My Roommate {pjm+jjk}

26. Desconhecidos.

JUNGKOOK

Eu estava cansado. Meses se passaram e as coisas parecem não sair do lugar, eu sigo uma mesma rotina robótica constantemente; tenho aulas com professores particulares, estudo sozinho em meu quarto, observo o sol se pôr. Mal consigo conversar com meus amigos ultimamente, nem mesmo por ligações escondido dos meus pais.

Estava tudo tão bom para ser verdade, eu finalmente tinha um pouco de liberdade, mas de repente, estou preso mais uma vez e tudo volta a ser monótono, cinza e triste. Sequer posso sair para respirar e são poucas as vezes em que me permitem ficar fora desse quarto agora. De qualquer forma, não tenho muito o que fazer fora dele, sequer sinto vontade, pois basta trocar um único olhar com meus pais para aquela dor infernal se estabilizar dentro de mim.

Lamentavelmente, nesses últimos meses, após voltarem daquela última reunião, eles não saíram tanto de casa, trabalham por aqui e por isso não tenho nenhuma brecha para ligar para ninguém.

Eu não sentia mais apenas mágoa, sentia raiva daqueles que um dia disseram me amar incondicionalmente e não conseguia evitar. Sequer podia viver como qualquer outro adolescente normal da minha idade, estava vivendo como um boneco criado apenas para ser perfeito exatamente da forma como eles queriam que eu fosse. Quando eles me deram um pouco de liberdade, me dando a chance de frequentar uma escola, pensei que as coisas pudessem ser diferentes, tive um pouco de esperança crescendo em mim, mas bastou descobrirem quem realmente sou para voltarem a me aprisionar dentro dessa casa, deixando as coisas ainda piores do que eram antes.

Não sei o que se passa na cabeça deles, talvez eles tivessem em mente que me prender fosse fazer com que eu fosse o filho que eles projetaram na mente deles, mas eu nunca serei essa pessoa e nesses meses percebi que eles não me amam, mas amam essa imagem que criaram na mente deles. Isso doía, doía como o inferno, mas agora, acima de tudo, eu sentia muita raiva e desejava nunca mais vê-los na minha frente.

Escutei duas batidas na porta, ainda deitado sobre minha cama. Havia acordado a poucos minutos, mas não estava sentindo vontade e muito menos disposição para levantar, por isso apenas pedi para que a pessoa do outro lado entrasse em meu quarto. Como imaginei, era senhora Margie, carregando uma bandeja de café da manhã, como já vem sido costume desde que decidiram me prender aqui novamente.

- Bom dia, Jungkook. - Ela me cumprimentou, colocando a bandeja no móvel ao lado da minha cama. - Seus pais disseram que querem conversar com você e pediram para se arrumar e descer na hora do almoço.

Arqueei as sobrancelhas, confuso. Agora eles sequer me deixavam sair do meu quarto, isso faz um sentimento ruim crescer dentro de mim porque isso tudo soa estranho, depois de tudo que aconteceu só consigo imaginar que desse almoço não vai sair nada bom. Eu sinto medo, mas também me pergunto quais absurdos terei que ouvir dessa vez.

Sem ânimo algum, balancei a cabeça em sinal de confirmação. Senhora Margie tinha um olhar triste e não escondia isso. Assim como eu, ela não disse mais nada, apenas afagou meus cabelos e minha bochecha antes de sair do meu quarto.

Já faz um tempo que sequer sinto fome, mas assim como nos outros dias tentei comer o máximo que consegui das coisas que estavam naquela bandeja, porque sei que apesar de não conseguir, preciso comer, mesmo que seja apenas um pouco. Eu demorei um pouco, mas me levantei, escovei os dentes, lavei o rosto e comecei a me arrumar.

Quando senhora Margie disse que meus pais pediram para eu me arrumar para o tal almoço, eu sabia que o queria dizer; isso significa que preciso vestir aquelas roupas formais, como eles sempre fazem, mas que eu realmente penso ser uma enorme idiotice.

Sinceramente, qual era a necessidade disso tudo? Eu nunca entendi e sempre me questionei. Eram apenas almoços em "família", então por que eu não podia simplesmente escolher as roupas que gosto e que me deixam confortável? E não é que não goste de roupas assim, até acho bonitas, mas não é algo que usaria em casa, principalmente para uma simples refeição que muitas vezes durava menos que uma hora.