PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)

Capítulo 23

 Naquela noite haveria um baile.

Eu não tinha ideia da dimensão do evento que iria ocorrer ao pôr do sol, mas esperava com ansiedade desde que Sasuke havia me contado três semanas atrás. Pensar sobre o baile me levava direto de encontro com as memórias de quando Sasuke me levou para conhecer o salão — noite em que ele planejava me convidar para o baile — e tudo o que aconteceu em seguida. Mesmo que eu tivesse compartilhado a cama com ele muitas vezes desde então, ainda não conseguia evitar corar com a lembrança.

— O que você está olhando? — Ino apareceu ao meu lado de repente, me fazendo pular com o susto.

— A paisagem — respondi tentando desconversar, mas sentindo minha pele ficar mais vermelha instantaneamente.

Ela riu.

— Que bela paisagem — Ino apontou para o grupo de soldados em um dos campos, da minha sacada dava para ver com clareza Sasuke entre eles. — Aposto que ele sabe que está olhando e está fazendo questão de impressioná-la com suas habilidades com a espada.

Como se para concordar com o que ela disse, Sasuke ergueu sua brilhante espada em direção a um dos seus soldados e com um giro elegante desembainhou o seu oponente em um único golpe e casualmente olhou em nossa direção. Não me sobrou mais opção que me afundar mais na poltrona para tentar disfarçar o meu deleite e vergonha, já que Ino parecia não se cansar de rir da sua quase premonição.

— Não seja tola — disse a ela após assistir- lá quase dobrar o próprio corpo, tamanha era a graça que sentia.

— Desculpe, mas é estranho presenciar o "arquiduque amaldiçoado" agir dessa maneira tão boba.

— Eu acho uma graça.

— É claro que acha — Ino sorriu mais um pouco, mas logo assumiu uma expressão determinada em seu belo rosto. — Apesar de eu achar um passatempo muito interessante esse seu, creio que tenha que te interromper, pois outros assuntos lhe aguardam.

Minha expressão confusa pareceu ser indicativa o suficiente para Ino entender que eu não fazia ideia do que ela estava falando, afinal, fazia dias desde que nada era atribuído a mim. No entanto, ela não falou nada e limitou-se apenas a caminhar pelo quarto até a porta, onde abriu espaço para que cinco criadas entrassem no cômodo, todas com as mãos ocupadas de embrulhos e caixas.

— O que é tudo isso? — perguntei, sentindo uma animação crescente em meu peito. Eu já sabia a resposta, mas queria ouvi-la mesmo assim.

— Você não pretende se arrumar sozinha para hoje a noite, não é? — Ino piscou e Tenten apareceu ao seu lado estendendo um grande vestido para que eu pudesse ver.

Ele tinha as cores do arquiduque, verde musgo, dourado e preto. Era o vestido que apenas a princesa mais querida do imperador teria o direito de usar, mas ainda assim estava sendo estendido em minha direção como o mais belo dos presentes. Suas mangas eram caídas, o que deixaria a mostra toda a base dos meus ombros, mas as mangas bufantes de renda escondiam quase que completamente os meus braços, o corpete parecia ser ajustável ao corpo e a linda costura lateral dava destaque às minuciosas rosas douradas bordadas no tecido com um delicado laço na cintura, a saia continha duas camadas grossas de tecido que pareciam flutuar ao menor movimento, a camada superior seguia o mesmo padrão de rosas com suas pétalas descendo livremente até a barra, se perdendo no bordado de tecido preto. Era o vestido mais belo de todos.

— Ele é perfeito — consegui dizer após longos minutos de admiração. — Não sou digna de usá-lo.

Ino me olhou como se fosse me bater.