Capítulo 2

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Bellini Estou em uma fase da minha vida em que não há mais espaço para nada dar errado

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Bellini
 
Estou em uma fase da minha vida em que não há mais espaço para nada dar errado. Desde que meu pai faleceu, cuido dos meus irmãos, Marcelo de 2 anos e Matheus, de 4 anos. Somos só nós três, minha mãe faleceu há muito tempo e as deles, nem sei por onde andam, ambas deixaram os filhos com meu pai ao nascer.

E desde que meu pai se foi, eu sou tudo o que eles têm.

Pago uma pessoa para tomar conta dos meninos quando eles não estão na creche, trabalho como enfermeiro em um hospital e cuido da oficina que meu pai deixou, e mesmo assim ainda não consigo fechar as contas direito no final do mês.

Pelo canto do olho, vejo a mulher trêmula ao meu lado, assim que eu bati meus olhos nela eu a reconheci.

Também, seria impossível não reconhecer, vejo seu rosto todo santo dia. Seu nome é Gisele Carvalho e Costa, e ela é filha do dono do hospital, uma renomada médica cardiologista, e todos que trabalham lá sabem que ela chegaria hoje ao Brasil.

Se acontecer uma merda com esta mulher comigo do lado, eu que vou me ferrar, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco e, no momento, eu e o motorista quem estamos na corda bamba.

Até explicar que é uma infeliz coincidência eu trabalhar no hospital da família dela e ela estar no Cajueiro, comunidade onde eu moro, não quero nem pensar. No mínimo serei despedido, e não posso correr este risco.

Busco sua mão tentando mantê-la calma, seus dedos estão frios, faço uma leve carícia e ela segura minha mão com força.

― E aí, Bellini, qual é a parada aqui? ― Xico, um bandido da comunidade, bate com a arma na porta do carro.

― E aí, Xico, cheguei cansado do plantão, encontrei esta mulher passando mal, aí o amigo ali pediu para eu dar uma ajuda.

― E veio parar aqui como? ― Tonho, um dos membros da quadrilha de Xico, pergunta a Silvano, o taxista, olhando para Gisele. ― Ela parece ser montada na grana, Xico ― completa.

Puta que pariu!

― Você viu como tá a linha amarela? Maior merda lá, cara. Estava parado no ponto de ônibus há um tempão quando o amigo aí pediu ajuda para a passageira, aí indiquei este caminho para chegar mais rápido ao hospital. ― Indico o motorista com o queixo e viro meu rosto para Xico que fixa os olhos em Gisele.

― E aí, tio, beleza? ― Ele desvia de Gisele e fita o motorista.

― Tirando a passageira passando mal, tudo bem, estou tentando tirar o leite das crianças desde às 4h da manhã, esta é minha última viagem antes de ir pra casa ver meus filhos ― o motorista revela e noto um pouco de nervosismo em sua voz.

― Eu acho que se ela ficasse, renderia um dinheiro, Xico! ― Tonho volta a falar e mais uma vez xingo mentalmente e vejo seu chefe analisando a situação, eu sei que Gisele e o motorista só sairão daqui se ele quiser.

Bellini- O Amor pode estar onde menos se espera.Onde histórias criam vida. Descubra agora