O salão pareceu se fechar ao meu redor, as cores que antes me agradava agora pareciam pesar os meus olhos. Minhas pernas tremiam e minha boca estava inesperadamente seca. Tentei me afastar do toque de Sasuke em um gesto involuntário, mas que acarretou um movimento bruto que fez com que as correntes agora invisíveis o puxa-se pelos braços em minha direção. Ele fez uma careta de dor.
— Meu amor, acalme-se por favor — Sasuke falou, mas eu não conseguia absorver os sentidos de suas palavras.
Ao nosso redor, o salão continuava brilhante com os sons de risadas e conversas animadas, ninguém além de Naruto parecia consciente do meu pequeno conflito. Procurei meu irmão com os olhos e o vi próximo à mesa de doces, onde estava sendo servido pelo mordomo Kakashi. Olhei atentamente em direção ao seu pescoço, mas não conseguia enxergar com clareza, por impulso, comecei a andar em sua direção, mas Sasuke me impediu, ao segurar meu braço com delicadeza.
— Ele está bem, não se preocupe — Sasuke falou usando o mesmo tom de voz carinhoso que ele usava quando passávamos as noites juntas. — Ele não sabe da maldição, ela não virá atrás dele e nem da sua mãe. — Ele acariciou os meus braços, deixando um pouco do seu calor tomar minha pele.
Finalmente, eu consegui usar um pouco de racionalidade e absorver as suas palavras e dar significado a elas. Ignorando as pessoas ao nosso redor que brindavam e comemoravam algo sempre que passávamos por elas, deixei que Sasuke abrisse o caminho em direção aos corredores, onde ele cuidadosamente me sentou em uma das cadeiras. Ainda em pé, ele alisou as mãos nos cabelos e respirou fundo algumas vezes.
— Você terá que ir embora ao amanhecer.
Um tapa teria doído menos, teria sido menos repentino.
— Não — falei sentindo uma onda de teimosia inundar o meu peito.
— Meu amor, já falamos sobre isso antes e o que aconteceu agora é só a prova de que esperamos muito tempo. Eu te amo demais para submetê-la a tormenta dessa maldição.
Eu sabia há muito tempo que teria que dizer adeus, mas não hoje, não assim...Doia pensar em retornar para uma vida onde ele não existia, onde não poderíamos conversar, nos tocar.
— Não me chame de amor e peça que eu vá embora na mesma frase. Diga-me que me odeia, que não me suporta e que sou a escória que não deveria respirar o mesmo ar que você, mas não encha meu coração com essas palavras doces só para tirar-me as esperanças de tê-lo em seguida, ao invés disso perfure-o com uma adaga envenenada, doerá menos.
Sasuke caiu rendido de joelhos aos meus pés, sua testa encostou na barra do meu vestido e eu sentia suas lágrimas molharem minhas canelas.
— Só existem duas formas de se acabar com a maldição — Sasuke ergueu a cabeça ao falar e prendeu seus olhos nos meus. — A primeira você já conhece e a segunda é com a morte.
Meu coração perdeu o ritmo conforme as coisas começaram a ganhar sentido. Agora eu compreendia porque Sasuke estava sofrendo tanto com o pedido de Naruto, ele havia pedido ao amigo para morrer.
— Naruto...
— Sim — Sasuke endireitou o tronco, mas permaneceu ajoelhado —, ele me pediu que quebrasse sua corrente, o único elo que o mantém vivo e unido a mim e a maldição. Concordamos que haveria uma última tentativa antes de enfim libertá-lo, mas ele já havia desistido.
— Eu não poderia imaginar.
Não conseguia olhar para Naruto e pensar nele como alguém pronto para desistir de sua vida, mas quem poderia dizer quais sussurros espreitam o coração de uma pessoa quando ninguém está olhando?
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PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)
FanficTodos do Império de Grifo conhecem o arquiducado Uchiha, o lar do Arquiduque amaldiçoado. Alvo das histórias mais terríveis, ele é conhecido por ser o príncipe assassino que recebeu como castigo uma maldição que nenhuma das suas quatro noivas foram...