Sentado na última cadeira da sala, Ben mexia na ponta de sua caneta com os dedos frágeis, murmurando um pequeno resmungo quando reparou novamente em sua mão machucada. Aaron não tinha limites, arrumou uma briga ontem e agora o pobre e frágil garoto teria que sofrer as consequências.
Ele não sabia muito bem como poderia resolver. Embora, soubesse de toda a situação, claro, já que ambos faziam parte de um mesmo corpo.
── Aaron! ── A professora diz alto e o pequeno se assusta brevemente, retomando sua postura séria. Ou pelo menos tentando.
Ele não havia se acostumado em ser chamado por seu nome "original". Mesmo que sempre seja direcionado por Aaron, ninguém sabia sobre Ben, mesmo que ele apareça por uma boa parte do tempo, as vezes.
Aaron não deixava que soubessem sobre Ben, ja que ele era muito bem escondido dentro de expressões mal humoradas e brigas constantes.
── A diretora está te chamando. ── Ben se encolhe levemente sobre a cadeira, porém logo se levanta.
Ele anda lentamente pela sala. Sente suas bochechas ruborizarem pela atenção repentina. De repente, todos estavam o observando, e isso era constrangedor.
Algumas garotas o estavam olhando intensamente. Ben, embora fosse a outra personalidade mais calma e "santa", podia se dizer que ele não tinha a idade mental de uma criança, ─ embora algumas vezes pudesse ter, ─ ele tinha 17 anos, como Aaron. Mas sua mente era mais pura e casta, diferentemente de seu outro eu que de santo não tinha absolutamente nada.
Podia se ver isto claramente, já que a cada passo do garoto, havia uma garota admirando-o de cima a baixo. Algumas dando sorrisos comprometedores e outras enrolando a mexa de seu cabelo no dedo. Aaron era um bom partido, e querendo ou não, era muito desejado por muitas.
Já Ben, era diferente. Nunca havia sentido atração por nenhuma garota do tipo de Aaron.
Ele achava estranho o modo como as garotas se interessavam por Aaron. Ele era um rostinho bonito cheio de tatuagens, que inclusivamente por causa delas, obtia toda a atenção para sí.
Ben percebeu que a maioria das garotas se interessavam por caras rebeldes, que fumam e que andavam de moto, cheio de tatuagens e respostas afiadas na ponta da língua. E isso soava extremamente errado, pois, afinal, por que se interessar por um garoto marrento, quando se tem a opção de uma pessoa boa e serena na maioria das vezes?
Ben queria atrair garotas, tentou ser rebelde como Aaron, mas não obteve sucesso algum, a não ser brigas e traves enquanto falava numa discussão. Ele não conseguia rebater verbalmente como Aaron conseguia.
Então ele desistiu, porém, não podia conter a leve irritação por levar a culpa pelas coisas que Aaron fazia.Brigar era inevitável. Um poderia ferir o outro facilmente. Ainda mais Ben, que é sensível e frágil, e Aaron que era explosivo e tinha a língua solta.
── Olá Aaron. ── A diretora Marta se direciona a Ben, e o pequeno suspira, sentindo suas mãos suarem e tremerem levemente.
Ele não podia evitar seu nervosismo, todas as vezes que era Ben que tinha que falar com a diretoria da escola, ele sentia um nó na garganta, e por vezes, uma ridícula vontade de chorar.
── Olá diretora. ── Ele sussurra baixo com medo de encarar o garoto na cadeira a sua direita que estava com o rosto bem machucado.
Aaron o obrigou a manter-se firme e de cabeça erguida.
Não demonstre fraqueza. ── Dizia entre dentes para o espelho.Ben sentiu medo, e era inevitável essa troca deles. Inevitável e inesperada. Podia ocorrer a qualquer momento, porém justo hoje, o pobre Ben teve a má sorte de ficar no lugar de Aaron para conversar com a diretora.
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GOOD BOY
RomancePercebi naquela momento que quanto mais eu provasse de seu abismo particular, mais profunda seria a decepção que eu causaria. Ambos os meus lados ansiavam por ela. O bom, e o mau. Ela me deixa alucinado, completamente entregue mesmo contra a minha v...