Capítulo 15

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Há triunfos que só se obtêm pelo preço da alma, mas a alma é mais preciosa que qualquer triunfo.


ENRICO:

— Todas estão sendo bem tratas? — Lorenzo pergunta analisando o ambiente em que as mulheres ficavam alojadas, era mais uma de nossas visitas externas, todos os complexos que pertenciam à família Matinelli precisavam estar de acordo com as regras.

— Sim, senhor, bem alimentadas, mantém consultas regulares e qualquer imprevisto elas não trabalham. — Ricardo confirma, ele era um dos homens responsáveis por gerenciar as mulheres que trabalhavam nas casas noturnas, principalmente com prostituição.

— Continue assim, estamos de olhos e não importa com o que eles trabalham, se elas trabalham para famiglia serão tratadas da melhor maneira possível. — Comento em tom de ameaça, mama e tia Ágata ajudaram a mudar muitas coisas na maneira que administrávamos os negócios, inclusive como funcionava o esquema de prostituição, elas tentaram o melhor com o que era possível, pois elas sabiam que muitas vezes não tinham escolhas.

Saímos da sala e seguimos para o bar, assim que entramos vejo Chloe uma das dançarinas e prostitutas mais antigas da casa, seus longos cabelos ruivos estão soltos e ela caminha em minha direção, com um sorriso já conhecido por mim nos lábios volumosos.

— Olá Enrico, faz um mês que não lhe vejo. — Suas unhas vermelhas acariciam o meu terno.

— Ando muito ocupado. — Na verdade, andava ocupado e com a cabeça em uma única mulher, mas isso ela não precisava saber, costumava a ter noites seguidas com Chloe, ela era uma boa companhia para o sexo e eu não tinha reclamos, não quando era apenas isso que eu queria.

— Quando precisar... sabe onde me encontrar. — Sorrindo ela se afasta rebolando os quadris volumosos, nada natura, porém sem dúvida nenhuma uma bela visão, escuto um assobio de Lorenzo ao meu lado.

— É realmente você não é mais o mesmo Enrico, desperdiçando essa ruiva. — Lorenzo se vira, e eu posso ver o sorriso debochado surgir em seu rosto. — Pelo jeito nossa brasileira te enfeitiçou.

— Ela não é nossa. — Digo ajeitando minha gravata e ele solta uma risadinha.

— Tudo bem possessivo, sua brasileira. — Ele faz um sinal para o garçom que apenas concorda entendo o recado, sentamo-nos na banqueta. — Papa me falou que agora ela sabe toda verdade, como ela reagiu?

— Melhor do que o esperado, mas está assustada, ela matou um homem para salvar minha mãe. — Suspiro virando o copo de bebida. — Passou o dia trancada no quarto, contei que ela infelizmente só tem duas opções no momento.

— Ficar, ou voltar para o Brasil como uma outra pessoa. — Responde e eu concordo. — Não acho essa última segura.

— Também não, por isso torço que ela escolha a primeira. — Não saber a sua escolha estava me matando, mas nada me matava mais do que observar a porta do seu quarto fechada, era uma merda, pois eu havia me acostumado com a sua presença, todos estávamos acostumados com a sua presença, a conversa constante, passar os dias sem escutar seus risos estava sendo uma maldita tortura.

— Já a contou sobre noivado? — Nego, uma parte minha não quer nem mencionar isso para a mesma, era uma maldita merda a qual eu não tinha opções. — Você sabe Enrico, podemos dar um jeito, eu daria um jeito.

— Lorenzo precisamos de alianças e reforçar o nome da nossa família, não temos muitas escolhas.

— Antonella não é uma boa escolha, vai ser um casamento infeliz. — Diz indignado bebendo o resto do seu whisky.

— Não podemos contar com a mesma sorte dos nossos pais, você sabe disso. — Tanto meus pais quanto meus tios, viviam um casamento por amor, desenvolveram esse amor, criar seus filhos com base nisso, seus casamentos eram nossos exemplos, seria idiota dizer que não desejávamos aquilo.

— Vejo que chegamos em uma boa hora. — A voz agora com sotaque nos faz sorrir, nos viramos e Stefano e Luigi se aproximam.

