4. Irmão.

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Oh irmão, vamos mais profundo do que a tinta
das tatuagens sob nossa pele
Embora não compartilhemos o mesmo sangue
Você é meu irmão e eu te amo, essa é a verdade

Estamos vivendo vidas diferentes
Só Deus sabe se voltaremos a ser como antes
Com todos os nossos dedos
5 anos, 20 anos, de volta
Será sempre do mesmo jeito

Se eu estivesse morrendo de joelhos
Você seria aquele que me salvaria
E se você estivesse afogado no mar
Eu te daria meus pulmões para que você pudesse respirar.

Eu estou com você, irmão
Eu estou com você, irmão.

Brother, Kodaline.


O clima na penitenciária de New York era muito mais leve sem a presença de T-Dog. Os seus cachorros de estimação ficavam muito mais simpáticos e os outros presidiários mais conversativos. Ao sair para o banho de sol, eu tirei meu casaco, mesmo sentindo frio, disposto a tomar um pouco de vitamina D. Sentei em uma das mesas, com os pés no banco, e me inclinei para trás, apoiando as mãos na madeira atrás de mim. Olhei para o céu, deixando o sol ameno aquecer meu rosto. Nicolas sentou no banco, cruzando as pernas ao ler um livro. 

— E aí. — Luke cumprimentou se aproximando de nós com pressa. — Ouvi um dos guardas comentar que o sistema de aquecimento quebrou e que hoje é a noite mais fria do ano. 

— E aí? — Perguntei depois de olhar a expressão preocupada de Nicolas. — O que isso quer dizer? 

— Quer dizer que vamos congelar. — Nicolas murmurou meio irritado, meio preocupado. — Porra, vai se foder. 

— Como assim, congelar? — Perguntei alarmado pela expressão de pânico de Nicolas e Luke. 

— Quando os aquecedores estragam, eles demoram dois ou três dias para consertarem. Se hoje é a noite mais fria do ano, nós vamos ter apenas nossas cobertas finas para nos aquecer. — Luke explicou cabisbaixo. — Estamos fodidos, porra! 

— Vocês estão me dizendo que eu vou passar frio? — Perguntei por fim. Ser queimado, baleado, esfaqueado e surrado, tudo bem, agora passar frio? Não, frio não. 

— Se acostume, ricasso. — Um homem parado ao meu lado disse; ele era bem mais velho que eu, quase tão velho quanto Tom, e seus cabelos cinzas iam até o queixo. Pelo visto ele não gostava do corte da prisão. — As vezes eu acho que quando vai fazer frio, os guardas quebram os aquecedores de maldade. Afinal, acontece todo ano, sempre nos dias mais frios do inverno. 

— Porra. — Nicolas balançou a cabeça exasperado. — Não acredito nessa merda. 

Os homens continuaram discutindo sobre o frio que se aproximava e eu continuei em silêncio, meio sem acreditar. Mesmo quando o céu se fechou e um vento frio cortou meus ossos, eu ainda não acreditava que passaria por uma noite de inverno rígido sem aquecedor. Interrompi a conversa somente quanto um dos homens de T-Dog, um latino que conversava muito com Nicolas, disse que estava morrendo de fome e eu ofereci batatas a ele. Nicolas me lançou um olhar esperto quando o homem sorriu e aceitou. 

Quem diria que eu começaria uma revolução através de batatas industrializadas. 

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No final da tarde quando fui levado para receber visitas, a neve já começava a cair, pude ver através de algumas janelas. O cheiro de querosene tomou minhas narinas quando emergi em um pátio cheio de mesas e cadeiras; aquele lugar era horrível, completamente o oposto de Nico Parisi que estava vestindo um longo sobretudo preto como a noite, sem nenhum amassado. Eu quase ri ao pensar no quanto um assassino, ladrão e traficante parecia deslocado dentro de um presídio.

A Queda Do Rei: Segunda Geração - Livro 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora