PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)

Capítulo 28

Os próximos dias passaram com a velocidade de uma cantiga de ninar. Todos pareciam estar extremamente ocupados com alguma tarefa, sempre andando de um lado a outro do palácio, levando e trazendo coisas que eu não saberia dizer o que eram. Em contrapartida, minha relação com minha família e Ino voltou ao que era no início. Passeios durantes a manhãs, piqueniques divertidos durante o almoço, treinos de montaria — apesar de me considerar razoável o suficiente para me manter sentada na sela, Ino aconselhou-me a aprimorar na montaria —, e qualquer outra atividade que fosse aprazível para todos. Outra coisa que havia se tornado positiva, era que minha mãe e Gaara nos acompanhavam durante parte do dia.

Gaara me garantiu diversas vezes que apesar de o progresso de minha mãe ser lento, era contínuo. E eu podia ver a verdade em suas palavras pouco a pouco ao decorrer dos dias. Em uma ocasião, flagrei minha mãe olhando atentamente para Drystan, desde a sua última crise quando falou o nome dele pela primeira vez, ela parecia reconhecê-lo ocasionalmente, e até o olhava com curiosidade. Demonstrava interesse em algumas coisas, havia ganhado peso e estava comendo com vontade, tomava banho diariamente e deixava Hanna pentear os seus cabelos. Porém, o acontecimento que mais alegrou o meu coração ocorreu ontem. Estávamos todos na área de treinamento, Drystan havia demonstrado interesse em treinar com Naruto e Sasuke e nós, Ino, minha mãe e eu estávamos sentadas na sombra os observando. Em dado momento, Naruto começou a ensinar ao meu irmão a dar uma estrelinha, orientando-o a colocar as mãos no chão e impulsionar os pés, no entanto, em algum momento da lição, outros soldados se uniram a eles para demonstrar outras formas — mais extravagantes — de se fazer uma estrelinha, o que acabou em vários homens treinados de grande porte — incluindo Sasuke — em uma competição infantil que levou duas horas. Em meio a animação, olhei para a minha mãe e a vi sorrindo com os olhos voltados em direção aos homens. Era um sorriso genuíno de quem estava se divertindo. Passei o resto do dia lembrando do seu rosto.

— Posso saber o motivo do sorriso? — Senti o corpo de Sasuke se mexer ao meu lado na cama, sua mão repousava em minha cintura, enquanto seu nariz tocava minha nuca.

— Como sabe que estou sorrindo? — questionei me virando para olhá-lo no rosto. A expressão tipicamente sonolenta de quem havia acabado de acordar dominava sua face, os cílios negros e grossos piscavam lentamente enquanto me encaravam com fascinação.

Senti minhas bochechas queimarem.

— Passei longos dias a observando, aprendendo cada pequeno gesto seu. Quando sorri, você ergue seus ombros, só um pouquinho, como se quisesse prender o sentimento dentro de si. Quando está curiosa ou pensando em algo, suas sobrancelhas ficam levantadas e seus olhos maiores, às vezes coloca a ponta da língua entre os dentes, isso acontece também quando está preocupada. Se está lendo um livro de romance, dobra os joelhos próximo ao peito e o abraça com uma das mãos, se é uma aventura, deita com a barriga para baixo e apoia o livro nos antebraços, se está estudando, senta em uma cadeira com a postura ereta, com um mão na têmpora e outra no livro. — Eu o olhava boquiaberto, completamente surpresa com a quantidade de observações que ele havia feito. Ao contrário de mim, ele permanecia sereno, concentrado em acariciar o meu braço. — Quando está sonhando, você sempre coloca as duas mãos espalmadas uma na outra embaixo do seu rosto e um pequeno bico se forma na sua boca. Sempre que pensa na sua mãe ou irmão, assume uma postura protetora em relação a eles. — Ele ergueu o tronco de modo a ficar com o rosto acima do meu e me encarou profundamente. — Todas as vezes em que voltava da cidade sem conseguir trabalho, ficava em frente a porta por alguns minutos antes de entrar, com uma expressão culpada no rosto, mas sempre sorria lindamente para o seu irmão assim que o via.

— Sasuke...

— Eu já sabia que a amava desde o momento em que desceu daquela carruagem determinada a exigir os direitos de sua dama. — Ele sorriu com a lembrança. — Mesmo que estivesse apavorada, você nunca desistiu da verdade. E eu a amo por cada uma dessas coisas, por cada detalhe e momento, por ser você.