2. Você Está Morto!

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O livro já está terminado, então só depende de vocês...

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Eu pulei da cama desesperado. Além de não comer nada durante o dia, fui chamado para uma orientação na hora do jantar. Eu podia passar dias sem dormir, mas sem comer? Não. Com o estômago roncando, eu segui atrás de Nicolas pelo corredor e desci as escadas. Vez ou outra ele parava para cumprimentar alguém e acabava me apresentando. Pelo que notei, Nicolas era um cara simpático, tranquilo e amigo de muitos. A porta pela qual entrei continuou trancada, mas saímos por outra igualmente grande, do outro lado do pátio térreo. O refeitório parecia vindo de um colégio com suas mesas e bancos, mas a semelhança com uma escola parava por ali. Os bancos e as mesas eram de metal frio e cinza, o balcão onde a comida era entregue tinha um homem de touca e máscara que entregava bandejas e por Deus do céu, minha fome passou ao ver o que estava nas bandejas pré-prontas. Nicolas me levou para a fila e conversou com outros detentos enquanto eu observava os arredores. Não haviam janelas, nem portas exceto a qual usei para entrar ali. Provavelmente tinha alguma saída atrás da janela onde era entregue a comida, mas eu teria que atravessa-la. Quase ri quando me perguntei o porque de estar planejando uma fuga quando eu tinha me colocado ali por querer. T-Dog e outros quatro detentos entraram no refeitório e foram direto até o começo da fila, entrando na frente de todo mundo. Ninguém reclamou. Nicolas segurou meu braço com força e quando eu o olhei, ele apenas balançou a cabeça em negativa. Talvez ele tivesse visto que eu estava prestes a começar a protestar. Engolindo minha raiva, continuei na fila até minha vez chegar. O homem de máscara me entregou minha bandeja com quatro repartições. Na maior repartição, havia um mingau insosso, branco e empelotado. Ao seu lado, uma porção de biscoitos que poderiam muito bem estar mofados, um copo minúsculo de café preto e uma fatia de pão. A única coisa minimamente atraente seria o copinho de gelatina, mas eu odiava gelatina e eu podia sentir o cheiro de abacaxi, coisa que tinha alergia. Um suspiro saiu dos meus lábios antes que eu pudesse reprimi-lo. 

— Vem, vamos sentar ali. — Nicolas disse indicando uma mesa com outros dois detentos. Eu o segui mesmo a contragosto, me sentando ao lado dele, de frente para um senhor que provavelmente tinha idade para ser meu avô, com sua barba branca, cabelos grisalhos e olhos cansados. Ao lado dele estava um adolescente; não, ele não poderia ser um adolescente já que estava ali. Com certeza maior de idade, mas ainda assim parecia um moleque. — Esse é Thomaz.

— Luke. — O garoto disse estendendo a mão animadamente. Eu apertei por educação. 

— Tom. — O idoso disse inclinando a cabeça. 

— Coma, Thomaz. — Nicolas disse conforme eu apenas encarei meu prato. — Não vai melhorar e se você devolver o prato cheio, amanhã eles não te dão comida. 

Eu assenti e segurei a colher fazendo uma careta de desgosto ao pegar do mingau e levá-lo até a boca. Não pude dizer que era horrível porque a massaroca não tinha gosto de absolutamente nada, era sem sal, sem doce, sem textura, sem qualquer coisa. Comi o mingau insosso porque precisava de forças e passar fome com certeza não me ajudaria. 

— Você chegou ontem? — Luke perguntou tentando puxar conversa. Assenti. — Hum… O que você fez? 

— Estelionato e tráfico de drogas. — Respondi porque percebi que aquela pergunta na cadeia era como perguntar em qual série você estava na escola; sempre aconteceria em qualquer conversa. — Quantos anos você tem, afinal? 

— Dezoito. — Luke respondeu encolhendo os ombros. 

— Porra. — Meu coração gelou. A mesma idade do meu filho; filho que estava naquele momento administrando minha vida criminosa, que poderia estar preso junto comigo se a vida fosse mais fodida. — E o que você fez? 

A Queda Do Rei: Segunda Geração - Livro 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora