Capítulo 15

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    Dois dias passaram com tanta velocidade que os eventos se tornaram apenas lembranças caóticas em minha mente. Foram dias atarefados com as demandas da biblioteca ocupando praticamente todas as horas de luz do dia, com os fechamentos dos detalhes e a seleção dos novos empregados para a biblioteca pública e mais para as vagas remanescentes dos recém-condenados. Confesso, que não foram poucas às vezes em que me peguei observando o arquiduque, na verdade, fiz isso tantas vezes que acabei atraindo sua atenção e não em envergonho em dizer que gostei de recebe-la.

    Talvez fosse por isso que a chegada da noite vinha acompanhada de medo e desejo. Eu não sabia o que queria, em momentos gostaria de monopolizar a atenção de Sasuke só para mim, em outras uma necessidade quase primitiva me fazia ter ânsia de me afastar dele tal qual uma ovelha foge do lobo. Sem poder satisfazer ambos desejos, apenas me recolho para meus aposentos e o observo de longe quando posso.

    E outro pensamento que assolou minha mente nesses dois dias foi a memória de nosso encontro no pequeno bosque. Foi intenso e simples como Sasuke contou um pouco sobre si, mesmo que ele parecesse brigar com as palavras que saiam da sua boca, por outro lado, é curioso — e aterrorizante — como desde esse encontro os bramidos dos monstros cessaram completamente. Lendas e mitos sobre as origens das feras voltaram a passear e dominar meus devaneios. O arquiduque me mostrou o quão poderoso ele poderia ser ao criar ilusões perfeitas com apenas um pensamento, agora eu me pergunto:

O que mais ele pode criar?

Meu raciocínio foi quebrado quando leves batidas soaram através da porta do meu quarto. Minha última noite em minha casa antes de voltarmos para o domínio de Uchiha, o Palácio Negro. Meu nervosismo de agora era apenas reflexo da antecipação do que estava por vir, ainda me lembrava das palavras de Naruto e algo em mim gritava com a certeza de que não encontraria o palácio da mesma forma de que quando saímos. 

Me apressei para abrir a porta e me deparei com o belo rosto do meu senhor me esperando pacientemente. Ele estava usando roupas mais confortáveis do que costumava usar  durante o dia. Era estranhamente agradável olhar para ele sem os habituais casacos bem acinturados que marcavam seus ombros largos e fortes, calças feitas sob medida que não escondiam os músculos das pernas. Ele não era dado a usar joias como anéis e abotoaduras, não precisava de tais acessórios para mostrar imponência diante do povoado, bastava uma breve olhada para ele para saber o quão poderoso aquele homem era. E quando ele me encara, como está fazendo agora, eu não deixo de me perguntar como sou vista aos seus olhos. O que ele pensa quando me vê?

— Sakura? — Ele chamou minha atenção e só então eu percebi que aguardava uma resposta minha.

— Perdão? — disse envergonhada pela minha gafe.

Ele sorri.

— Perguntei se gostaria de jantar comigo essa noite.

— O senhor quer que eu prepare o jantar? — perguntei, repassando mentalmente quais ingredientes eu precisaria usar.

— Não, seria muito descortês da minha parte convidá-la a cozinhar. — Ele parecia estar segurando o riso enquanto observava minha expressão confusa. E mesmo que fosse encantador, eu não puder conter a pontada de raiva por ele estar gozando de mim.

Cruzei os braços em frente ao peito e ergui meu queixo o olhando desafiadoramente. Um brilho malicioso atravessou seus olhos quando ele notou a mudança da minha postura.

— Preciso que o senhor seja mais claro com seus desejos, suas palavras vagas significam pouco para mim — falei.

Minhas pernas tremeram quando os olhos de Uchiha se encontraram com o meu. 

PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)Onde histórias criam vida. Descubra agora