19- A maldição de 2 anos - part 2

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8 anos - o terceiro desastre

     Harumi se encontrava escondida embaixo de uma árvore no bosque ao lado da funerária. A semana havia sido estressante, talvez a pior da sua vida, porém ainda fingia não entender o porquê de sua mãe e seu pai não poderem mais voltar e ela ter que usar aquele kimono preto em um lugar onde só tinha dois vasos tampados e muitas pessoas chorando, não queria que alguém da família a abraçando em uma falsa empatia pela perda. Fugiu de lá assim que pôde, também não queria assistir seus irmãos mais velhos se despedaçarem enquanto os mais novos tentavam acalmá-los.

     Via as crianças brincarem do topo do morro, tirou as faixas já que nenhuma criança nunca quis chamá-la para brincar, não ficava triste por isso, nunca saberia como agir se alguém o fizesse.

     _ Ei! _ um garoto loiro a chamou. Olhando de relance viu os olhos escarlate e cabelo espetado _ Por que você toda de preto?

     _ A mamãe e o papai caíram de avião... e hoje os meus irmãos mandaram eu vestir isso... _ não olhava pra ele, estava com medo

     _ Ah... _ ele não sabia o que dizer, era a primeira vez que conhecia alguém passando pelo luto de perder pessoas tão importantes. Sem jeito, sentou ao lado da menina _ ... Você não vai chorar?

     _ Não... eu tenho que ser forte. Faço parte da linhagem principal da minha família... _ disse baixinho tentando convencer as lágrimas presas em seus olhos que não escorregassem pelas curvas do seu rosto _ ...tenho que demonstrar ser forte.

     _ ... não tem ninguém olhando ago- _ se interrompeu.

     Ela o olhou, ele devolveu o olhar, nenhum dos dois notou a intensidade nos olhos um do outro, como se já se conhecessem a décadas.

     Ele se perguntava quando que aquelas lágrimas começaram a banhar os olhos azuis disfarçados pela franja que precisava se aparada. Se perguntava se ela começaria a chorar, o que faria se isso acontecesse?

     Ela interrompeu o silêncio com um soluço e então uma lágrima desenhando o seu rosto infantil:

     _ Acha que doeu quando eles morreram?

     _ Talvez não, quer dizer, eles podem ter entrado em pânico, desmaido e não sentiram quando o avião caiu. _ ele estava entrando em pânico e ela estava começando chorar

     _ Desculpa... desculpa... _ ela nem sabia o porquê de estar se desculpando, mas sentiu a necessidade ao ver o pânico nos olhos escarlate. Colocou a faixa nos olhos rapidamente após secar o rosto, queria que o garoto fosse embora o mais rápido possível mas não podia expulsá-lo.

     Repentinamente, algo revestiu a sua mão, era quente e acolhedor. Segurou firme e notou ser a mão do loiro ao seu lado, ouviu a grama mecher com os movimentos do garoto. Ele devia estar na sua frente agora, sabia porque podia sentir a respiração dele em seus cabelos e o seu peito subir e descer em sua testa. Não sabia quando, mas havia sido puxada para um abraço.

Different Types of Monsters (Sendo Brevemente Reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora