Caos na educação física

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(Capítulo da SEGUNDA versão da história)

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   Domingo, dia 10 do mês de agosto.

Eu não tinha planos de vê-lo naquele dia, mas mesmo assim, Liam apareceu na janela da minha casa, mais especificamente do meu quarto, enquanto eu finalizava um quadro. Era uma obra que não tinha nada de romântico ou bonito, mas ele não pareceu se importar enquanto me assistia pintando com aquele olhar de admirador.

Quando não aguentei mais fingir que estava conseguindo ignorar, eu larguei o pincel no pote com água e peguei um outro mais fino e limpo, o olhando.

– O que foi? Não vai entrar?

Ele fingiu pensar.

– Já fui convidado para entrar, mas ver você desse ângulo em específico é muito mais interessante...

Eu joguei a toalhinha manchada de tinta nele.

– Você não liga pra nada, né? Só quer ficar aí flertando comigo... – sorri fazendo um biquinho no final, me fingindo de chateada.

Ele lançou um beijo para mim — todo sem vergonha já, muito diferente daquele garoto acanhado que eu encontrava na lanchonete — e deixou de se apoiar na minha janela.

– Isso não é verdade, Ali. – ele falou sério apesar de estar com o mesmo ar leve de sempre – Vim te ver já que você estava respondendo minhas mensagens toda monossilábica...

– Estava?

– Sim... Me deixou preocupado. – ele disse sincero, o que me fez deixar o pincel de lado – Aconteceu alguma coisa? Calma aí, não responde. Espera só um minutinho.

E saiu correndo para dar a volta na casa.

Eu fechei os potinhos de tinta e deixei o pincel limpo ali em cima da mesa, me virando no exato momento em que ele surgiu na porta do meu quarto.

– Vai, me conta tudo. Até seus pais parecem mais quietos... Quer dizer, sua mãe é a mesma, mas seu pai parece chateado. É o que eu tô pensando?

Eu apertei os lábios e abaixei o olhar, assentindo em silêncio.

– Caramba, Ali, por que você não me disse nada? – ele me puxou para sentar ao lado dele na minha cama.

Eu suspirei.

– Não queria que você se preocupasse...

Ele balançou a cabeça.

– Que besteira.

Eu revirei os olhos.

– Não é besteira... Ei, Alice te contou que eu encontrei com ela ontem? Nós trocamos doces...

– Sim, ela me contou. Agora pare de tentar mudar de assunto, moça. – ele repreendeu tirando o cabelo do meu rosto delicadamente. Eu não consegui controlar a cara de derrota que fiz – Vai, me diz. Como você está se sentindo?

Eu não queria dizer. — Qual era a dificuldade das pessoas entenderem que eu simplesmente não gostava de falar sobre meus sentimentos assim tão abertamente? — Mas eu sabia que ele não ia desistir. E eu não queria ver ele preocupado por mais tempo...

Então fiz um esforço e me obriguei a falar.

– Bem... Preocupada? – olhei para ele e dei de ombros desviando o olhar – Eles foram na casa da minha tia ontem e fizeram currículos para ele começar a entregar amanhã, mas...

Ele apertou a minha mão. E eu não precisei dizer mais nada.

– Tenta não ficar pensando de forma negativa. Seu pai é um homem bom, isso dá pra ver de longe. Ele com certeza vai conseguir algo rápido. Só não pode desistir. Ele não pode parar de tentar.

A Ascensão de Alexandra Lobos (A Garota que Sonhava)Onde histórias criam vida. Descubra agora