Noite estrelada

52 9 0
                                    

(Capítulo da SEGUNDA versão da história)

~~

Cheguei em casa naquele dia saltitando que nem um cabrito, exclamando:

– Adivinha quem conseguiu um emprego?!

Só que não tinha ninguém lá.

– Mãe? Jenny?

Fui para a cozinha e olhei pela janela à procura da minha irmã e logo a encontrei brincando com outras crianças no parquinho.

Procurei por algum sinal de bilhete ou recado pela cozinha e não achei nada. Concluí que minha mãe ou tinha ido na casa de Tia Beth ou na birosca comprar alguma coisa. E eu só não tinha encontrado com ela porque tinha subido pela outra rua.

Dei de ombros e peguei meu celular, discando pra Liam. Ele provavelmente estava na empresa ainda, e se não, devia estar saindo agora.

Oi? Ali?

– Liam, eu tenho um emprego! Eu vou trabalhar! – falei indo para o meu quarto após tirar os tênis para não sujar a casa.

Claro que eu ainda teria que ir no primeiro dia para fazer o teste (e não deveria estar cantando vitória antes da hora, eu sei, eu sei!). Mas eu confiava nas minhas habilidades e tinha certeza de que a Dona Rosa tinha gostado de mim — pelo menos o suficiente para me contratar —. Então eu já estava me considerando empregada.

Que, você conseguiu?! Ah, Ali!! Eu sabia que ia dar tudo certo! – ele pareceu tão animado quanto eu – O glitter mágico da festa da Tinker Bell não te fez voar mas te fez conseguir o emprego, viu? – ele disse me fazendo gargalhar – Meus parabéns!! Quando você começa?

– Semana que vem. Segunda-feira. – eu mordi o lábio e dei mais pulinhos – Ai, Liam, eu tô tão feliz!

Eu também estou feliz por você, Ali. Muito. – ele ficou em silêncio por uns segundos enquanto eu me jogava na cama balançando as pernas no ar. Pude ouvir alguns sons de papéis do outro lado da linha – Estou saindo agora. Vou passar em Dona Jô pra comprar uns lanches e vou passar aí pra te ver, pode ser?

– Pode. Vou te esperar.

– Tudo bem então. Até daqui a pouco.

– Até!

Liam veio naquele dia trazendo um lanche pra mim e a minha sombrinha que ele tinha deixado na lanchonete e eu não tinha ido buscar, e nós comemoramos juntos sentados na varanda da frente de casa, lanchando.

Aquele, na minha visão, tinha sido um grande passo dado. As vizinhas fofoqueiras tinham nos visto e provavelmente até Tia Beth também, e se não, logo a fofoca chegaria nela. Mas eu não me importei com nada daquilo.

Liam infelizmente não pode ficar por muito tempo porque ele ainda tinha mais coisas pra fazer e resolver naquele fim de tarde (assim como eu), o que foi um pouco ruim porque... bem... porque eu queria passar mais tempo com ele. É, era isso.

No dia seguinte, na sexta-feira a noite, muito pontualmente ele veio me buscar para sairmos. Não deixei de notar que minha mãe só tinha me deixado ir de boa depois que disse que iria ir e voltar de carro com Liam. Hum, eu teria que vigiar aquele comportamento senão ela ficaria com essa mania de só me deixar sair se fosse com ele que nem ela fazia quando eu frequentava as aulas de Muay Thai — eu só podia ir se Lucas fosse junto. Era muito irritante. Eu não precisava de uma babá.

Liam parecia um pouco nervoso conforme dirigia pela rua à noite à procura de uma vaga decente para estacionar. Era totalmente compreensível porque, um: Ele não fazia ideia de para onde estávamos indo e, dois: Ele finalmente ia conhecer minhas amigas. Aliás, as meninas já deviam estar lá nos esperando com os outros amigos delas.

A Ascensão de Alexandra Lobos (A Garota que Sonhava)Onde histórias criam vida. Descubra agora