Fada madrinha

157 16 10
                                    

Quatro velas estavam acesas a nossa volta enquanto ficávamos sentados em minha cama, às 4h da manhã, nos dando sorvete na boca.

— Então, como sabia onde me achar hoje à noite?

— Bem, quando você me mandou a mensagem dizendo que tinha terminado, estava sentado na Starbucks na esquina do seu apartamento. Vim para cá achando que seria onde você estaria. Queria ir até você e te surpreender. Eu te esperei nas escadas. Essa... Pessoa... Que disse ser sua fada madrinha veio até mim e disse “Tony, certo? Reconheceria você em qualquer lugar pela descrição que Pepper me deu. Sabia que viria atrás dela, seu burro idiota”.

— Sério? — Comecei a rir. — É a Sully. Ela é como minha fada madrinha.

— Bem, você sabe que sua fada madrinha tem um pau maior que o meu né?

— Sim, eu sei. Nós não falamos sobre isso.

— Vocês devem ter falado muito de mim. De qualquer forma, eu precisava te encontrar e perguntei se ela sabia onde você estava.

— Então ela te deu o nome da boate?

— Não de cara. Acho que ela queria me torturar.

— O que ela fez?

— Me fez tirar a camisa.

— Você está brincando?

— Não, estou falando sério.

— Foi só isso?

— Quisera eu.

— O quê?

— Ela me fez segurar uma placa feita de papelão que dizia “otário” e tirou uma foto.

Cobri a boca com a mão e falei.

— O quê?

— Sim. Ela disse que era um efeito colateral.

— Sully é louca.

— Bem, ele... Ela obviamente se importa com você. Posso entendê-la. De qualquer forma, só depois de tirar a foto que ela me deu o endereço e disse “é sua última chance”.

— Nossa. — eu disse.

— Sim.

Tony se virou para mim.

— Preciso que saiba de algo.

— Ok...

— Mais cedo, quando terminamos de transar no beco e você me pediu para não voltar para Chelsea, foi difícil de ouvir isso. Tem uma parte de você que não acredita que isso é real, e você está traumatizada por eu ter te deixado no passado. Me fez ver o quanto eu te feri, e o quanto terei que trabalhar para reconquistar sua confiança.

— Eu estava apenas muito sentimental no momento, ainda mais depois de passar o dia lendo seu livro. Cada sentimento, incluindo meu maior medo, veio à tona.

Tony tirou o pote de sorvete das minhas mãos e o colocou de lado.

Ele colocou a mão no meu rosto.

— Nunca ouve uma competição. Eu amava Chelsea, mas era por omissão. Eu te amo muito mais. A cada segundo que passei de novo com você eu tinha que, constantemente, me lembrar de que amava Chelsea, o que não é algo que se deva fazer. Meus sentimentos por você eram tão fortes que me assustaram. No segundo que entrei no avião, sabia que estava voltando pra terminar as coisas com Chelsea. Era o certo a fazer.

— Você a feriu, não foi?

— Sim. Ela não merecia.

— Sinto muito.

meio-irmão não é irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora