Não Tenho mais Medo

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  Olhando pela janela do trem, viu Burkittsville se afastando. Era a melhor escolha a se fazer. Sair dali era sua melhor opção... ou talvez não. Deitou a cabeça no vidro, fechando os olhos, ouvindo a música deprimente e alta pelos fones de ouvido.

  Receoso, bateu na porta.

  — Olá, em que posso aj... — Travou sua fala ao vê-lo.

  O alto à sua frente estava diferente. Os cabelos estavam mais escuros e curtos. Seus olhos estavam com lápis e uma sombra escura no canto e ele usava um terno elegante.

  — Olá, Ryan... — Disse o garoto baixo.

  A expressão do alto ficou desnorteada, como se estivesse sem ação.

  — Ah... e você seria quem?

  — Conrad, não é para tanto.

  — Acho que bateu na porta errada. Não me chamo Conrad.

  — Então como se chama?

  — Ryan. Ryan Allen, muito prazer.


  Acordo no pulo. Olho para o relógio que marca 5h29.

Suspiro.

  Talvez eu realmente devesse me desfazer aquela maldita Caixa do Sofrimento.

  Olhando pela janela, conseguiu reparar na chuva mediana que caía, deixando a atmosfera de um jeito mais melancólico.

Havia apenas apagado... apenas isso. Apaguei e sonhei que por algum motivo, Ryan se chamava Ryan Allen...

  Levanto, andando pelo vagão até chegar aos banheiros. Fecho a porta ao entrar. Me apoio na pia, estranhando por conseguir ver meu reflexo.

Meio vampiro, meio bruxo... deve ser por isso. Minha verdadeira essência deve estar me deixando mais fisicamente humano.

  Olho diretamente em meus olhos, pelo espelho.

  — Sei que está aí, Parker... mesmo que não apareça ou que apenas não ligue, resolvi me redimir com quem magoei, e achei mais do que justo começar por você. Sei que vai me ignorar ou você talvez simplesmente tenha desaparecido para sempre, mas eu sinto muito. Sinto muito... a sua falta. Você ao meu lado me faz sentir como se fosse o irmão que nunca tive. Por isso, peço perdão por todas as vezes que disse que você só me fazia ser uma pessoa horrível. Peço perdão por não ter lhe dado o valor ideal. Todos precisamos nos sentir amados... até mesmo você, Dimie.

  Um sorriso deprimido escapa dos meus lábios. Olho para baixo, fixando meus lumes na pia de cerâmica. Já esperava esta mesma reação. Me endireito, porém me assusto ao ver o garoto moreno atrás de mim, apoiado na porta fechada.

  — Sentiu mesmo a minha falta?

  O abraço, deixando a pergunta no ar, fazendo-nos quase derrubar a porta para fora.

  — Me perdoe! Por favor, me perdoe!

  — Ei, já passou! Eu já te perdoei! Se não tivesse te perdoado, nem estaria aqui, otário. Mas, confesso que você me decepcionou bastante. E não só pisou na bola comigo, como com todos os seus amigos. Fora que... sobre o que disse de eu ser como o irmão que você nunca teve...

  — Eu preciso muito de sua ajuda!

  Ele olha para baixo, cruzando os braços.

  — Okay, esquece. E só vou te ajudar, porque odeio te ver depressivo assim!

  — Eu já disse que te amo?

  Ele parece ficar surpreso. Seu rosto parece o de uma criança de oito anos de idade.

A Paixão do Imortal 2: Sombras RetornamOnde histórias criam vida. Descubra agora