente para mim com um sorriso nos lábios. — E você parecia tão arteiro.

— E era, esse garoto meu deu trabalho ele e Lorenzo junto então...nem se fala. -Mama fala passando os dedos pela foto, me aproximo acariciando os seus ombros. — Deu tanto trabalho que eu não quis mais ter outra criança nessa casa.

— Gosto de uma casa cheia, se um dia eu for mãe quero muitos filhos. — Nina comenta sorrindo para mama, então puxa o prato de brigadeiro da mesa. — Pega Enrico. — Fala me entregando uma colher.

Ela tomou sua decisão. É a única coisa em que eu consigo pensar.

— Bom, preciso ver como está o seu pai. — Mama se levanta recolhendo os álbuns de foto. — Acredito que vocês têm muito o que conversar. — Deixando um beijo em nossos rostos ela se retira, não toco no doce ainda, preciso saber sua resposta.

— Você decidiu? — Pergunto a observando atentamente, os dedos longos percorrem até seus cabelos colocando uma mecha atrás de sua orelha, um claro sinal seu de nervosismo.

— Sim, eu me decidi.

— Eu não quero que você vá embora! — Sou sincero, não a quero longe, não quero que ela se afaste mesmo que isso seja a trazer cada vez mais para o meu mundo, sou egoísta, mas não a quero longe de mim.

— Eu não quero ir. — Seus olhos se tornam mais claros devido às lágrimas que acumulam. — Isso tudo me deixou perdida Enrico, o certo e errado, não é fácil encarar tudo isso para quem é de fora, mas eu realmente gosto de estar aqui, eu escolhi a Itália para recomeçar e é aqui que eu irei ficar.

— Eu lhe prometo Nina, vou dar um jeito nisso tudo e você vai estar livre, para continuar a sua vida. — Ela concorda, então vem em minha direção, meus braços envolvem o seu pequeno corpo, seu rosto fica enterrado em meu pescoço.

— Me desculpe por te lhe evito, mas eu preciso pensar. — Fala com a voz embargada e abafada, acaricio os seus cabelos e deixo um beijo em seus cabelos.

— Não precisa se desculpar piccola, desde que não se afaste mais.

-Oh! Enrico julgo que mesmo que eu desejasse eu não iria conseguir.

Preciso lhe falar do casamento, mas não quero, penso que não seja um bom momento, ao menos não agora. Sinto que isso criaria mais uma barreira entre nos, um casamento logo agora com uma mulher que eu não amava, na verdade, com uma mulher em que eu nem conseguia tolerar a presença.

Antonella Fontana tinha apenas beleza, e nada mais, beleza a qual não durava muito, após tentar manter alguma conversa com a mesma ela até mesmo perdia o encanto, uma mulher fútil, vazia e ambiciosa e ela faria qualquer coisa por dinheiro, assim como os seus pais.

A família Fontana era aliada dos Martinelli a anos, havia uma boa influência em nosso meio, Edgar possuía duas filhas Antonella e Valentina, a mais nova dificilmente aparecia em algum evento apesar de terem uma diferença bem pequena de idade, as irmãs eram os extremos opostos. Chiara havia comentado que a mais nova sofria muito na casa, pois segundo seus familiares ela não se encontrar na altura deles, eles evitavam a presença da garota em eventos ou jantares, e eu acreditava que a mesma agradecia por isso.

Em nosso meio o casamento sempre foi bem-visto, era sinônimo de poder e respeito, mas nem todos os casamentos eram felizes, na verdade, existia apenas poucos que conseguiam criar algo além da tolerância.

Eu não me via casado com Antonella, eu não me via dividindo minha vida com a mesma.

— Está tudo bem? Parece perdido em seus pensamentos. — Balanço a cabeça e tento sorrir. Nina ainda continuava em meus braços, encolhida e confortável como se sentisse segura, e eu queria que realmente ela se sentisse, essa mulher bagunçou minha vida e cada maldito detalhe na mesma me encanta, sem dúvida Nina seria uma pessoa em que eu não me importaria em dividir minha vida, nem um pouco.


Por Destino -Família MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora