Capítulo 16

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    As mãos de Sasuke ainda estavam firmes em minha cintura e somente esse contato me manteve em pé. Demorou um pouco para que as palavras do homem fizessem sentido para todos, mas quando a realidade dominou o ambiente, todos ao nosso redor começaram a tumultuar na porta, querendo ir para as ruas confirmar com os próprios olhos. 

    Meus pés se movem sozinhos enquanto eu me desvencilhava do arquiduque e seguia as pessoas para fora. Eu podia sentir sua presença atrás de mim, mas meu foco estava no que acontecia à minha frente, na rua já lotada de curiosos. Eu nunca estive em sintonia com o povoado como agora, boquiaberta para o horror do horizonte que iluminava a noite com um vermelho profano. Não percebi em que momento comecei a me movimentar, mas quando dei por mim, estava correndo em direção ao Palácio Negro com todas as minhas forças. 

    Eu conseguia ouvir com clareza a voz de Sasuke me chamando enquanto corria pelas ruas. Não conseguia parar para atender o seu chamado, pois meus olhos estavam fixos na imagem do Palácio Negro em chamas. Mesmo a distância o brilho do fogo se fazia visível, e o vento trazia o odor corpulento da fumaça.  

    — Sakura! — ele chamou agarrando meu braço, me parando no lugar. — O que está fazendo? — Ele quase gritou, preocupado. 

    — Tenho que ir até a minha família! — Gritei de volta, tentando me soltar do seu agarre desesperadamente. 

    — E o quê? — Ele soltou meu braço e segurou meus ombros com às duas mãos, me paralisando no lugar. — Pretende ir andando até o palácio? Não está pensando direito, Sakura. Nada está acontecendo lá, isso eu lhe garanto. — falou tentando transmitir calma. 

    Olhei incrédula para ele. Ele não estava me segurando com força, mas seu toque se tornou insuportável. 

    — Por que está tentando me impedir de ver, Sasuke? — Afastei suas mãos de mim, e ele cedeu sem tentar me tocar novamente. Ignorei a mágoa em seu rosto. — Nada vai me impedir de chegar até minha família, nem mesmo você. 

    — Sakura, eles estão em segurança. Não há nada acontecendo naquele lugar e mesmo que estivesse, como pensa em chegar lá correndo pela floresta? — Ele voltou a colocar as mãos em meus ombros, acariciando-me com movimentos lentos de vai e vem. — Se acalme, sim? Prometo que ao amanhecer irei levá-la até lá como é devido. 

    Olhei para seus olhos suplicantes. Uma parte de mim, gostaria de acreditar nele, de ignorar as brasas às nossas costas e voltar para a taberna e continuar de onde paramos. Mas o pensamento fazia meu sangue ferver, transformando o clamor de Uchiha em amedrontamento. 

    Respirei fundo algumas vezes com o intuito de pensar racionalmente. O gesto pareceu afetar Sasuke que  segurou meu rosto carinhosamente com as mãos. 

    Reprimi o impulso de me afastar.

    — Preciso que confie em mim, Sakura. — Tudo nele parecia implorar para eu fazer isso. — Você confia?  

    — Sim — menti. Não havia maneira de eu ignorar o que meus olhos viam. E Sasuke não poderia pedir para que eu simplesmente fizesse isso. Agora mais do que nunca, havia se tornado impossível acreditar no arquiduque amaldiçoado. — Eu confio em você, sei que seus servos e Cecília os mantém seguros, mas eu preciso ir até eles.  — Sasuke me olhou com decepção e a mágoa brincou nos seus olhos, que logo foi substituído por dúvida. — Por favor. 

    Ele suspirou audivelmente e bagunçou os cabelos com a mão frustrado. 

    — Tudo bem, mandarei preparar uma carruagem — disse resignado. O rubi da sua iris parecia mais intenso quando ele voltou a colar os olhos nos meus. — Mas deve me prometer, Sakura, que não fará nada imprudente e que se manterá ao meu lado. Prometa. 

PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)Onde histórias criam vida. Descubra agora