My Roommate {pjm+jjk}

19. Desconforto.

JUNGKOOK

Eu acordei uma ou duas horas depois. Encontrei Jimin dessa vez sentado no chão, ainda em frente ao sofá da sala onde acabei por adormecer.

Nós subimos juntos para o quarto novamente em um completo silêncio. Um silêncio constrangedor, que no entanto, dessa vez nenhum dos dois quebrou ou tentou ao menos.

Consigo sentir o clima ruim e pesado que se instalou aqui em casa e não só entre nós dois, parece que assim que meus pais pisaram aqui novamente, toda a angústia veio junto com eles.

Estamos a bons minutos deitados em minha cama apenas olhando para o teto como se fosse a coisa mais interessante do mundo, mas na verdade não tem clima algum que nos faça voltar para aquela mesa e estudar, ou fazer qualquer outra coisa que seja.

- Me desculpa por isso... - Eu quebro o silêncio de repente e olho para Jimin que no mesmo momento me encara também.

- Pelo que exatamente, Jun? Por que está pedindo desculpas? - Arqueia uma de suas sobrancelhas, aparentando estar confuso.

- Por toda essa situação e esse clima horrível aqui em casa. - Suspiro me sentindo mal por ele ter que presenciar tais coisas. - Você já não estava bem com tudo que aconteceu na escola e agora tem isso com meus pais aqui.

- Ei... está tudo bem. - Jimin abriu um sorriso pequeno e sutil. - De verdade. Não tem que pedir desculpas por isso, afinal nada disso é sua culpa.

- Toda essa situação deve ser desconfortável... - falou cabisbaixo.

- Eu realmente não me importo - afirmou mais uma vez. Jimin se aproximou um pouco mais e logo senti seus braços rodeando minha cintura e meu coração batendo mais forte. - Você me chamou para vir para cá e eu aceitei já tendo isso em mente. Eu só fico mal por você ter que passar por isso tudo.

Assenti em silêncio sem dizer nada. Minha mente vagou novamente por esses dois únicos momentos que tive com meus pais.

Eu nunca tive uma relação boa com eles, eles nunca foram presentes em minha vida, mas também nunca haviam sido tão rudes. Por não ter uma boa relação com eles, por não ter convivência, nunca soube como de fato eles pensavam, nunca soube como eram suas verdadeiras personalidades, jeitos e gostos. E agora eu simplesmente odiei conhecer esse lado deles. Odiei saber que eles são tão rudes ao ponto de me dizer coisas tão cruéis e de serem tão... nojentos.

Sei que são meus pais, mas eu nunca senti como se eles verdadeiramente fossem minha família, muito menos depois de tudo que aconteceu. Nunca pude sentir o acolhimento que algumas pessoas sentem ao lado de seus pais, muito menos carinho, ou por exemplo, segurança para falar e conversar sobre qualquer coisa.

Eu me acostumei com isso com o passar do tempo, apesar de ainda assim me causar muita tristeza e dor; Acabei tendo que aprender a lidar com toda a situação, com toda a falta de presença, a falta de carinho, etc.

É uma dor que sempre esteve presente, eu apenas aprendi a guardá-la a sete chaves dentro de mim e dessa forma lidar com ela do meu jeito.

Antes eles mal falavam comigo ou estavam comigo, hoje é a mesma coisa, mas a diferença é que ultimamente, se falam algo comigo ou estão perto de mim, me tratam como se eu fosse o maior desgosto deles; E talvez agora eu realmente seja.

- Mesmo assim... - Suspirei, quebrando o silêncio que por um momento se instalou no meu quarto novamente. - Você já estava mal e quando chega na minha casa está esse clima insuportável por causa dos meus pais.

- Jun. - Seu olhar se tornou ainda mais sério dessa vez e isso me fez engolir seco. - Olha 'pra mim. - Eu assenti e senti uma de suas mãos soltando minha cintura, e ele logo levou até meu rosto e começou a acariciar minha bochecha. - Eu sei como estão as coisas por aqui, mas eu realmente não me importo. Não estou me sentindo mal, pelo contrário, você conseguiu me deixar longe daquilo tudo e sinceramente eu nem estou lembrando disso agora, mas se quiser eu posso ir embora...