17| TIO HAROLD, SOU EU, DANDY SPRING

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"Tudo isto parece estranho e irreal. E eu não vou desperdiçar um minuto sem você. Meus ossos doem, minha pele sente frio, e eu estou ficando tão cansado e tão velho. Cada minuto a partir deste agora, podemos fazer o que gostamos em qualquer lugar. Eu quero tanto abrir seus olhos."— Open your eyes (Snow Patrol)


Antes da bagunça temporal.

— Falke! — Ymir o chamou, preocupada. — Não faça isso!

— Eu estou farto, quero viver de verdade.

— Mas nós já vivemos de verdade, somos eternos.

— Eu não quero ser eterno — o rapaz a encarou. — Eu quero nascer, viver e morrer.

— Você é filho de Frey, pode fazer o que bem entende com o seu tempo. Por favor, não desperdice a sua eternidade por causa de sentimentos tão mundanos.

— A minha mãe é humana, ela se chama Bergit Truelsen, sabia?

A deusa da primavera se aproximou do amigo e tocou-lhe o ombro.

— Isso não o faz menos digno de estar entre nós.

— Ymir, eu sempre irei me oferecer a você, não importa o que aconteça.

— Falke, por acaso você já pensou nas consequências desastrosas que isso pode causar na vida dos mortais que estiverem ao seu redor?

— Não, eu não pensei.

— Sabemos que pode haver algo muito maior do que nós, não ache que o castigo por suas ações será brando. .

— Talvez eu queira o castigo, Ymir.

A deusa o lançou um olhar questionador.

— E qual castigo?

— Esquecimento. Eu quero esquecer desta vida infinita. Quero nascer, viver, me apaixonar, sofrer, ter filhos... ter uma vida de verdade, onde a morte possa ser o fim.

— Certo, me fala o nome da humana. Você é igual ao seu pai, sei que se apaixonou por uma.

— Alice Wallace, ela é meio louca.

Ymir engoliu em seco e segurou as lágrimas.

— Vou esquecer de você também?

— Sim, não vai se recordar de nada.

— Por favor, não — a deusa o segurou pelo braço e implorou. — Não faça isso.

— Mas eu já fiz.

Os olhos amarelados da deusa caíram na roda do tempo nas mãos dele. A pequena alavanca estava antes do início.

— Quando eu precisar da minha roda do tempo, você forja de volta?

Antes que ela pudesse responder, Falke foi arremessado no espaço-tempo. Ele sentiu muita dor quando o corpo foi se desintegrando. Por um breve momento, temeu deixar de existir para sempre. O frio congelante o fez gritar, e depois veio o silêncio absoluto. Aos poucos, um calor reconfortante o invadiu, afastando os resquícios do frio solitário do universo. Ele já não lembrava mais de quem era ou quem foi um dia. O bebê gritou com toda a força de seus pulmões quando foi expulso da barriga da mãe. O calor reconfortante do útero deu espaço ao frio da vida real e mundana, mas logo foi afastado por uma manta grossa. Emília Truelsen olhava para o neto como se fosse a coisa mais preciosa do universo. Ela o enrolou e o entregou aos braços da jovem Bergit.

— Falke — Bergit murmurou em lágrimas. — Esse é o seu nome, meu amor.

— Onde está Frey? — Emília perguntou.

LOVE, FUTURE & NOSTALGIAOnde histórias criam vida. Descubra agora