— Seus filhos da mãe, nunca vão nos visitar. — Luigi comenta, mais solto que o irmão, abraçamos os mesmos, meus primos administravam boa parte dos Estados Unidos e estavam cada vez mais em expansão e nossa união sempre foi uma grande vantagem e sem grandes problemas.

— Bom te ver Enrico. -Stefano aperta meus ombros, possuímos a mesma idade e quando crianças passávamos um bom tempo juntos, Stefano era o irmão mais velho de quatro, e cada uma era responsável por um ramo, já o mesmo era o Capo e ajudava a gerenciar tudo.

Infelizmente a família deles não passou por bons momentos, minha tia Donata faleceu de câncer quando o mais novo Pietro tinha apenas um ano, seu marido meu tio, não aguentou viver por muito tempo longe da amada entrando em uma depressão profunda, e por fim tirando sua vida anos mais tarde, porém os irmãos se uniram e deram forças uns aos outros.

Stefano era a cópia da mãe, cabelos claros, olhos intensos que mudavam entre o verde e o azul, sempre bem vestido e portando ternos claros, já Luigi que o acompanha era uma mistura de meus tios, possui o sorriso levado de Augusto e os seus cabelos castanhos, e os olhos verdes de sua mãe e os braços interiramente tatuados.

— Mama e tia Giullia ficaram contentes em vê-los. — Lorenzo comenta servindo bebida para ambos.

— Aposto que sim, estou com saudades da comida de tia Giullia. — Luigi comenta animado virando o copo. — Mas bom antes do lazer, temos negócios a serem discutidos. — Concordo, então Stefano começa a nos passar um relatório de como estavam as coisas e a facilidade que estávamos tendo para transportar drogas e armas pelos países, nosso nome crescia ainda mais devido à dominância dos territórios atuais.

-Alexsandra voltará em breve da Rússia? — Stefano pergunta e concordamos. — Certo, estão mencionando muito o nome dela, será bom ela voltar quanto antes, não podemos correr nenhum risco.

-Alexsandra sabe se proteger. — Lorenzo diz prontamente defendendo a irmã.

— Sabemos disso, e que ela será a nova executora, não estou alegando nada contra suas habilidades. — Stefano solta uma risada sem humor. — O conselho divulgou um vídeo, acredito que seja o motivo dela ser mencionada, estão assustados com o fato de uma mulher daquele tamanho ter causado um grande estrago.

— Isso é bom, sabem que as mulheres da nossa família não são fáceis de mexer, mama e tia Ágata ainda são mencionadas pela chacina que fizeram. — Digo e ambos concordam. — Isso cria uma boa imagem, nos criamos nossas leis e ditamos as regras desse jogo, as mulheres da famiglia não são apenas as peças de um tabuleiro.

— Mas além de causar medo, causa inimigos. — Luigi comenta girando o cigarro nos dedos. — Acreditamos que os mexicanos não estão gostando muito dos nossos movimentos.

— Eles são nossos principais alvos no momento, Chiara foi enviada para uma missão. — Lorenzo menciona, a tempo estávamos desconfiados dos mexicanos e precisamos deles ao nosso lado e não contra. — O foco foi o tráfico de armas, mas também descobrir seus próximos passos e ver qual aliança podemos tirar disso.

-Juan e Mallon são muito diferentes na sua forma de administrar. — Ambos irmãos e dividiam o território do México pela metade.

— Um deles estará ao nosso lado.

— Juan não irá se opor, ele sabe que isso facilitará seus negócios, fechando com uma parte do México conseguimos mais estabilidade, e com o meu casamento nosso respeito aumentará.

— Já conheceu a sua noiva? — Stefano pergunta e Lorenzo solta uma risadinha.

— Podemos dizer que não é a melhor opção, a noivinha dele não é bem falada em nosso ciclo, na verdade, ninguém daquela família é exceto a pequena Valentina que nem aparece nos eventos, só sei que está viva devido a Chiara.

— Bom, o importante é que iremos fazer de tudo para cada vez mais o sobrenome Martinelli ser ainda mais respeitado, custe o que custar.

Por Destino -Família MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora