Sasuke estava em frente a porta do meu quarto, ele não havia emitido qualquer ruído ou sequer avisado sobre suas intenções de aparecer, mas eu sabia que ele estava ali me esperando. Meu irmão dormia tranquilamente ao meu lado depois de um dia de brincadeiras e risadas, a esse ponto da convivência, Ino estava dando aulas a ele durante as manhãs e o liberava suas tardes para recreação. O resultado era uma criança feliz e cansada que dormia profundamente logo quando encostava a cabeça no travesseiro. Com a certeza de que ele não acordaria na minha ausência, me levantei da cama e fui em direção a porta, onde o meu arquiduque aguardava.
— Boa noite, minha dama — ele me cumprimentou assim que nossos olhos se encontraram. Ele minuciosamente analisou minhas roupas de dormir e deu um breve sorriso quando eu reprimi um bocejo. — Eu a acordei?
— Sim — Sasuke piscou surpreso com a sinceridade em minhas palavras, ele quase parecia não saber o que dizer, mas havia algo de interessante na noite, quando se está sozinha ela é capaz de causar os maiores e mais indescritíveis temores, mas quando estamos acompanhados, ela pode despertar as mais diversas ousadias —, como planeja me compensar por isso?
Não havia como ele ficar mais estupefato do que já estava, mas havia um brilho de divertimento em seus olhos, do tipo que só víamos em garotos que estavam prontos para cometer loucuras. Gradualmente um sorriso travesso tomou os seus lábios e eu não pude conter os meus olhos de seguirem o movimento e minha língua de umedecer a minha boca. Sasuke seguiu-me com os olhos famintos e pareceu estar unindo forças para se conter, mesmo que eu internamente estivesse torcendo para que ele perdesse essa batalha.
— Eu prometo que farei o meu melhor para ressarcir as horas de sono perdidas da minha doce dama. — Ele sorriu como um felino sorriria se pudesse.
Sasuke entrelaçou sua mão na minha, seu toque era quente e sua era mão áspera, provavelmente decorrente de treinamentos com espadas, diferente da minha que apesar de também estar cheia de calos e com a pele ressecada, as imperfeições eram causadas pelo uso de esfregões e pelo serviço como empregada, não poderia existir abismo social maior que o nosso. Mas olhando nossas peles em contato, com sua mão se sobrepondo à minha, parecia tão certo elas estarem juntas dessa forma. Eu me sentia segura de uma forma que não me sentia a anos e ansiosa para preservar esse contato, para que ele jamais fosse quebrado.
Ainda unidos, o arquiduque guiou-me pela escadaria em espiral e logo após por um grupo de portas que eu nem sabia existirem, estava evidente o quanto a magia havia escondido de mim, mas era sempre uma surpresa descobrir novos lugares quando se está a tanto tempo debaixo desse teto. Sasuke por fim parou diante de um glorioso conjunto de portas, que ao serem abertas, revelaram um majestoso salão oval, equipado de candelabros de ouro, pisos tão lustrados que eu tinha certeza que se o ambiente estivesse mais iluminado eu seria capaz de enxergar o meu reflexo. As poucas velas acesas não faziam jus a beleza do lugar, mas ainda assim eu estava deslumbrada e curiosa com o propósito de Sasuke em me mostrar esse lugar.
— É simplesmente esplendoroso!
— Fico feliz que seja do seu agrado. — Sasuke sorriu docemente, mas havia uma pontada de tristeza em seus olhos que ele parecia se esforçar para esconder.
— O que houve? — Levantei minha mão e passei o meu polegar pelo formato de suas sobrancelhas excessivamente negras, ele nada falou, apenas se aproximou para que eu pudesse continuar com a carícia.
— Dança comigo? — Sasuke pediu com a voz transbordando de súplica.
— Não sei dançar.
— Não sabe? Lembro-me de ter dançado com você antes...
— Naquela ocasião era diferente — Mordi meus lábios, nervosa. Tantas coisas haviam acontecido desde então que aquela noite na taverna parecia distante.
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PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)
FanfictionTodos do Império de Grifo conhecem o arquiducado Uchiha, o lar do Arquiduque amaldiçoado. Alvo das histórias mais terríveis, ele é conhecido por ser o príncipe assassino que recebeu como castigo uma maldição que nenhuma das suas quatro noivas foram...