Percebi naquela momento que quanto mais eu provasse de seu abismo particular, mais profunda seria a decepção que eu causaria.
Ambos os meus lados ansiavam por ela. O bom, e o mau.
Ela me deixa alucinado, completamente entregue mesmo contra a minha v...
Alerta de gatilho! Contendo abusos emocionais, físicos e entre outros mais. Tome cuidado ao ler!
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Sentada em sua cama, as mãos de Bex tremiam um pouco quando alcançaram os dois envelopes. Seu coração esmurrava sua caixa torácica, estava nervosa quanto a tudo aquilo.
Então, decidiu abrir logo e descobrir finalmente o que havia dentro deles, mesmo ela já tendo uma leve idéia do que poderia ser.
Abriu a carta, como lhe foi indicado. E ao começar a ler, sentiu suas pálpebras pesarem e seu coração apertar.
Ele estava começando a contar para ela. Estava mesmo revelando cada pequeno detalhe, o que ela ansiou por tanto tempo...
* * *
"Olá, Bexter.
Ok, eu definitivamente não sei como começar uma carta. As aulas de inglês a qual colocávamos datas e dedicatórias não me serviram para nada.
Mas este não é o ponto. Há um tempo eu andei pensando sobre nós, e o quanto preciso que você saiba quem eu realmente sou antes de você descobrir por terceiros e se decepcionar.
Eu literalmente vou contar a minha vida inteira Bex. Então, por favor, apenas tente me entender. E no fim, você poderá decidir o que realmente quer.
Tudo começou quando eu tinha por volta de uns oito anos. Minha mãe e meu pai viviam brigando pelas despesas da casa, e pelo tanto que ele saia para beber, deixando eu e ela sozinhos por horas.
Eu era uma criança relativamente irritada, sempre que começavam, eu corria para meu quarto e apagava a luz. Lembro vagamente de alguns murmúrios e memórias de gritos, mas eu os abafava com o travesseiro nos ouvidos.
Minha mãe, como sempre, após uma briga longa, se deitava comigo nos braços e me afagava para que eu dormisse. Ela tentava chorar silenciosamente. Mas eu podia sentir as lágrimas dela escorrerem por seu pescoço e molhar o meu rosto.
Eu a abraçava tão forte... Eu queria que ela se sentisse segura comigo, mesmo que eu não me sentisse, o importante era ela, e apenas ela.
Devo dizer que, infelizmente, não deu certo.
Um dia meu pai chegou em um carro estranho. Minha mãe estava no andar de baixo lavando roupa, então não notou pelo vidro ele se agarrando com uma loira, antes de sair do carro. Ele fez aquilo tão despreocupadamente... Como se não tivesse uma mulher e um filho o esperando.
Quando estava caminhando até a porta, eu corri o mais rápido que pude, cheguei ao lado de minha mãe e puxei o avental dela duas vezes para baixo, em sinal de que eu precisava dizer algo. Era nosso código secreto, quando meu pai não podia saber o que conversávamos.
