O18

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Ben encontrava-se encolhido num cantinho do seu quarto, limpando uma pequena lágrima solitária que escapou de seu rosto.

Como pôde ser tão idiota?

Esqueceu-se de colocar no bilhete onde Bex deveria encontrá-lo. E agora, estava se sentindo patético por ter vergonha de alcançar a janela vizinha e explicar-lhe a situação.

Só de imaginar que Bex poderia ter ficado o esperando durante toda a aula, sem resultados, já apertava seu coração.

Ben voltou triste para casa por uma única razão. Que era justamente aquela. Ele esperou tanto por Bex atrás da quadra, o ponto de encontro de ambos. Mas fora apenas quando chegou em sua casa quase que ao anoitecer, com o coração dolorido, que lembrou que ele não havia escrito no papel.

Suspirando, ele se põe de pé, certo de que tomaria coragem. Desejou que Bex não estivesse brava com ele.

Descendo as escadas de emergência da sua janela, ele pula no quintal vizinho. Ficou observando as escadas até o tão conhecido batente de madeira aparecer sobre sua estatura alta. Mesmo que ele esticasse as mãos, ainda assim, não alcançaria a plataforma.

E então, passou alguns minutos apenas aguardando... Esperando que algo acontecesse.

Mas o que ele esperaria? Se não sua própria coragem que mesmo assim, ainda não chegara.

── Ei, garoto! ── Alguém o adverte, fazendo com que o corpo do pequeno Ben gelasse dos pés a cabeça.

── E-eu precisava falar com a...

── Procure-a outro dia. ── O avô de Bex pareceu suspirar em um notável... Desapontamento? ── Bex não está num bom momento, volte outra hora.

Ben pareceu confuso, mas logo seu olhar se volta para um desespero áspero.

── O que houve com Bex? Ela está bem? ── Procurou qualquer vestígio de pistas nos olhos enrugados a poucos passos de distância dele. O homem pareceu enrigecer.

── Ela... Ela não quer falar com você, Aaron. ── O senhor com um bigode grisalho aconchega suas mãos nos bolsos da calça, como quem está desconfortável com a conversa.

── Ele... Digo, eu fiz algo? ── Ben gagueja sem querer, logo se amaldiçoando por isso.

── Apenas dê-a um tempo. ── Dando seu ultimato, ele se afasta pelo gramado, desaparecendo pelas curvas retangulares da casa antiga.

Ben imediatamente sentiu sua boca secar e sua garganta formar um intenso nó apertado.

O que ele fez? Ou melhor, o que Aaron fez?

── Mas que droga, Aaron. ── Ben pigarreia quando corre até sua casa, agarrando o que parecia ser o seu celular.

── Depois resolvemos isso. ── Aaron toma posse total do controle, ignorando o até então, desespero de Ben.

Enfiando o celular no bolso, ele pega seu capacete rapidamente.

Mas a Bex está triste... - A voz distante em sua mente diz, com uma melancolia notável. - Eu sei que você se importa, Aaron. Você gosta da...

── Cale a boca, Ben. ── Aaron adverte. ── Você sabe que temos coisas mais importantes para fazer. Se ela quer um tempo, daremos a ela um.

Então Ben se cala, fazendo com que Aaron sentisse as batidas dolorosas e rápidas do coração.

Ben de forma alguma queria ficar calado, queria gritar seu amor por Bex a todos em sua volta, reivindicar o que ele almejava.

Mas não, ele se calou. Porém apenas por saber que eles realmente tinham coisas importantíssimas à resolver. Coisas que poderiam mudar tudo.

GOOD BOYOnde histórias criam vida. Descubra agora