PERSONA (VERSÃO SASUSAKU)

Capítulo 26

Meus passos eram irregulares e a barra do meu vestido dificultava o meu progresso. Sasuke segurava a minha mão e indicava qual o melhor ponto para eu apoiar os meus pés. Ino seguia um pouco mais atrás, compartilhando das mesmas dificuldades, com Naruto lhe ajudando. Soldados andavam à nossa frente e lateral, cobrindo nossos pontos cegos. A colina era mais íngreme do que aparentava, mas não demorou mais que a metade de uma hora para alcançarmos o seu topo.

A vista foi surpreendente.

Se a floresta abaixo de nós era sombria, o ponto que nos encontrávamos agora era a própria visão do reino da morte. Nada tinha cor, nada estava vivo. As árvores estavam secas e ocas, seus galhos pareciam se manter no lugar em um estado de petrificação. O pior da magia estava aqui.

— Senhor! — Um soldado chamou nossa atenção para a sua posição. Sua expressão estava tensa e conforme caminhávamos em sua direção, era nítido que o sentimento era compartilhado pelas demais pessoas presentes. — Encontrei rastros do jovem mestre.

A sensação era perturbadora. Um sentimento seco de medo e ansiedade se aflorava na boca do meu estômago, a respiração estava presa na minha garganta, e nada além da presença de meu irmão poderia aliviar tal angústia.

O soldado apontava para um conjunto de pegadas na terra seca e fedida. Pequenos pés seguiam em direção a entrada da floresta, onde sumiram em meio ao breu. Quase que automaticamente comecei a me mover em direção ao seu rastro. Dessa vez ninguém tentou me impedir, inconscientemente percebi as orientações de Sasuke, para que a formação inicial se mantivesse. Os soldados estavam prontos para atacar e proteger.

— Ele não deve ter ido muito longe — sussurrei uma súplica.

Sasuke apertou minha mão de leve.

Caminhamos por um longo trecho rodeados das árvores mortas, antes de nos depararmos com uma área desmatada. Alguns troncos velhos e grossos jaziam no chão, desamparados pela própria natureza. O espaço era opaco e cheirava a carne morta podre. Aquele era o lar das bestas.

— Veja — Ino apontou em direção a um ponto distante, uma pequena sombra apoiada em uma árvore caída, bem no meio de toda aquela área morta. — Drystan!

Meu irmãozinho estava encolhido ali, apenas uma sombra tremulante em meio a todo aquele ambiente mórbido. Como Ino conseguiu identificá-lo naquela distância, eu não sabia, mas ele estava lá e isso era tudo o que importava.

Mas ninguém se mexeu. Todos ficamos completamente paralisados no lugar quando vimos um vulto branco despontando em direção a posição do meu irmão. Ele estava vindo à esquerda do meu irmão, que permanecia no lugar como uma sombra pequena e vulnerável. Eu queria mexer os meus pés, mas sentia uma pressão gigantesca, apertando a minha garganta. O colar de aço havia voltado para o meu pescoço. Agora eu pude sentir a pressão da magia adentrando cada parte do meu corpo, tomando posse de todo o meu ser, me amarrando a ela. Sasuke pareceu sentir e com os olhos cheios de dor encarou os grilhões que me prendiam aos seus pulsos.

A partir daí tudo aconteceu rapidamente. Sem que Sasuke emitisse qualquer ordem verbal, os soldados começaram a correr em direção a besta que tinha seus olhos fixos em meu irmão. Meus olhos brigavam tentando acompanhar tudo o que acontecia naquele instante, mas minha atenção sempre se voltava para a fera branca. Ela estava incontrolável, desejosa de sangue e carne fresca, a maldição do seu corpo era pulsante, eu a sentia mesmo a longa distância. Quando os soldados se interpuseram em seu caminho, outras haviam se reunido no horizonte, sentindo o cheiro de presas fáceis.

— Vamos pegar o seu irmão. — Sasuke pegou na minha mão enquanto Naruto se posicionava ao lado de Ino. Quando todos nós estávamos correndo, eu só conseguia olhar para o ponto onde o meu irmão estava.