Capítulo 3

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Eu odiava hospitais, na realidade não acredito que exista  uma pessoa neste mundo que goste deles. Tento me mexer, mas sinto uma leve fisgada em meu abdômen.

Céus, eu havia me atirado em frente a uma bala. Um dia quando tiver minha família essa seria uma das histórias que eu adoraria contar para meus filhos e netos e com toda a certeza pediria para os mesmos nunca fazerem o mesmo.

Seria algo como:  "Quando a vovó tinha vinte e três anos e fazia apenas um mês que ela estava na Itália ela levou um tiro para salvar um cliente, um completo desconhecido".

Me estico ficando na beirada da cama, meus pés descalços tocam o chão frio,  estou prestes a sair da cama quando a porta é aberta.

-O que você faz essa hora acordada e tentando sair da cama? – A voz de Enrico preenche o quarto olha para porta e sorrio, um sorriso sapeca de quem foi pega fazendo algo errado.

- Buongiorno para você também, agora venha aqui me de suas mãos preciso ficar em pé. – Mesmo desconfiado ele caminha em minha direção. -Céus, você é alto. -Digo olhando para o rosto do mesmo e um sorriso debochado nasce em seu rosto.

Algo que notei  em nossa tarde de conversa, Enrico possui vários tipos de sorrisos, alguns até mesmo não evidentes, porém todos mexeram  comigo. O homem era de uma beleza implacável e não tem como negar e os homens bonitos me deixavam nervosa.

-Ou você que é baixinha demais. -Comenta assim que consigo me firmar no chão.

-Ei pode parando aí, sem piadas sobre altura eu salvei sua vida. -Digo e endireito minha postura, mas acabo soltando um resmungo de dor, o mesmo me olha preocupado. -Calma, não me olha assim, preciso endireitar minha coluna e ver se consigo andar. -Eu estava sozinha e precisava trabalhar não podia me enrolar muito com a minha recuperação.

Seguro suas mãos e ele vai se afastando para trás e eu acompanho seus passos. – Viu, tudo está bem.- Digo animada, algo muito bom sobre meu corpo e minha saúde eu sempre me recupero rápido, talvez por sempre estar sozinha não tinha muito tempo para ficar doente ou lamentar alguma dor, não teria ninguém para me cuidar e nem fazer minhas atividades.

Batidas são escutadas na porta e logo o doutor Carlos entra no quarto. Um senhor por volta de uns cinquenta anos, muito simpático e cuidadoso, e que foi muito educado me explicando tudo o que ocorreu com o meu corpo.

-Vejo que a senhorita se encontra muito bem para quem levou um tiro. -O mesmo fala sorrindo.

-Não é ?! Minha saúde é de ferro doutor.- Digo e Enrico me ajuda a sentar novamente na cama.

-Você já está liberada Nina, peço apenas que se cuide nos próximos dias nada de esforço e ficar muito tempo em pé, tente descansar. -Fala e eu concordo, ele me fita de uma forma engraçada. -Descansar mesmo ouviu, algo me diz que você não é de ficar muito parada.

-Obrigada por tudo doutor, prometo que vou me cuidar. – Sorrio e o mesmo assente deixando o quarto.

-Você conseguiria chamar um taxi ? – Pergunto para Enrico que nega.

-Irei te levar em casa.

-Capaz Enrico, isso não se faz necessário. – Digo e olho pelo quarto atrás das minhas roupas. -Você viu as minhas roupas?

-Acredito que colocaram fora, estavam com muito sangue. -Concordo, começando a me preocupar não poderia ir embora com a camisola  – Me dê um minuto. -Concordo quando o mesmo se afasta pegando o seu telefone.

-Lorenzo, me faça um favor traga roupas femininas para o hospital da família. - Diz para a pessoa no telefone ele se afasta mais e eu tento não prestar atenção em sua conversa, foco em meus cabelos que são bem prováveis estarem um ninho.

Por um minuto meu cérebro volta para o dia anterior, e um pensamento que até o momento não tinha surgido...seria penas alguma casualidade ou alguém estava perseguindo Enrico.

-Certo fico no seu aguardo. – Diz e desliga a ligação seu olhar se volta para mim. – Você está com uma cara de quem quer perguntar algo, mas não sabe se é o correto?

- Sim, irei te perguntar caso não queira responder não precisa. – Falo gesticulando com as mãos, uma mania que tenho quando fico nervosa. Enrico se apoia no encosto da cama ficando com seu rosto a pouca distância do meu.

Caramba que homem bonito, se antes eu estava nervosa agora estou falecida.

Seu olhar é sério no aguardo da minha pergunta.

-A tentativa de ontem foi casualidade ou estavam mesmo atrás de você? – Seu olhar continua firme, levanto minha cabeça encarando seus olhos. A pessoa pode até ser uma boa mentirosa com as palavras mas nossos olhares sempre entregam uma mentira.

-Eu não devia lhe falar, porém acredito que você mereça saber. – Concordo. – Foi uma tentativa de homicídio, e não é algo raro o que me deixa preocupado é o fato de acontecer no nosso território. – Meu cérebro acaba de entrar em colapso, mil e uma coisas estão se passando em minha mente.

É um trabalho incomum e a riscado, isso é um fato.

-Certo, obrigada pela sinceridade e não se preocupe as hipóteses que criei vão ficar apenas em minha mente. – Falo e o mesmo sorri.

Não importa o que ele faz da vida, não é da minha conta. Ele está sendo gentil e não precisava, algo que aprendi nessa vida é que quanto menos se metermos na vidas das pessoas melhor.

A porta é aberta e um homem loiro alto entra sorrido.

-Está é a salvadora de meu primo então.- Ele se aproxima sorrindo de forma galanteadora. – Prazer piccolla, sou o primo deste ser me chamo Lorenzo.

-Prazer Lorenzo. – Falo sorrindo, o mesmo me entrega uma sacola com roupas.

Com toda certeza o DNA desta família foi abençoado por deuses, ainda desnorteada com tanto hormônio masculino sigo em direção ao banheiro em busca de alguma dignidade.

Por Destino -Família MartinelliOnde histórias criam vida. Descubra agora