Êxitos

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(Capítulo da SEGUNDA versão da história)

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   Parecia uma cena de contos de fadas, aquele céu.

As nuvens num rosa inocente, a luz num laranja encantador. E o restante da tela que era aquele céu enorme, azul. Um azul limpo, imaculado.

– Não acredito nisso. Tô boba até agora. – bufei, futucando meu celular.

Ele decidiu no impulso, Ali. – Liam disse em resposta ao meu suspiro – Deve ter visto que esse era o único jeito de fazer você se importar menos...

– Ei, de qual lado você tá, hein? – tentei brincar, mas acho que o tom saiu meio carrancudo demais.

Foi a vez dele de suspirar, o que me fez apertar os lábios, um pouco apreensiva. Será que eu estava tão insuportável com o meu humor que estava irritando ele de verdade?

Estou do lado que quer te ver bem. Sei que o jeito do seu pai resolver esse assunto não foi um dos melhores, mas você precisa confiar, Ali. Eu sei que é difícil pra você. – acrescentou, e eu ouvi sons de papéis do outro lado da linha – Sei que você se preocupa além da razão. Mas o que foi mesmo que você escreveu naquele seu caderninho? Sobre se importar menos com certas coisas e fazer mais por si mesma?

Eu balancei meus pés, observando as plantinhas fofas no quintal da casa de Dona Rosa.

– Sabe, é tão estranho você saber tanto sobre mim... – confessei me encolhendo como se ele pudesse me ver. Ver além de mim.

Liam deu uma risadinha sincera.

Você vai se acostumar. Espero que não se importe tanto de ter eu me intrometendo na sua vida dessa forma...

– Não, eu gosto na verdade. E sou eu que insisto em compartilhar essas coisas com você. – parei de falar enquanto ouvia os sons de papéis outra vez. E de dedos digitando num teclado – Enfim, vou desligar. Não quero te atrapalhar.

– Não está atrapalhando. Estou só revisando umas coisas.

– Hum... Mesmo assim, preciso ir ver Dona Rosa. Ela está muito resfriada, tadinha. Daqui a pouco vou fazer um chá pra ela.

– Aquele com alho?!

– Sim. – eu ri quando ele fez um som de sofrimento, provavelmente lembrando de quando ficou doente e eu fiz ele beber aquela aberração – Para com isso! Nem é você que vai tomar...

– Não faz isso com a velhinha, Ali...

– Ué, vai ser bom pra recuperação dela. Você sabe que funciona bem.

– Não tem mesmo uma forma de deixar mais saboroso, né?

– Tendo alho e limão? Não mesmo!

– Tadinha... Argh, caramba... – ele resmungou com alguma coisa que caiu.

– Eu vou desligar pra deixar você trabalhar em paz, Liam. Mais tarde a gente se fala mais, pode ser?

– Não, Ali. Não precisa, não está atrapalhando. Fica mais um pouco, por favor.

Meu coração apertou com a sua insistência. Eu queria tanto ter mais tempo pra passar com ele, mesmo que fosse pra cochilar ao seu lado de novo numa tentativa de assistir filmes da Disney.

– Liam, e sobre o que você escreveu no seu caderninho, hein? – acusei em tom de brincadeira usando as mesmas palavras que ele tinha usado comigo — Sobre disciplina?

A Ascensão de Alexandra Lobos (A Garota que Sonhava)Onde histórias criam vida. Descubra agora