Capítulo 19

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Mesmo que vários minutos tenham se passado após nosso beijo, eu ainda conseguia sentir meus lábios vibrando pelo contato perdido. Meu corpo pedia por mais, de alguma forma que eu ainda não sabia qual, toda minha pele ardia por um contato mais íntimo com Sasuke. E algo na maneira como ele me olhava, deixava claro que ele também sentia o mesmo.

Mas ele não voltou a me beijar ou me acariciar como antes.

— Imagino que Gaara tenha te contado muitas coisas — ele falou me puxando de volta para seu abraço e apoiando o queixo em minha cabeça. Sem que soubesse, ele acabou me puxando de volta a realidade.

— Queria nunca ter entrado nesse quarto — murmurei contra o seu peito, sentindo necessidade de estar o mais próxima possível dele. — Queria ter confiado em você. Eu sinto tanto por isso.

— Não se culpe por isso, a magia trabalha de forma muito intensa. É difícil até para mim ir contra ela. — Sasuke me apertou mais contra si. — Eu sei que é muita informação para um único dia, mas temo que ainda há mais coisas a te contar, ou mostrar — ele completou se afastando um pouco de mim. Sua mão desceu pelo meu braço e seus dedos entrelaçaram nos meus.

Por mais que agora eu estivesse consciente da verdade, que a magia não interferiria mais no meu julgamento, havia uma sombra no meu coração. Um aviso. Eu sabia por puro instinto que uma vez que todos os segredos fossem revelados, eu não poderia continuar ao lado de Sasuke. Então, deixei esse medo absurdo me dominar e parei no lugar. Sasuke me olhou confuso, sem entender o motivo da minha súbita tensão, mas eu estava assustada e percebi horrorizada que talvez ainda não estivesse pronta para confiar.

— Eu estou muito cansada — falei sem ter coragem de olhar em seus olhos. Não queria que ele entendesse mal a dúvida e a desconfiança em meu rosto. Não queria que ele pensasse que não era digno da minha confiança. A verdade é que eu estava apavorada que Sasuke descobrisse que eu não acreditava em mim mesma, na minha capacidade de me manter em pé diante de tudo isso. O quanto eu poderia aguentar sem desmoronar igual a minha mãe? — Podemos terminar essa conversa depois?

— É claro.

Se ele percebeu que todo o meu corpo tremia, não deixou transparecer. Docemente me guiou pelo corredor, mal percebi o caminho que fazíamos, apenas me dei conta que havíamos chegado quando ele me sentou em uma cama e descalçou os meus sapatos. Com sua ajuda me deitei na cama, era maior que a minha, mas não me interessava saber de mais nada quando minha cabeça encostou no travesseiro macio e meus olhos se fecharam.

Eu estava na entrada, de volta ao meu primeiro dia no Palácio Negro. Alguma coisa estava estranha, diferente, mas eu não sabia identificar o que era e também não tive tempo para refletir sobre. No estante seguinte, eu estava na biblioteca, mas não estava sozinha. Eu conseguia sentir isso nos ossos.

Caminhei por entre as fileiras de estantes, procurando e procurando por alguém. Andei pelo que pareceram ser horas, no entanto, eu nunca alcançava o final da biblioteca pessoal do arquiduque.

Ela sempre foi tão grande assim? Creio que não...

Um lamurio chamou minha atenção. Uma voz conhecida, mas não íntima. Um homem. Naruto.

Ele estava encostado na parede do lado oposto de onde eu estava parada o encarando. Estava longe, mas ainda assim eu conseguia enxerga-lo com facilidade. Segui com passos apressados em sua direção, finalmente encontrando a pessoa que procurava. Naruto não olhou para mim em nenhum momento, apenas deixou seu corpo escorregar pela parede até estar sentado no chão com as pernas largadas no piso gelado. Parei no meio do caminho para olhá-lo melhor, ele parecia exausto, exaurido, não lembrava em nada o homem elegante de sorriso fácil que cuidava dos cavalos durante a tarde.

PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)Onde histórias criam vida. Descubra agora