A arte de induzir alguém

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(Capítulo da SEGUNDA versão da história)

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 Acordei na manhã seguinte ouvindo Jenny tossindo.

Eu franzi as sobrancelhas e reparei que ela ainda estava dormindo, sua respiração meio pesada e ruidosa.

A cobri com o cobertor, me sentei na cama e vi as horas no celular antes de sair do quarto ainda de pijama.

– Mãe?

Chamei mais algumas vezes enquanto andava até a cozinha.

– Tô aqui atrás lavando roupa.

Eu suspirei e fui até onde ela estava. Quando passei em frente a janela, notei que o tempo estava nublado. Sem sinal de sol.

– Bom dia. Por que está lavando roupa a essa hora? Deve chover daqui a pouco... – falei coçando os olhos.

Mamãe suspirou e forçou um sorriso pra mim. E isso me fez lembrar de que havia acontecido alguma coisa ontem com meu pai. Jenny e eu tínhamos chegado em casa tão cansadas que mal trocamos de roupa antes de cair na cama, nem demos boa noite a eles — apesar de eu ter ficado acordada por uns bons minutos repassando os últimos momentos daquele encontro.

Minha ficha só foi cair naquele momento, quando grande parte da emoção já tinha passado:

Caramba, Liam tinha me beijado!

O que será que aquilo significava? Quero dizer, existem várias pessoas por aí que fazem isso o tempo todo por fazer, não? Será que ele tinha mesmo feito aquilo só pra me distrair? Ou será que foi porque... Ele gostava de mim?

Eu balancei a cabeça para espantar aqueles pensamentos que me davam reações estranhas.

São literalmente oito e trinta e cinco da manhã, Alexandra. Cedo demais pra começar com esses dramas. — pensei comigo mesma.

– É, eu só tô lavando algumas pra deixar de molho. E também, de tarde com certeza deve fazer sol. O céu está assim porque tá cedo...

Eu balancei a cabeça, assentindo.

– Perdemos a hora da igreja... – murmurei me aproximando e me sentei na escadinha em frente a porta apoiando o rosto nas mãos.

– É... Como foi ontem lá na lanchonete? Comeram direitinho? Jenny se comportou? Eu nem vi vocês chegando. Que mãe desnaturada eu sou...

Eu fechei os olhos.

– Deu tudo certo. Jenny e Aya já são melhores amigas.

– Já? – ela achou graça – Que bom, né? Espero que a babá traga ela mais vezes aqui na pracinha pra elas brincarem juntas...

– Sim... Mas foi Liam que veio no lugar dela ontem. – passei a mão pelos cabelos meio sem jeito, sentindo minhas bochechas corarem ao lembrar do que tinha acontecido ontem – Enfim.

– Ué, a Maria não pode vir?

– É que era o dia de folga dela. Ela tinha esquecido disso. – mudei de assunto antes que ela perguntasse mais – Aconteceu alguma coisa com o papai? Eu vi ele chegando ontem todo triste, cabisbaixo...

Vi minha mãe perder o sorriso e se virar de costas pra eu não notar, mas seu suspiro pesado denunciou tudo.

– O que foi?

– Ah, minha filha, foi só o mesmo de sempre... Aquele homem fez ele passar vergonha ontem na frente dos clientes. Seu pai disse que quase se demitiu naquela hora.

A Ascensão de Alexandra Lobos (A Garota que Sonhava)Onde histórias criam vida. Descubra agora