1. A Primeira Queda.

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Perdendo a infância.
Thomaz Rizzi, 11 anos. 

Fui arrastado por homens mais altos e fortes do que eu; isso não era uma surpresa, eu era um garoto de onze anos sem força alguma. Meu pai sempre dizia que meu treinamento era péssimo, que eu me arrependeria por não saber me defender. Naquele momento, eu acreditei. 

Um soco atingiu meu rosto e eu choraminguei com a dor desastrosa. 

— Por favor… 

Por favor, eu sou só um garoto.

Com os dias percebi que implorar só me renderia mais dor. A cada vez que eu pedia por favor, era ainda mais espancado. 

Aquela foi minha primeira lição: nunca peça por favor. 

— Estou com sede. — Eu disse baixinho. Não sabia quando tempo havia passado, mas eu estava morrendo de sede e não era um eufemismo. Ninguém havia me dado água desde que aquela tortura havia começado. A única coisa que me mantinha de pé era a esperança; meu pai me salvaria. 

O homem parado no canto da cela caminhou até o balde próximo a mim, o balde que os homens haviam usado para lavar suas mãos e tirou de dentro dele uma esponja encharcada. Meu estômago se revirou quando ele colocou quando ele colocou a esponja suja frente aos meus lábios. 

— Se não beber, vai morrer de sede. — Ele avisou. O que mais me impressionava era ele ser americano, não russo. Ele não tinha sotaque, um provável traidor que estava me usando para atingir meu pai. 

Eu engoli a bile, engoli o nojo ferrenho e pressionei meus lábios na esponja, sugando a água suja. Eu engasguei e tossi, sentindo tanto nojo que quis vomitar. 

— Pense positivo, pelo menos é água. Daqui a pouco você vai ter que beber sua própria urina. — Ele disse com um sorriso malicioso. 

— Quem é você? — Minha voz soou rouca e crua. 

Ele saiu sem dizer uma palavra.

Eu deixei as lágrimas caírem quando fiquei sozinho. Meus braços amarrados no teto tremiam para sustentar meu peso, já que meus pés não alcançavam o chão. A dor era insuportável. Nenhum soco ou chute foi pior do que a dor dos meus membros sendo esticados nas cordas dolorosas. Eu achei engraçado que quase nunca sentia coceira no nariz, mas apenas porque minhas mãos estavam atadas meu nariz parecia prestes a cair de tanto coçar. 

Acho que adormeci mesmo em meio a dor porque algum tempo depois acordei com um soco no estômago. Os ossos dos meus braços estalaram quando eu sacodi impotente contra as cordas. Outro soco veio, dessa vez, no rosto. O captor da vez era um homem alto de cabelos escuros e olhos verdes, um sorriso cruel nos lábios enquanto me encarava com escárnio. 

— Quem é você? — Minha voz sequer parecia minha. 

— Você não quer saber. 

Outra risada, outro soco, outra onda de dor. Eu gritei e me debati contra as cordas, agitando minhas pernas para tentar me soltar, mas foi em vão. Eu estava preso. Firmemente preso. 

— Acho que já deu. — Uma voz distante disse parecendo preocupada, mas eu já havia caído na inconsciência. 

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Dias haviam se passado, eu tinha certeza. Muitos dias. Minha garganta estava ardendo e doendo de tanto gritar; eu não tinha certeza de quantos dias, mas tinha certeza de que estava ali há tempo suficiente para terem sentido minha falta. 

A clareza da situação se instaurou no meu peito; ninguém viria ao meu auxílio. 

Outra rodada de surra veio e se foi; daquela vez eu vomitei sangue. Meus captores não gostaram disso e me fizeram beber vinagre; minha garganta agora estava em carne viva, doendo tanto que parecia que era sido cortada de dentro para fora. 

A Queda Do Rei: Segunda Geração - Livro 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora