Bon Voyage

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  A casa está silenciosa e não há ninguém no andar debaixo.

  Subo as escadas, tentando não chamar atenção, mas Ryan abre a porta de seu quarto. Ele está no telefone e parece irritado.

  Entro no meu quarto, fecho a porta e sento na cama.

Como consigo ser tão imbecil? Não consigo nem contar quantas vezes já traí a mulher que realmente amo...

  Olho para Parker, que simplesmente se joga na cama.

  — Por que me faz ser assim? Me fizesse um fantoche assassino ou qualquer coisa dentre estas classes, menos alguém cujo não tem controle sobre o próprio pau!

  Ele se encolhe, levantando e ficando na frente da parede de vidro, mais conhecida como janela, de costas para mim. Vejo ele abrir uma parte, logo se sentando na área de vidro mais grosso.

  — Seguinte, Conrad — começa ele, acendendo um isqueiro —, não sou eu que te faço ser assim. Você é assim. Não é minha culpa que tenha nascido desse jeito. — Diz, soltando a fumaça pela boca.

  Me aproximo, apoiando meus braços em suas coxas, olhando para a paisagem escura.

  — Por que eu tinha que nascer desse jeito?

Ele dá de ombros.

  — Se você não se aceita, como acha que alguém irá?

  — Acha mesmo que Ludo gosta de saber que traio ela?

  — Bom... Dimitri, não sou bom com conselhos... sabe que sempre é assim. Você mente para todos que se auto aconselha, quando na verdade, acorda se xingando e permanece assim até a hora que deita na cama para dormir.

  — Eu sei... mentir que estou bem é mais fácil do que admitir estar péssimo...

  Parker leva o cigarro até os lábios, usando sua outra mão para acariciar meus cabelos.

  — Está a fim de conversar sobre isso?

O olho.

  Flashes invadem minha mente.

"Parker, o que está fazendo?"

"Corra, corra, garota!!"

"Você é uma boa pessoa, Parker"

"Deverias estar queimando no inferno!"

  Me sinto tonto, enquanto escondo o rosto nas coxas do garoto de cabelos negros.

  — Sabe que eu preciso te lembrar disso... na é algo que eu realmente goste de fazer, porque gosto de você... mas é meio que minha função.

  Tiro meus óculos, voltando a deitar minha cabeça nele, ainda sem conseguir controlar as lágrimas.

  — Eu... e-eu não... não era...

  — Shh, está tudo bem. Não precisa se justificar, o que foi feito, está feito.

  — Sente remorso?

  — Eu? Pode ter certeza que não. E no fundo... sabe que você também não sente.

  — Eu sei. — Digo, colocando os óculos novamente.

  — Às vezes, ser cínico é a melhor opção.

  Nos olhamos. Parker apaga o cigarro e o joga para longe, do lado de fora.

  — Você é tão bonito...

  — Não me xingue. — Reclama.

  — Não estou. Leve isso como um elogio de verdade.

Ele sorri.

A Paixão do Imortal 2: Sombras RetornamOnde histórias criam vida. Descubra agora