Apartamento Para...

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— Onde está o Alex? VOCÊ ACHA QUE EU SEI???
— Ele se jogou?
Tristan falou se aproximando.
— ELE SE FOI, ELE MORREU, E EU NÃO AGUENTEI O FOGO, EU DEIXEI ELE ESCAPAR, MINHA CULPA!!!!
Daniel falou gritando e soluçando enquanto batia a mão no chão com força.
Aaron apareceu e olhou para Daniel e Tristan.
— Será que você consegue achar o corpo dele?
Aaron deu de ombros.
— Cadê o Alexander???
Clarissa chegou ofegante.
— Não está mais aqui...
Tristan respondeu.
A mulher se virou pra Daniel que ainda chorava, chorava como se tivesse perdido metade de si... E como havia....
Ele tinha perdido a única pessoa que lhe restou, a única pessoa que conseguiu confiar, amar, gostar, ser amigo de verdade, perdeu o primeiro amor e o maior amigo.
Suas lágrimas misturavam com o sangue que escorria de sua boca, sua mente doía, sentia que ia explodir, sua visão foi escurecendo...

...

— Daniel. Posso entrar?
A voz de Veríssimo ecoava atrás da porta do antigo apartamento de Alexander.
Daniel estava sentado, olhando pra TV desligada.
— Não vai atender, amor?
Alexander falava sentado no outro sofá.
— Eu não vou, vai você...
— Eu não posso, você sabe disso.
Alex sorriu.
Daniel pegou a muleta, e com dificuldade se levantou e devagar abriu a porta.
— Senhor Veríssimo...
— Daniel.
Veríssimo estendeu a mão. Daniel cumprimentou.
— Entra.
Daniel falou saindo da frente e voltando pro sofá, Veríssimo fechou a porta e entrou, se sentou no sofá onde supostamente Alexander estivera.
Daniel manteve seu olhar pra TV desligada, como se o Veríssimo não estivesse lá.
— Hoje, o pessoal da Ordem vai fazer um enterro simbólico pra Liz.
Daniel olhou de canto.
— Queríamos saber se você não quer aproveitar se quer fazer um enterro simbólico pro Alexander.
— Ele não precisa de enterro... Ele--
— Já fazem quase dois meses. Você precisa se despedir dele.
— Eu não preciso.
— Daniel, o Alexander faria isso por você...
Daniel riu.
— Ele faria tanta coisa, até se mataria.
— Ele fez isso por todos, mas no topo dessa lista, você estava escrito com letras neon.
— Ele morreu com honra... E a Liz?
— Morta por um escripta.
— Qual deles?
— Gal.
Daniel olhava fixamente para Veríssimo.
— Eu tenho medo, tenho medo de me despedir dele, e ele nunca mais estar comigo.
Daniel falou segurando as lágrimas.
— Ele sempre vai estar. Essa tatuagem aí...
Veríssimo apontou com a cabeça para o antebraço direito de Daniel, que estava tatuado um grande coração feito diamante, mas de cor verde, com degradês azuis e amarelos, a cor deles.
— Isso eu tenho certeza que vai manter a memória dele viva. Além, claro. Do seu amor por ele.
Daniel olhava pra tatuagem.
— Enfim, eu espero que você venha para o enterro... Será hoje, no cemitério perto do centro. Espero você lá.
Veríssimo se levantou em silêncio, abriu a porta e fechou.
O silêncio pairou no ar.
— Você precisa ir no enterro Daniel, por mim.
Alexander falou sentado no chão na sua frente.
— Eu não quero que você vá embora.
Daniel disse chorando.
— Eu já falei pra você, eu sempre estarei com você.
Alexander se levantou e deu um beijo no rosto dele.
Por mais que tudo seja um delírio da cabeça de Daniel, ele sentira o beijo tão real quanto o calor deles ali.
Alex se aproximou do ouvido do outro.
— Eu te amo, coração...
Ele foi embora...
Daniel permaneceu um minuto alí, até respirar profundamente, pegar sua muleta e procurar no – agora – seu quarto, um álbum de fotos do Alexander, ele achou uma que parecia ter sido tirado no dia da formatura de Alex. Daniel sorriu de canto.
— Tão inteligente....
Retirou aquela foto do álbum e guardou. Foi andando até o guarda-roupa do negro, e pegou uma das suas roupas e a cheirou, ainda tinha o seu cheiro, aquele perfume forte...
Pegou o seu cantil na geladeira, onde amarrado por um pedaço de tecido amarelo, estava os óculos de Alex.
Daniel se arrumou e fechou a casa.

