A Queda Do Rei: Segunda Geração - Livro 3.

10. A Décima Queda.

Thomaz Rizzi, 46 anos.

Yeah, you could say you miss all that we had
But I don't really care how bad it hurts
When you broke me first
You broke me first.

A mansão estava cheia de gente. Os Parisi e os Rizzi se reunindo para o aniversário dos meus gêmeos, rindo e brincando, alheios ao sentimento de ódio dentro de mim. Um ano depois eu não conseguia olhar para Nico com os mesmos olhos. 

Naquela noite, encontrei Alessia na parte mais afastada dos jardins, sentada na mureta que separava a grama do campo de golfe. Ela fumava um cigarro, os cabelos escuros caindo sobre os ombros e o vestido fino de verão. Quando parei perto dela, ela deu um último trago e jogou o cigarro fora. 

— Você tem alergia. — Ela disse dando de ombros quando me viu confuso por vê-la jogar o cigarro pela metade fora. 

— Como você sabe disso? — Perguntei me sentando ao lado dela com um impulso fraco. A mureta era alta o suficiente para tirar os pés dela do chão, mas os meus continuaram firmes na grama. 

— Você espirra toda vez que Carina fuma. — Ela disse com um sorriso esperto. — Não consegue dormir também? 

— Não, fico pensando em coisas que não queria. — Revelei sem intenção alguma de esconder o que estava sentindo. — Você? 

— Eu acho que Nico está me traindo. — Alessia confessou com um suspiro duro. — Bom, eu não tenho nenhuma prova. Minha analista diz que crio coisas na minha cabeça e… Bom, você não quer ouvir isso. 

— Não seria a primeira vez, não é? — Perguntei com um sorriso. Mesmo na luz quase inexistente do local eu pude ver o rosto de Alessia ficar pálido. — Bom, não que tenha sido uma traição. Você estava junto, não? 

— Você… Sabe? — Ela perguntou baixinho. 

— Sabe, Alessia… Um homem que fode a própria cunhada não parece muito confiável. Mesmo com você presente, você não acha que ele desejou isso antes? — Perguntei mantendo o sorriso simpático, falsamente agradável. Alessia estremeceu. Ela era forte a sua maneira, gentil e alegre, mas tinha um grande problema com ciúmes. Eu tinha certeza de que eles estavam drogados e bêbados, sem noção nenhuma, apenas pelo fato de que Alessia jamais deixaria Nico transar com outra mulher sem mata-lo. Principalmente em sua frente. — Bom, eu gostaria de ter participado. 

— Como assim…? — A voz dela soou insegura. Eu me virei na mureta até me sentar de frente para ela. Com muita elegância, ela fez o mesmo, cruzando as pernas longas e colocando as mãos sobre o colo. 

— O que? Que homem não gostaria de transar com você? — Eu estava jogando alto, muito alto. Apostando todas as minhas fichas em algo que poderia explodir sobre mim, mas eu era o jogador com mais fichas e eles os que tinham mais a perder. Um feixe da luz da lua penetrou a copa das árvores, iluminando o rosto de Alessia. Ela estava vermelha. Bom. Ela gostava da atenção, talvez até se excitasse com isso, mas amava o marido. O que a faria cair em tentação seria o fato do marido já ter o feito. — Lembro que naquela época vocês brigaram feio. Muito feio. Passaram meses dormindo em quartos separados, mal se falando, era nítido a tensão entre vocês. Sabe minha teoria para isso, Alessia? 

Ela balançou a cabeça em negativa, os olhos azuis assustados e curiosos. 

— Que Nico deu mais atenção a ela. É claro que daria. Há quanto tempo vocês estão juntos? Dezessete anos? Dezoito? Muito tempo com a mesma mulher. Talvez ele não estivesse tão bêbado quanto parecia, talvez ele só tivesse aproveitado a oportunidade para fazer algo que sempre quis fazer. Como foi? Ele sequer chegou a tocar você ou apenas se divertiu com Carina? — Mantive minha voz suave e macia, dando a entender que eu só queria dar minha opinião sem nada em troca.