Capítulo 25

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 O tempo estava passando dolorosamente devagar e ninguém além de mim, parecia notar isso. Ficar parada enquanto aguardava cavalos serem selados era o equivalente a ter agulhas invisíveis penetrando minha pele por todo o lugar, era impossível saber qual parte estava sendo mais machucada. Ino havia corrido para dentro com alguns servos, somente para ter a certeza de que Drystan não havia se escondido, mas eu sabia que não. Minha mãe o havia visto, ela o havia reconhecido e dito para onde ele tinha partido! E eu não poderia ficar para trás perdendo tempo com buscas inúteis.

Eu iria atrás do meu irmão!

— Diga-me, onde está o cavalo? — perguntei pela milésima vez para o servo que permaneceu ao meu lado.

— Minha senhora, peço desculpas, mas ele ainda não está pronto — respondeu também pela milésima vez.

Respirei fundo audivelmente na tentativa infrutífera de controlar a onda de ódio que enchia o meu peito. Com a calma de um felino, me aproximei lentamente do servo, tomando o cuidado de manter meus olhos pregados nos seus.

— Escute bem, eu sei o que estão fazendo e não pense por um minuto sequer que me conterão aqui! Eu irei atrás do meu irmão nem que eu tenha que atravessar essa floresta com os meus próprios pés! Entendeu?

O jovem tinha os olhos levemente arregalados, não por minhas palavras, mas sim pelo efeito assombroso que minha voz tinha nesse momento.

— Entendi, minha senhora, irei buscar o seu cavalo imediatamente. — Com uma breve mesura, ele saiu correndo em direção a minha carruagem e começou a soltar um dos cavalos.

Passei a mão em minha testa e só então notei o quanto ela tremia, na verdade, a mão era um pequeno reflexo do que acontecia com o resto do corpo. Procurei minha mãe com os olhos e a encontrei sendo amparada por Hinata, que a havia agasalhado com uma manta e conversava com ela em um canto mais afastado da movimentação, se minha mãe era capaz de ouvi-la, não demonstrou nenhum sinal.

— Shikamaru, prepare um para mim também! — Ino apareceu ao meu lado sem que eu notasse, mas o susto foi ignorado quando percebi quais eram suas intenções. — Nem tente me convencer do oposto, Sakura.

Encarei impacientemente enquanto outros dois homens se juntavam ao servo para acelerar na preparação dos cavalos.

— Eu não disse nada.

— Mas iria — Ino falou com confiança, mas percebi como ela tentava disfarçar o nervosismo escondendo os braços atrás do corpo. — Eles são muito rápidos para que duas montadoras inexperientes como nós os alcancemos antes de eles entrarem no território deles. Sem contar que eles já estão longe demais para que as correntes tenham qualquer utilidade, não consigo chamá-los de volta. — Ela mordeu o lábio inferior.

— Senhora, os cavalos estão prontos. — O servo se aproximou trazendo um grande equino de pelagem negra consigo. Se eu caísse de um cavalo desse porte, qualquer coisa quebrada ainda seria sorte.

— Não me diga que não sabe montar? — Ino constatou ao estudar a minha expressão preocupada.

— Se montar em burros teimosos perdidos na estrada contar como experiência, então, sim, eu sei.

Não esperei que mais ninguém ousasse emitir qualquer opinião, apenas me concentrei em aceitar a ajuda de Filipe para subir na sela e quando o fiz, tomei cuidado para me manter nela. A verdade era que eu já havia montado em um cavalo antes, com a ajuda de meu pai, mas essa experiência assim como as memórias foram borradas na tentativa de lidar com a dolorosa e angustiante realidade.

PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)Onde histórias criam vida. Descubra agora