7. A Sétima Queda.

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Thomaz Rizzi, 32 anos. 

Caí outra vez quando percebi que sua dor era como uma faca em meu coração morto.

Quando aquelas discussões começavam, meu humor oscilava entre fúria total e uma vontade quase irresistível de atirar contra minha cabeça. Carina continuou marchando pela biblioteca, irritada e fodidamente furiosa comigo porque havia me ouvido comentar com Samael que eu iria começar o treinamento de Devon quando ele completasse seus seis anos. Ainda faltavam cinco e ela já estava prestes a cometer um crime de ódio. 

— Seis anos?! — Ela repetiu com o rosto vermelho como seu vestido justo que abraçava todas suas curvas, apertando seus seios e destacando suas pernas. Eu gostaria de estar arrancando seu vestido naquele momento e não discutindo por algo que faltava tanto tempo para acontecer. — Ele é uma criança agora e será uma criança daqui há cinco anos! 

— Pensei que você soubesse que Devon seria o próximo Capo, desculpe não ter lhe contado, achei que era óbvio. — Ironizei tentando manter minha raiva escondida. Eu não tinha mais paciência como antigamente; já estava puto apenas por tê-la contestando minha autoridade. 

— O próximo Capo, sim! Mas não quando criança! — Carina gritou dando um tapa de mão aberta na mesa de estudos da biblioteca. — Você está ficando louco? O que um bebê de seis anos poderia fazer?! 

— Quanto mais cedo eu explicar a ele como será sua vida, mais cedo ele irá aprender a lidar com isso e aceitar. — A calma em minha voz me surpreendeu. Eu estava prestes a começar a gritar como ela. — Ele vai aprender o básico até ter coordenação motora para segurar uma arma. Eu não sou louco o suficiente para armar uma criança. 

— Não. — Ela disse incisiva, se voltando para mim com os olhos verdes repletos de determinação. — Aos dez você pode fazer isso. Devon terá uma infância como a de todas as crianças normais. É minha decisão final. 

— Desculpe, Carina, mas… Em que momento eu dei a entender que isso estava sob discussão? Em que momento você começou a achar que pode me impedir de qualquer coisa? 

— Ele é o meu filho! — Ela gritou com os olhos de esmeralda arregalados. Eu me forcei a não reagir, a continuar parado e estático no mesmo lugar. 

— Ele é o próximo Capo da Cosa Nostra. — Dei de ombros. — Não importa o quanto você queira tornar ele um bebê pelo resto da vida, ele nasceu para ser Capo. Lide com isso. 

— E então o que? — Ela perguntou com olhos vítreos de raiva fixos em mim, as pupilas dilatadas ao máximo. — Você vai torturar a porra do nosso filho como Salvatore fez com você? 

Eu cruzei os braços frente ao peito com força para não ter qualquer chance de usar minhas mãos contra ela. Aquilo havia sido golpe baixo e ela sabia bem. Era por isso que eu não contava nenhuma das minhas fraquezas a ninguém; elas sempre poderiam ser usadas em momentos de raiva como aquele. 

— Sim, Carina. Eu vou amarrar meu filho no teto, deixá-lo segurar o peso do corpo apenas com a força dos braços por trinta dias, fazê-lo passar fome e ao invés de dar a ele água, darei vinagre. Também irei surrar ele até que ele vomite sangue e humilha-lo como se ele não fosse uma criança. — Eu abri um sorriso rígido e irônico quando ela deu um passo para trás. — Igual meu pai fez comigo. 

As lágrimas verteram de seus olhos, caindo sobre suas bochechas; seu rosto era um misto de raiva e culpa. Ela ainda estava com raiva de mim, mas não podia ignorar que tinha me magoado. Aquele era o esquema entre nós. Ele me atacava e eu a fazia se sentir culpada ou vice e versa. 

A Queda Do Rei: Segunda Geração - Livro 3.Onde histórias criam vida. Descubra agora