GOOD BOY

O11

Caminhando pelas ruas calmas e pouco movimentadas, um silêncio se faz presente entre Aaron e Bex. O sol acabara de se por. As nuvens claras cortavam o céu ante o brilho suave da lua.

A garota olhava para seus próprios pés, tilintando pelo asfalto. Enquanto o garoto, observava os movimentos da cacheada alheia ao seu lado.

Deveria contar? Precisava mesmo contar?

Bex não insistiu mais no assunto personalidades desde o recente acontecido na sala de limpeza. Conquanto Aaron e Ben, não paravam de pensar em uma forma de dizer algo.

Ben queria contar-lhe a verdade, queria que soubesse. Porém Aaron não concordava, já que bem lá no fundo, mesmo ele não admitindo, ele sentia um medo sombrio de ser rejeitado, como outrora já foi.

Suspirando, ele confessa.

── Eu não sou assim o tempo todo, ok?

Bex o olha confusa.

── Assim como? ── Ela observa o garoto chutar algumas pedrinhas, ao tempo que continuava andando, evitando contato visual.

── Você sabe... ── Ele engole em seco, esperando que a expressão confusa abandonasse o rosto da garota, porém não abandonou.

── Irritado. ── Ele revela por fim, pouco mais alto que um sussurro.

Se perguntou o por que estava lhe dizendo aquilo. Mas antes que pudesse se arrepender, já havia dito.

Bex acena com a cabeça, excepcionalmente compreensiva.

── Eu sei Aaron, eu sei. ── Um pequeno sorriso estica entre seus lábios carnudos, causando um rubor nas bochechas do garoto, desta vez, provocada pelo constrangimento de Ben.

── Mas você estava, não é? Quando fez aquelas coisas com Kaio. ── Aaron vira seu rosto rapidamente em direção ao de Bex.

── Como você...?

── É verdade que não há muitas pessoas interessantes no colégio, Aaron. Mas você com sua carranca e punhos cerrados, chamam mais atenção do que imagina. Ainda mais quando se tem alguém com um olho roxo. ── Um riso a escapa. ── Não é tão difícil ligar os pontos.

── Você realmente é uma enxerida, Bexter Lewis. ── A voz saira gutural, entretanto um riso rouco e baixo de escárnio se apossa do ambiente, logo prevalecendo um sorriso curto nos lábios do garoto.

── Me pergunto o motivo da briga.── Agora foi a vez de ela chutar as pedrinhas do chão, quase inexistentes. ── Ouvi algumas coisas que sei que não são verdade.

Bexter olha para Aaron, que agora tinha seu maxilar trincado. Seu sorriso havia desaparecido.

── Não são verdades. ── Ele diz, entre dentes.

── Eu sei. ── Ela sibila baixinho.

Só de imaginar as coisas que ele havia lhe dito... Tantas mentiras putritas, que cortavam seu coração.

── Não acredite neles, ok? ── Bex o olha por breves segundos.

Aaron suspira fortemente, precisava se libertar, precisava que alguém realmente soubesse o que lhe corta o peito. Não ligou se estaria vulnerável, ele simplesmente precisava que alguém entendesse, sem julgar, que o compreendece sem retrucar. Era tudo o que ele mais precisava.

Sem mais controle de suas emoções, ele dispara;

── É fácil dizer, você não teve que escutar o que eu escutei. Não teve que ouvir que você é um fodido, que sua mãe te abandonou. Não aguentou teorias de que você foi adotado só porque a porra do seu pai inexistente não comparecia a nenhum evento de escola quando você era pequeno.