Capítulo 17

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Gisele

5 meses depois

Movo meus olhos de Rayssa que fala sobre a última cirurgia que teve para olhar Bellini que me observa fixamente enquanto come um sanduíche. A cada mordida que ele dá, passa a língua nos lábios bem devagar e eu me lembro que aquela língua me levou ao êxtase hoje de manhã.

― Você me chamou para almoçar aqui só para ver seu namorado comer ― Rayssa afirma me fazendo conter um sorriso.

― Não foi só por isso, você sabe que amo almoçar com você, sempre dou ótimas risadas.

― Eu acho uma besteira vocês não poderem nem se falar aqui no hospital.

― Digamos que aqui pisamos em campo minado.

― Eu fiquei sabendo da discussão que seu irmão teve com Bellini semana passada e estou até agora tentando entender o que o Dr. Pedro estava fazendo na ala pediátrica.

― Simples, foi atrás de confusão. Pedro parece uma criança birrenta. ― Bufo me encostando na cadeira.

― Vocês estão há meses juntos, já era para sua família ter aceitado.

― Quem dera. Bem, meu pai já não fala mais nada, afinal ele conseguiu o que queria.

― Você agora só opera celebridades e políticos.

― O que ele sempre quis, quanto mais prestígio o paciente tem, melhor para o nome do hospital.

― Mas por que seu irmão está nessa birra toda?

― Acontece que ele está sendo obrigado a fazer algo que não quer, ficar na administração. Ele queria viajar no feriado e meu pai sabia que ele sumiria por uns 5 dias, então não deixou, ameaçou suspendê-lo.

Solto um suspiro e busco meu namorado com o olhar, ele está me fitando com uma expressão preocupada. Pisco um olho e ele faz um movimento sutil olhando para o teto e eu sei que isso significa que vai me esperar no terraço. Ele se levanta e eu volto minha atenção para Rayssa.

― Na verdade, desconfio que Pedro queira fazer algo parecido com o que eu fiz, só isso explica porque age desta forma.

― Faz sentido.

― Às vezes eu tenho vontade de sair daqui abrir uma clínica ou aceitar a proposta do hospital de Genebra.

― Se abrir a clínica, eu vou com você. Uma clínica especializada em cardiologia, tanto adulta quanto pediátrica, ela seria equipada para cirurgias de pequeno e médio porte, sem emergência, fecharíamos um contrato com algum hospital para fazermos as cirurgias de grande porte. ― Enquanto ouço minha amiga idealizar como seria a clínica, um sorriso contagiante se forma em seus lábios.

― Você realmente iria? Se eu fizesse isso, você iria? Sabe que seria uma loucura, não é? Para nós duas, temos mais a perder que a ganhar.

― Seria uma aventura, você não teria ninguém escolhendo seus pacientes e principalmente estaria longe da sua família e daria tempo para essa ferida curar, suponho que seja isso que está faltando para vocês, um pouco de distância.

― Cada dia que passa acho mais difícil, até com a minha mãe está complicado, mas e para você? Que benefício você teria?

― Começar algo novo, eu pensei que aqui encontraria o que procuro, mas, não está sendo o que eu imaginei.

― Está acontecendo algo, tem alguém te incomodando? Você nunca comentou nada comigo.

― Não é nada disso, apenas algo dentro de mim buscando uma emoção. Gisele, a sua força foi inspiradora, você desafiou todo mundo para ser feliz, não recuou em nenhum momento. Tudo bem que Bellini é um incentivo e tanto ― brinca me arrancando um sorriso.

Bellini- O Amor pode estar onde menos se espera.Onde histórias criam vida. Descubra agora