...

Estavam no cemitério tantas pessoas, Veríssimo, Agatha, Clarissa, Tristan... Mia... E também pessoas diferentes.
Daniel se aproximou silencioso do lado do Veríssimo.
Veríssimo olhou ele de canto.
— Eles estariam felizes por você aqui.
— Eles estão...
Daniel corrigiu.
O silêncio permaneceu no cemitério depois de Agatha chorar aos pés do túmulo da Liz.
— A Elizabeth diria pra você parar de chorar.
Daniel se aproximou da menina e estendeu a mão.
— Ela era impaciente, mas sabia do seu potencial.
Agatha segurava o choro na frente de Daniel.
— O Alex falou tanto de você... Falou que eu devia te perdoar, falou que eu devia conversar com você... Mas eu nunca tive coragem...
Todos os olhavam.
— Eu perdi todos os meus amigos...
Thiago, Elizabeth.... E perdi o amor da minha vida.... Alexander.
Daniel soltou a mão de Agatha e andou até os túmulos, tirou do bolso uma foto, a foto de Alexander e a página do diário dele, que Alexander havia escrito durante o tempo que Daniel estava no hospital.
—" Daniel a cada dia se torna mais tolerável, se torna mais brando. Sempre tive uma admiração nele, sempre foi meu escritor favorito, talvez no começo eu tenha me decepcionado com ele... Mas hoje, eu percebi que por mais que seja estranho pra mim, sinto um pouco de amor nele. Espero no futuro, sermos amigos."
Daniel terminou de ler.
Juntou a foto com essa página e colocou em cima do túmulo da Liz.
— Eu prometi pra você Liz... E pro Thiago, que eu cuidaria dele... Eu fiz o meu melhor, eu cuidei, eu amei, mas do que eu poderia prometer... Mas eu peço que façam isso por mim agora, eu vou morrer como vocês morreram, como heróis, não só pra mim.... Mas pra todos presentes... Heróis, amigos, família...
— Eu não consegui pagar seu sorvete amor...
Ele sussurrou.
Daniel se virou para o sol se pondo e sorriu, três silhuetas davam tchau com as mãos pra ele. Uma mulher, um homem alto e outro homem mais velho. Tudo estava em paz, Daniel deveria ficar também...
Daniel fechou os olhos sorrindo e foi andando de volta para o lugar de onde viera, mas Veríssimo o parou.
— Belas palavras... Acho que você entende a dor de um homem que perdeu tudo para o Paranormal como eu perdi.
Daniel olhou em volta, viu os jovens:
Erin, Joui Jouki, Kaiser, Arthur, Dante, e Fernando.
— Quem são aqueles?
— Equipe D, estavam na missão em busca da Liz.
— Quem é aquele negro?
Veríssimo olhou na mesma direção.
— Fernando Carvalho.
Daniel sorriu.
— O olhar dele me lembra o do Alex..
— Eu sei como dói...
Veríssimo falou olhando os túmulos...
— Veríssimo... Aquele time... Equipe D, vai continuar...
— Vão continuar a busca para matar Kian.
Daniel olhou pros túmulos.
Morrer como eles, heróis.
— Posso entrar na equipe.
— Seria uma honra.

Fim.

Coração Esmeralda || Danilex 🌸✨Onde histórias criam vida. Descubra agora